Busca

Pressione "Enter"

Cobertura completa Sites de cinema Grupos de discussão Colunistas Os melhores filmes Notas dos filmes Todos os filmes Roteiro de cinema O que está passando no Brasil




IMPACTO PROFUNDO
(O pior filme de todos os tempos?)

RAPIDINHO:
Você ainda acredita que "Plan 9 from outer space", de Ed Wood, é o pior filme de todos os tempos? Engano seu. Está em cartaz "Impacto profundo", de Mimi Leder, que, ao contrário do barateiro Ed Wood, gastou milhões de dólares para fazer a sua bomba. E, por incrível que pareça, o filme não está sendo um fiasco de público. Hollywood está acabando com esse negócio de fracasso na bilheteria.

Graças a espertas estratégias de marketing e milionárias verbas de divulgação, os bobos (eu inclusive!) continuam vendo coisas como "Waterworld", "Parque dos Dinossauros II" e este "Impacto profundo". Profunda foi a minha irritação depois de ficar duas horas esperando o tal meteoro, e este não cumprir sua ameaça de matar todo o elenco, a diretora e os produtores.

AGORA COM MAIS CALMA

O mundo vai acabar. E daí? Nada menos dramático. Já acabou um monte de vezes no cinema, na literatura, no teatro, na televisão, na internet e até lá na casa da minha mãe, que, a cada cena mais "quente" na novela das 8 vaticina o final dos tempos, por conta da imoralidade que invadiu nossas vidas. O fim do mundo, seja ele qual for, é tão emocionante quanto um fim de noite: depende de quem está lá para contar a história.

A direção é de Mimi Leder, uma mulher. E, antes que falem em preconceito, devo dizer que as mulheres são, em média, muito (mas MUITO mesmo) melhores que os homens, em praticamente todos os aspectos, menos na direção de um automóvel e de um filme. Piores que mulheres, só velhos de boné, mas isso é outra história.

Todos sabemos o papel fundamental que as mulheres exercem no cinema mundial como produtoras, atrizes, montadoras, roteiristas, etc. E todos sabemos que, para dirigir um filme (ou qualquer produto da indústria audiovisual), uma mulher terá que sacrificar bastante a sua superior sensibilidade e capacidade de concentração, para assumir uma postura definitivamente machista, comandando com braço de ferro um pequeno exército de artistas e técnicos.

Esta é a contradição mais evidente de "Impacto profundo". O argumento do filme pesa um milhão de toneladas (prestes a cair na cabeça dos espectadores), e a diretora tenta fazer um filme "sensível", com personagens cheios de dramas existenciais, pequenas tragédias domésticas e imagens "delicadas".

Para isso, escolheu elenco que poderia interpretar Shakespeare: Morgan Freeman (como Otelo), Maximilian Schell (como Iago) e Vanessa Redgrave (como Desdêmona). Claro que também tem uma certa Tea Leoni, que está um pouco deslocada, tentando interpretar Sharon Stone. Mas o resultado final, caros amigos do ZAZ, é um desastre de proporções planetárias.

Vibrei apenas uma vez: quando a onda gigantesca arrastou Iago e Sharon Stone, abraçados e chorando, para a morte certa. Enfim, "Impacto profundo" é o que Hollywood tem de pior, sem apresentar em troca nem um pedacinho do que tem de melhor. Se você gosta de efeitos especiais, entre nos últimos dez minutos, com uma prancha de surf debaixo do braço: talvez dê pra pegar um bom tubo, se você não dormir antes.

Impacto Profundo, EUA, 1998, 123min. De Mimi Leder. Com Elijah Wood, Tea Leoni, Robert Duvall, Vanessa Redgrave, Morgan Freeman e Maximilian Schell.

Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A gente ainda nem começou e Fausto) e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado "Tolerância".

Índice de colunas.

 

 

Copyright© 1998 ZAZ. Todos os direitos reservados. All rights reserved.