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AGORA COM MAIS CALMA Infelizmente, não melhoram. O filme até que começa bem, com uma cena de bombeiro herói salvando alguém que vai morrer, enquanto rolam os créditos e ficamos conhecendo o personagem de Dennis Quaid. O roteiro faz uma brincadeira com quem, antes da sessão, já leu alguma coisa a respeito da história (ou viu o trailer) e sabe que Quaid está morto no presente da narrativa. Esta cena inicial, portanto, poderia ser a da sua morte. Assim como várias outras a seguir. E é aí que mora o perigo. Quantas vezes um dos personagens principais de uma história pode morrer antes que o espectador perca o fio da meada? Ou, o que é mais provável, perca a paciência? Em De volta para o futuro, Zemeckis também mexeu com as relações temporais, mas com mais competência e com muito mais humor. Em Alta freqüência, tudo tem um tom solene demais, sério demais, o que acaba fazendo os malabarismos do roteiro (como as alterações do passado que se refletem no presente) parecerem tão inverossímeis como uma cédula de dois reais. Para piorar as coisas, o filho, que está no presente, levanta algumas questões básicas para a trama, que nunca são respondidas. A principal delas é a seguinte: se alguém está mexendo no "meu" passado, mudando coisas importantes da "minha" vida, como essas mudanças se refletem nas "minhas" memórias? Imaginem alguém que, de uma hora para a outra, tem lembranças diferentes? É um caminho sem volta para a loucura. O filho teria que, pelo menos, ficar muito confuso, em vez de encarar tão racionalmente a zorra total de sua mente. Todas essas questões, é claro, são menores para quem consegue "embarcar" na história e sentir o drama de um cara amargurado pela morte do pai e que tem, em suas mãos, a chance de salvá-lo. A idéia de fazer o salvamento de seu pai colocar em perigo sua mãe é muito engenhosa e, se devidamente explorada, seria, por si só, um ótimo argumento. É uma pena que Hoblit perca um tempo demasiado com diálogos pseudo-nostálgicos sobre beisebol e merchandisings "espertos", como o da Yahoo, (tentando, sem sucesso, imitar o das cuecas Calvin Klein em De volta para o futuro). De qualquer maneira, frente à pobreza quase absoluta de lançamentos norte-americanos, Alta freqüência pode ser um bom programa. Só não esperem dele qualquer reflexão mais profunda. E até mais. Alta Frequência (EUA, 200). De Gregory Hoblit
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