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CARTAS DO REICHENBOMBER - Opus 40
Cotação do Bomber
Lançado pela Warner, diretamente em vídeo, o telefilme DOROTHY DANDRIDGE, O BRILHO DE UMA ESTRELA (Intoducing Dorothy Dandridge - 99) de Martha Coolidge. Como o nome indica, trata-se da dramatização da ascensão, estrelato e queda de uma das maiores atrizes negras (ou afro-americanas, como prefere a matriz) da história de Hollywood. Essa mania das televisões a cabo se debruçarem nas tragédias reais de certos mitos populares, apesar de todas as convenções habituais das cinebiografias de encomenda, e quase sempre abusivamente chorumelas, tem se destacado por um único aspecto: catapultar ao estrelato atrizes extraordinárias. É quase inacreditável que Hally Berry tenha dublado a voz da cantora Wendi Williams nas seqüências em que Dandridge se apresenta nos night-clubs. Mas isso não desmerece a sua performance, ao contrário; ela o faz com tamanha precisão que parece incorporar mediunicamente o espírito da atriz e cantora. Curioso lembrar que Dandridge interpretou no cinema um dos mais eróticos (pelo menos na época) dramas de relações inter-raciais e escravagismo, TAMANGO, do ótimo John Berry, em cenas tórridas com o astro alemão Curt Jurgens. Dúvida: será que Hally tem algum parentesco com o auto-exilado e esquerdista diretor americano? Fica aqui a indicação da coluna. Vale a pena conhecer um pouco da trajetória (versão tv) da deslumbrante estrela de CARMEM JONES (Preminger), ILHA NOS TRÓPICOS (Robert Rossen), TAMANGO (Berry), PORGY AND BESS (Preminger) e MÁLAGA (Lazlo Benedek) - aliás, é estranho descobrir que os galãs brancos que contracenaram com Dandridge no cinema sejam senhores de idade bem mais avançada, como Jurgens e Trevor Howard (MÁLAGA); vale o bordão, a vida imita ... deixa prá lá! - não tanto pela produção impecável ou pela direção O.K., mas sobretudo pela entrega absoluta de sua protagonista e o carisma de Brandauer. Um plano a reter: a primeira aparição de Preminger no telefilme. Fotos de Hally Berry podem ser copiadas através do site: https://www.geocities.com/Hollywood/Hills/3982/hberry.html Quem está acompanhando de longe o que acontece na edição 2.000 do Festival de Cannes deve visitar os sites indicados abaixo. Site da revista semanal Le Films Française, com boa cobertura diária do evento. https://www.lefilmfrancais.com/ Vá à sessão Les Étoiles de La Critic e veja as cotações dos críticos gauleses aos filmes da competição. Outro site obrigatório, com ótima cobertura do evento, é o FilmFestivals.com: https://www.filmfestivals.com/ Ainda O ÚLTIMO PORTAL Concordo com você que o novo Polanski foi mal visto e ainda pior criticado pelos coleguinhas de plantão. É interessante, envolvente, quase bom - embora inteiramente dejà vu. A única diferença é exatamente o final, que todos, inclusive você, abominaram. Ora, de posse das nove gravuras do livro, o Johnny Dep retorna ao castelo para fazer o pacto com o Diabo.O defeito não está nessa derradeira cena, mas na anterior (a ridícula descoberta da nona gravura encima do armário dos dois antiquários espanhóis). É uma falha grave de roteiro, mas quanto à direção, tudo bem. O personagem da Emmanuelle Seigner não me parece inexplicável, afinal ela é o próprio demônio (é só olhar a gravura da mulher do livro - é ela !) que prefere levar a alma do protagonista do que as outras que se oferecem à ele de bandeja. Agora discordo quanto a ser o melhor filme dele desde Le Locataire, que considero frustrado e prometendo mais do que dá. Esqueceu de Lua de Fel - um dos roteiros mais pervertidos dos últimos tempos ? Tem dias que me considero como o Peter Coyotte nesse filme .... entenda você como quiser essa afirmação. Vi o filme do Sérgio Bianchi (Cronicamente Inviável) e adorei. Adoravelmente venenoso e sem compromisso com o politicamente correto. Destrói as ONGS, o MST, o carnaval de Salvador, etc, etc com magnífico humor amargo. Bravo! Até o momento é o melhor brasileiro do ano, seguido com alguma distância pelo Villa-Lobos. Neste, duas atrizes para você pensar em botar num filme seu : Ana Beatriz e Joana Medeiros, a filha de Maria Lúcia Dahl. João Carlos Rodrigues I Repito: " The ninth gate " não é um filme de Terror, mas de Amor. Lúcifer escolhe Corso exatamente porque é um descrente, esnobando o Langella e a Lena Olin que se oferecem de bandeja. Exatamente como qualquer um de nós, que prefere seduzir uma pessoa indiferente do que aceitar a cantada mais do que óbvia de quem não estamos a fim. Não perceber que a Emmanuelle Seigner é Lúcifer mostra que o filme não foi visto, apenas assistido, o que não é a mesma coisa. Lavey provavelmente era um seguidor do Aleister Crowley, cujo site eu forneci com minha lista de filmes impressionantes e você reproduziu. O lema do Crowley era (é) : FAZEI O QUE QUISERDES. Abraço João Carlos Rodrigues II Concordo inteiramente com você: O Último Portal é um dos melhores filmes desde muito tempo. Puro deleite e inteligência, apesar de todos os pecadilhos. Cenário, luz, locações, fotografia, edição, atuações e música tudo de primeira. Ana Reynaud Magnólia Caro Reichenbach, é a primeira vez que eu escrevo pra você. Aprecio muito a sua coluna semanal no Terra. Você. é um sujeito de sorte: é, ao mesmo tempo cinéfilo, crítico de cinema e cineasta. Eu, por enquanto, tenho que me contentar com o título de cinéfilo. Vou ao cinema todo fim de semana. Nesse fim de semana, por exemplo, fui ver Magnólia, de P.T. Anderson. Com certeza, um dos melhores filmes que eu vi esse ano. Um elenco nota 10 e várias histórias entrelaçadas durante 3 horas de projeção, tipo Short Cuts, tornam o filme especial. As histórias chegam a incomodar, tocam na ferida dos personagens e a gente fica perturbado em vários momentos. Tem a história do menino que é campeão de Quiz Show e que perde tudo quando faz xixi nas calças, a história do velho que morre de câncer, do outro que descobre que tá com câncer, da mulher que só descobre que gosta do marido quando ele tá perto de morrer, do sujeito que é a fim de um barman que usa aparelho nos dentes e que rouba 5 mil dólares para comprar um também, a da mulher viciada em cocaína.... O único personagem que parece estar bem consigo mesmo no começo do filme (Tom Cruise) no meio do filme percebe-se que aquilo é só um invólucro... O filme tem momentos simplesmente bizarros: em certa altura do filme quando todos chegam ao auge do fracasso, surge uma canção no filme, e de repente todos os personagens começam a cantar junto. Outra bizarrice: um chuva de SAPOS !!!!! Nunca tinha visto coisa parecida naquele filme e ainda não entendi a metáfora. A cena chega a impressionar e é de dar nojo ver tantos sapos... risos Teve uma mulher no cinema que depois de reclamar que o filme era ruim, na hora da cena dos sapos, levantou os pés do chão como se tivesse vendo sapos também...(risos) Um abraço Ailton Monteiro (de Fortaleza) Buena Vista Social Club Olá Carlos, É a primeira que lhe escrevo, e já o faço para "falar" sobre Wim Wenders. Assisti ao Buena Vista Social Club na sexta-feira, e confesso que gostei muito, não vi, como outros, a "pasteurização do cinema de Wim Wenders", "documentário americanizado...", só o que vi, foi uma porção de gênios da música, tocando, cantando, e ENcantando, a todos que assistiam o filme, pra se ter uma idéia, ninguém da platéia do cinema conseguiu ficar indiferente ao charme daquela moçada, bem acho que sou muito simplista... não vi nada de ofensivo - neste filme - a nenhum ideal libertário ou revolucionário (ou qualquer ´ário´ que se queira), só o que vi foi, paixão, alegria e competência, bem é isso, até a próxima, tchau. Elen Patricia Laranja Mecânica E daí? Como é que vão as coisas? Faz um tempo que te escrevi pela última vez, mas saiba que você não perdeu um leitor e nunca perderá. Andei olhando alguns filmes antigos, tipo Laranja Mecânica e Psicose- o velho, pois o novo é uma babaquice -, e cheguei à conclusão de que muitos dos valores do cinema como meio de expressão foram se perdendo com o decorrer do tempo. Adorei Laranja Mecânica, do Kubrick, e considero um dos melhores filmes já feitos. A ousadia desta obra, pelo menos aos meus olhos, é incomparável, e sua sinceridade, de tão verdadeira, chega a dar vertigem. Pelo que você fala, deve não admirar muito esse filme, pois como você sempre diz, "vai contra minha ética de cinéfilo" e coisa e tal. Mas não sei dizer, e queria saber sua opinião. Outra coisa: bem que a gente podia fazer uma pesquisa entre os leitores para enumerar, na opinião destes, os 10 maiores cineastas de todos os tempos. Também não sei se você gostará da idéia, mas em todo caso, eu falo o que penso. Aqui no RS, a RBS tá passando todos os sábados à tarde, uma sessão intitulada Curtas Gaúchos. Bá, você nem sabe como minha opinião sobre o cinema nacional cresceu depois de começar a assistir esse programa. Obras como O Pulso, Deus Ex-Machina e Sonhos, são de tão grande significância artística e cultural, que não tenho palavras para descrevê-las. Eu e você, somos bastante divergentes em opinião, mas sei lá, é melhor assim: o que seria do mundo se todos fôssemos iguais? Um abraço, Eduardo Frizzo (Santo Ângelo-RS) Leitores estão me cobrando opinião sobre MAGNÓLIA e Brian De Palma. O fato de ter me envolvido num roteiro que está se transformando num quebra-cabeças fascinante e obsessivo (nem sei quando, e se, irei filmá-lo), me fez optar pelo isolamento temporário e obrigatório. Por isso, tenho me contentado em alugar os vídeos mais esdrúxulos e descansar a cuca no conforto da telinha particular. Ninguém está gostando de MISSÃO MARTE, mas as indicações isoladas de críticos que respeito, como Inácio Araújo e Alcino Leite Neto, me deixam ansioso por conhecer a nova estripulia do gorducho misógino. Já MAGNÓLIA, é uma obrigação. Tenho um amigo que afirma que a pior coisa para quem está escrevendo um roteiro pretensioso é assistir um filme extraordinário; porque ao invés de estimular a criatividade, arremessa o roteirista à síndrome da frustração. Como sou meio hipocondríaco, prefiro esperar. CARLOS REICHENBACH |
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