Busca

Pressione "Enter"

Cobertura completa Sites de cinema Grupos de discussão Colunistas Os melhores filmes Notas dos filmes Todos os filmes Roteiro de cinema O que está passando no Brasil

Duets - Vem Cantar Comigo
De
Bruce Paltrow




 

RAPIDINHO
Um pequeno filme musical contemporâneo, ambientado no mundo do karaokê norte-americano - onde, é claro, a brincadeira já virou competição -, com personagens desajustados, perdedores, ou simplesmente solitários. Parece ser uma boa idéia. A idéia parece melhor ainda (e muito mais comercial) se Gwyneth Paltrow tem um dos papéis principais e é dirigida pelo próprio pai. Ficaríamos com uma boa dose de diversão (com o carisma e o talento de uma estrela de primeira grandeza), algumas pitadas de emoção (temperadas por músicas bem conhecidas) e, quem sabe, de sobremesa, algum esboço de reflexão sociológica. O bom cinema também é feito de filmes despretensiosos. Vem cantar comigo, contudo, vê soterradas todas as suas possibilidades de entretenimento e dramaticidade, ao basear-se num dos piores roteiros dos últimos tempos.

AGORA COM MAIS CALMA
Todo espectador carrega certa dose de expectativa quando o filme começa. As minhas, antes de Vem cantar comigo, eram mínimas. Mas o filme, mesmo assim, conseguiu fraudá-las rapidamente. Huey Lewis parecia ser uma boa escolha para encarnar um cantor de karaokê "profissional" que ganha dinheiro enganando otários de pequenas cidades norte-americanas. Mas o que adianta ter a idade certa e a voz certa, além de uma razoável relação com a câmara, se o seu personagem, além de mal explicado, é muito sem graça? Pior ainda está Gwyneth Paltrow, que tenta construir uma pobre menina abandonada pelo pai. Ela consegue ser nem inocente, nem sensual. Quando quer ser inocente, parece experiente demais. Quando quer ser sensual, parece ter medo de mostrar tudo o que sabe para a câmara (atrás da câmara, é claro, está seu pai na vida real).

Os outros personagens são igualmente rasos e sonolentos. O motorista de táxi enganado pela esposa, a cantora prostituta, o empresário que resolve mudar de vida, o presidiário negro, todos eles "passam" pelo filme, suas imagens e suas vozes estão ali, mas nada do que eles fazem ou deixam de fazer parece ser muito importante. Vem cantar comigo, que poderia tentar ser, pelo menos, um Nashville diluído e sentimentalóide, não consegue ser nem um bom episódio dessas séries americanas de televisão, tipo Friends, porque os diálogos são amadores demais.

Fora um ou dois momentos musicais, Vem cantar comigo é frio como um bloco de gelo, porque, se não dá pra acreditar nem um pouco nos personagens, fica penoso acompanhar o enredo e impossível se emocionar com ele. Bruce Paltrow tinha boas intenções e uma filha linda e famosa. Pena que não contratou um roteirista capaz de transformar as boas intenções em algo filmável e um diretor capaz de fazer de sua filha linda e famosa uma autêntica mulher das telas, em vez de um display de papelão colocado na entrada do cinema, que anuncia um mundo de música e sensualidade, mas serve de chamariz para um filme tolo e dispensável, que nem precisaria ter chegado ao mercado brasileiro. Era mais negócio relançar Bete Balanço e deliciar-se com Deborah Bloch com vinte anos de idade.

Duets - Vem Dançar Comigo (EUA, 2000). De Bruce Paltrow


Dê sua opinião ou cale-se para sempre


Carlos Gerbase
é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A Gente Ainda Nem Começou e Fausto). Em 2000, lançou seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.

Índice de colunas.




Copyright © 1996-2001 Terra Networks, S.A. Todos os direitos reservados. All rights reserved.