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RAPIDINHO: Graças a espertas estratégias de marketing e milionárias verbas de divulgação, os bobos (eu inclusive!) continuam vendo coisas como "Waterworld", "Parque dos Dinossauros II" e este "Impacto profundo". Profunda foi a minha irritação depois de ficar duas horas esperando o tal meteoro, e este não cumprir sua ameaça de matar todo o elenco, a diretora e os produtores.
AGORA COM MAIS CALMA
O
mundo vai acabar. E daí? Nada menos dramático. Já acabou um monte de vezes
no cinema, na literatura, no teatro, na televisão, na internet e até lá
na casa da minha mãe, que, a cada cena mais "quente" na novela das 8 vaticina
o final dos tempos, por conta da imoralidade que invadiu nossas vidas.
O fim do mundo, seja ele qual for, é tão emocionante quanto um fim de
noite: depende de quem está lá para contar a história.
A direção é de Mimi Leder, uma mulher. E, antes que falem em preconceito,
devo dizer que as mulheres são, em média, muito (mas MUITO mesmo) melhores
que os homens, em praticamente todos os aspectos, menos na direção de
um automóvel e de um filme. Piores que mulheres, só velhos de boné, mas
isso é outra história.
Todos sabemos o papel fundamental que as mulheres exercem no cinema mundial
como produtoras, atrizes, montadoras, roteiristas, etc. E todos sabemos
que, para dirigir um filme (ou qualquer produto da indústria audiovisual),
uma mulher terá que sacrificar bastante a sua superior sensibilidade e
capacidade de concentração, para assumir uma postura definitivamente machista,
comandando com braço de ferro um pequeno exército de artistas e técnicos.
Esta é a contradição mais evidente de "Impacto profundo". O argumento
do filme pesa um milhão de toneladas (prestes a cair na cabeça dos espectadores),
e a diretora tenta fazer um filme "sensível", com personagens cheios de
dramas existenciais, pequenas tragédias domésticas e imagens "delicadas".
Para isso, escolheu elenco que poderia interpretar Shakespeare: Morgan
Freeman (como Otelo), Maximilian Schell (como Iago) e Vanessa Redgrave
(como Desdêmona). Claro que também tem uma certa Tea Leoni, que está um
pouco deslocada, tentando interpretar Sharon Stone. Mas o resultado final,
caros amigos do ZAZ, é um desastre de proporções planetárias.
Vibrei apenas uma vez: quando a onda gigantesca arrastou Iago e Sharon
Stone, abraçados e chorando, para a morte certa. Enfim, "Impacto profundo"
é o que Hollywood tem de pior, sem apresentar em troca nem um pedacinho
do que tem de melhor. Se você gosta de efeitos especiais, entre nos últimos
dez minutos, com uma prancha de surf debaixo do braço: talvez dê pra pegar
um bom tubo, se você não dormir antes.
Impacto Profundo, EUA, 1998, 123min. De Mimi Leder. Com Elijah Wood, Tea Leoni, Robert Duvall, Vanessa Redgrave, Morgan Freeman e Maximilian Schell. Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A gente ainda nem começou e Fausto) e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado "Tolerância".
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