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CARTAS DO REICHENBOMBER - Opus 47 "Lepage is a master magician." - The Village Voice
Robert Lepage é um dos encenadores teatrais de maior prestigio no mundo. Nascido em Quebec em 1957, estudou no Conservatório de Arte Dramática de Quebec e desde 1982 vem atuando como escritor, ator e diretor, sendo considerado um dos mais proeminentes embaixadores culturais do Canadá. Através de sua companhia teatral, Ex Machina, é
responsável por alguns dos espetáculos mais inovadores e
fascinantes dos palcos contemporâneos: The Seven Streams of the River
Ota, Needles and Opium, The Far Side of the Moon, Tectonic
Plates, The Dragon Trilogy, The Polygraph e Elseneur
(Elsinor). Lepage vem experimentando todas as linguagens possíveis, incluindo o uso da Internet como expressão artística. Quem quiser ouvir suas idéias sobre o assunto, basta acessar o seguinte endereço: https://radio-canada.ca/branche/v4/89/lepage.htm Em 1995, Lepage estreou seu primeiro longa metragem, LE CONFISSIONEL, no Festival de Cannes, fora de competição. O filme inaugurou também a edição anual do Toronto International Film Festival e ganhou os prêmio GÉNIE (o Oscar canadense) de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Realização Artística de 1996.
A Europa Filmes acaba de lançar, diretamente em vídeo, LE CONFISSIONEL, com o título de MISTÉRIOS E PAIXÕES. Recomendável, sobretudo, pelo argumento original e fascinante. Em 1952, Hitchcock vem a Quebec, Canadá, filmar I CONFESS (Tortura do Silêncio). Simultaneamente à preparação das filmagens, uma jovem de 16 anos, grávida e cheia de culpa e vergonha, procura a salvação na confissão, confiando no voto de silêncio de um jovem e imaturo padre. A ação pula para 1989, onde o jovem artista plástico Pierre, após passar três anos na China, volta para Quebec para acompanhar o funeral de seu pai. Enquanto tenta se adaptar novamente à cidade busca se reaproximar do irmão adotivo, Marc, um desajustado que sobrevive da prostituição masculina. Pierre ajuda Marc à descobrir quem o seu verdadeiro pai, numa busca exasperada que os levará à Quebec dos anos 50, e às filmagens de Hitchcock. Com um entrecho destes, roteirizado pelo próprio Lepage, é difícil não imaginar uma obra de exceção. Mas, a exemplo do que aconteceu com PLACE VENDOME de Nicole Garcia (analisado na semana passada), alguma coisa se perde na conclusão, infelizmente, quase convencional. Filmado com elegância e sabedoria (leia-se, sem cacoetes), um elenco afinadíssimo e um esmero técnico de primeira, LE CONFISSIONEL deixa uma estranha sensação de vazio em seus minutos finais. Gosta-se do filme, admira-se o talento investido, mas sem muito entusiasmo. Sei não; acho que é um problema constante no bons filmes atuais (eu disse bons, não ótimos). Parece que vinga, essencialmente nos realizadores recentes, um medo enorme de errar. Arrisca-se na idéia, na maneira de produzir, mas raramente no resultado. Metaforicamente, é como assistir uma corrida de automóveis onde o mais audaz e talentoso dos jovens competidores, reduz a velocidade nas últimas voltas para não forçar a máquina demais. A sensação de frustração ainda é maior quando se sabe que Robert Lepage é um encenador reconhecidamente atrevido e experimental. Mas na sua estréia cinematográfica tem-se a impressão que perdeu a corrida ao evitar à todo custo arrebentar o motor na reta de chegada. De qualquer maneira, o aluguel do vídeo vale cada centavo despendido.
Entusiasmo mesmo é descobrir o filme de estréia de Paul Thomas Anderson, HARD EIGHT (ou SIDNEY - título original), exibido com exclusividade na II semana BRASIL e INDEPENDENTES, promovida pelo Espaço Unibanco de Cinema. Quem ainda tem dúvidas de que Anderson é o melhor cineasta da sua geração não perde por esperar. HARD EIGHT (96) deverá ser comprado para distribuição no Brasil. Basta um único plano, o travelling de abertura, para se ter a medida do talento exuberante deste americano tranqüilo. Aos amigos, que andam minimizando seu cinema, colocando Anderson à sombra de Robert Altman, eu afirmo categoricamente que o pupilo é muito melhor que o velho mestre. Anderson faz filmes lentos, reflexivos, mas nunca chatos; ao contrário de Altman, que para cada NASHVILLE (obra-prima) executa dois ou três BEYOND TERAPHY. Em poucas palavras, Altman é metido à artista; Anderson não é. Em HARD EIGHT, são quatro personagens mergulhados no universo movediço do jogo e das luzes de Reno. Mais uma vez, Anderson explora à exaustão as relações entre mestre e discípulo, entre "pai" e "filho" - lembram-se de Burt Reynolds e o garoto bem dotado de BOOGIE NIGHTS (97) e de Jason Robards e Tom Cruise em MAGNÓLIA (99)? A diferença é que neste primeiro filme, a ação inteira é construída em cima do "anjo de guarda" classudo, mas nada ortodoxo, e seu quase débil protegido. Os outros dois personagens centrais surgem para desestruturar essa relação de entendimento.
O ator principal, Philip Baker Hall, é presença permanente no
cinema de Anderson; desde o curta CIGARETTES AND COFFEE (93). Por estarmos
acostumados a vê-lo interpretando sempre algum figurão da CIA no
cinemão das majors, chega a ser estarrecedor descobrir, por trás
de uma catadura tão emblemática, um oceano de humanidade.
Mérito de Anderson, diretor de atores à altura de Mankiewicz,
capaz de extrair o essencial de seu elenco. Gwyneth Paltrow, em início de
carreira, imprime energia e encantamento ao personagem Clementine,
garçonete e prostituta. Outro ator fetiche de Anderson, Philip Seymor
Hoffman, aparece quatro minutos como um jogador falastrão, e quase rouba
a cena do protagonista. O duelo de olhares entre os dois atores é um dos
"milagres" E o que dizer então do desfecho! Brilhante e absolutamente plausível e comovente. Isso é arriscar em tudo, inclusive no resultado. Em suma, Anderson filma como alguns dos maiores titãs do cinema americano; de Anthony Mann (usando à perfeição o quadro anamórfico do scope), Robert Rossen (a investida carinhosa, mas sem complacência, no universo dos fracassados) à Martin Scorsese (a modernidade nascida dos clássicos e do amor ao cinema). Anderson filmou HARD EIGHT aos vinte cinco anos e desde então vem aperfeiçoando sua dramaturgia com astúcia e segurança. Quantos diretores no mundo acertaram três obras excepcionais em seqüência? Trata-se de um "gambler" e tanto, capaz de vários "hard eight" em seguida. Anderson veio para dar luz e relevância ao cinema ianque contemporâneo. Quem viver, verá ! Indicações de Sites - Diretores V ROGER CORMAN Web Guide próprio: https://www.icast.com/movies/1,1524,211-230-1055,00.html tributo à Roger Corman: https://www.geocities.com/jahsonic/RogerCorman.html entrevistas e artigos de/sobre Roger Corman: https://www.theavclub.com/avclub3512/avfeature3512.html https://www.imagesjournal.com/issue09/features/rogercorman/ https://www.filmwatch.net/corman.htm https://www.afionline.org/haroldlloyd/corman/script.1.html
DON COSCARELLI Web sites: https://www.phantasm.com/hpages/Coscarelli_bio.html entrevistas: https://www.thedigitalbits.com/articles/coscarelli110399.html https://www.universalstudios.com/unichat.30/newchat/ https://www.drcasey.com/movies/spotlight/coscarelli1.shtml https://www.b-mania.com/bonus/coscarelli.html https://home.t-online.de/home/rosebud_entertainment/fffhoma.htm
COSTANTIN COSTA-GAVRAS https://reelwest.com/magazine/archives/ https://www.splicedonline.com/features/ https://www.dem.de/entertainment/stars/c/
VITTORIO COTTAFAVI https://www.rcs.re.it/correggio/giornale/2cotta.htm texto de Bertrand Tavernier sobre a morte de Cottafavi: https://www.liberation.fr/cinema/archives/
ALEX COX https://micksinclair.com/zigzag/cox.html
PAUL COX https://www.nsi-canada.ca/nsi/ssheet/cox.html https://www.eonline.com/Facts/People/
https://www.wescraven.com/index2.htm https://www.icast.com/movies/ https://www.losman.com/craven.htm https://formen.ign.com/news/11674.html
CHARLES CRICHTON https://www.britmovie.co.uk/studios/ https://www.space1999.net/catacombs/vcd.html https://www.scaruffi.com/director/crichton.html
MICHAEL CRICHTON https://www.crichton-official.com/index-pl.htm https://www.globalnets.com/crichton/ https://www.randomhouse.com/features/crichton/ https://spaa.simplenet.com/crichton/ https://members.optushome.com.au/stott/film.html https://mcrichton.hypermart.net/
GEORGE CUKOR https://www.reelclassics.com/Directors/ https://www.fansites.com/george_cukor.html https://www.niksula.cs.hut.fi/~hrajala/ClassicFilms/cukor.html https://members.aol.com/MG4273/cukor.htm https://www.q.co.za/culture/features/000110-cokor.htm https://www.sbu.ac.uk/~stafflag/georgecukor.html https://www.scaruffi.com/director/cukor.html
MICHAEL CURTIZ https://members.tripod.com/~candide/ https://www.rickscafe.simplenet.com/ https://members.tripod.com/~candide/curtiz.htm https://www.scaruffi.com/director/curtiz.html
EDWARD DMYTRYCK https://www.rickscafe.simplenet.com/ https://www.spartacus.schoolnet.co.uk/ https://www.moviemaker.com/issues/16/dmytryk/16_dmytryk.html Na próxima semana estarei incluindo as cartas e
comentários enviados recentemente pelos leitores habituais da coluna,
inclusive a solicitação especial de um fiel virtual cujo
"nick" é "Taxi Driver".
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