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AGORA COM MAIS CALMA O culpado, como sempre é o mordomo, quer dizer... é o roteiro. E o erro fundamental é a opção em manter a primeira pessoa explícita do livro, repetitiva. John Cusack está sempre no mesmo tom "cool", olhando para a câmara como se o espectador fosse seu amigo e confessor. Funciona na literatura, funcionou bem na peça. No filme, cansa. Se os roteiristas fossem mais ousados e acabassem com a imensa auto-confiança do personagem central (por mais que ele se deprecie, é óbvio que se acha genial), se narrassem a história com um ponto-de-vista menos engraçadinho e mais existencial, tenho certeza que Alta fidelidade seria um filme bem melhor. Tenho a impressão que o crédito dado a John Cusack como roteirista explica um pouco essa frieza do filme. Tudo está concentrado demais em Rob, o personagem de Cusak: ele é o protagonista, o narrador e o anti-herói. Apesar do seu grande talento e de seu razoável tempo na tela, Iben Hjejle (que faz a Laura) não consegue ter vida própria, enquanto as outras mulheres da lista, inclusive Catherine Zeta-Jones, não passam de caricaturas. Os companheiros de Rob na loja também não empolgam. Na verdade, não precisariam empolgar, pois são coadjuvantes, mas, com um protagonista esmaecido, eles poderiam ter muito mais brilho sem atrapalhar. E, finalmente, só pra dar uma de chato, num filme que tenta parecer tão "por dentro" da música (apesar da trilha não ser nada memorável), lembro que, quando o gordo da loja de discos afirma que as influências de sua banda são alemãs, o magrinho rapidamente chuta Kraftwerk, uma outra banda que não lembro e Falco. Acontece que Falco, amigos leitores, nasceu em Wien-Margareten, distrito da cidade de Viena, na Áustria. Bola fora. Lista mal feita. E um filme menor na carreira do grande Frears. Alta Fidelidade (Reino Unido/ EUA, 2000). De Stephen Frears
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