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CARTAS DO REICHENBOMBER - Opus 48


Entre as jóias exibidas na Semana Brasileiros & Independentes é preciso destacar a oportunidade de rever a incursão solitária do crítico Inácio Araújo na direção cinematográfica.

"Uma aula de Sanfona", de Inácio Araújo

O episódio UMA AULA DE SANFONA, revela, em apenas meia hora, uma sensibilidade única, capaz de transformar a falta de condições em instrumento de criação. Como participei da produção do longa-metragem, do qual o episódio fez parte integrante, pude testemunhar a escassez de recursos que privou o realizador de contar com aparatos mínimos e essenciais, como, por exemplo, um bom carrinho de travelling, ou mesmo lentes decentemente colimadas.

Ao aceitar as regras da produção, Araújo optou por um estilo econômico e rigoroso que em tudo faz lembrar Bresson, o jansenista que fazia questão de dar relevância dramática à elementos cênicos triviais como portas, maçanetas, janelas, batentes, paredes, soleiras, etc.

Mas o Bresson de Inácio Araújo parece em lua-de-mel com Samuel Fuller. Neste flerte quase absurdo, o gesto prosaico de abrir uma porta é tão fundamental para o entendimento dos personagens quanto um pontapé na canela, um tapa no rosto, um soco no pôster da namorada ou um braço masculino envolvendo um ventre de mulher. É nesse sentido que a nudez dos personagens se confunde com o papel decorativo que se descola da parede. Num momento especialmente magistral o diretor contrapõe a posição da atriz no instante do orgasmo com um famoso painel de propaganda do centro de São Paulo. Ao dar vida à fantasia lúbrica fabricada para o consumo, Araújo nada mais faz do que filmar o corpo para compreender a alma.

A historinha: uma bela bancária tenta dispensar os incompetentes préstimos físicos de seu namorado safado. Sua frustração é canalizada para o vizinho do andar de cima, um gordo que toca sanfona, e a amiga, fisicamente menos privilegiada pela natureza, com quem divide o apartamento. Através de pequenas crueldades os quatro personagens tentam se relacionar.

Em tom de ironia, Inácio Araújo parece interessado essencialmente em exercitar a crônica filmada dos pequenos desencontros e grandes equívocos afetivos. Essa falsa ausência de trama e seus diálogos rascantes lembram, e muito, o cinema "sem estilo" de Howard Hawks. Afinal, este é o realizador ao qual Araújo focou seu interesse por mais de oito anos. Mas é na paixão, no respeito e na aventura de se fazer desaparecer na essência da linguagem fílmica, que o crítico, roteirista, montador e cineasta brasileiro mais se aproxima do diretor americano de HATARI.

Das atrizes, Araújo busca extrair o impossível e dos atores obtêm o máximo. Cláudio Mamberti está esplêndido como o pedófilo tímido, mas é Armando Tirabosqui, instruído a não interpretar, quem rouba a cena como o cafajeste ofendido. O diretor de fotografia Concórdio Matarazzo faz milagres em espaços claustrofóbicos, incluindo travellings no/com tapete. Todos são cúmplices na empreitada solitária do diretor em experimentar uma dramaturgia original, embora alerta aos clássicos, e criar atmosferas críveis, estimulado por um orçamento franciscano.

Episódios não costumam se transformar em obras memoráveis da cinematografia mundial. As exceções européias podem ser contadas nos dedos: ANTECIPATION de Godard, TOBY DAMMIT de Fellini, A RICOTA de Pasolini e o segmento com Ugo Tognazzi em OS COMPLEXOS de Dino Risi, Luigi Felipi D´Amico, Ettore Scola e Nanni Loy.

No Brasil, AULA DE SANFONA vem somar-se à excepcionalidade do episódio de Roberto Santos em AS CARIOCAS, de PAPO AMARELO, segmento de Moisés Kendler em OS MARGINAIS, e VEREDA TROPICAL, a contribuição de Joaquim Pedro de Andrade em CONTOS ERÓTICOS.

Aliás, que beleza (e delícia) seria poder assistir estes quatro episódios únicos reunidos num mesmo longa-metragem.

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O bomber errou: o nome correto da versão em vídeo do filme de Robert Lapage, Le Confessionel, comentado no Opus anterior, é MISTÉRIOS E PECADOS, e não Mistérios e Paixões, que é o título nativo do filme de David Cronemberg, The Naked Lunch.

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Uma puxada de orelha no escriba merece o devido espaço e resposta, já que alguns leitores andaram questionando a não inclusão do IMDB nos endereços de diretores listados na coluna.

Cadê os Latinos ?

Olá sou Leonardo Barbosa Rossato, tenho 17 anos e moro em Jundiaí-SP.

Adoro ler sua coluna, sou um amante do cinema e sempre aprendo mais sobre cinema. Estou dizendo SEMPRE.

Estou entusiasmado também com a lista de sites de diretores e a maioria já está nos meus favoritos.

AGORA, PORRA CARLÃO, CADÊ OS SITES DE DIRETORES BRASILEIROS, ARGENTINOS, CHILENOS, PARAGUAIOS.......QUERO CONHECER OS DIRETORES LATINOS.

Dos tupiniquins conheço apenas a do mestre Gláuber:

https://www.alternex.com.br/~tempoglauber/index.htm

e do Cacá Diegues:

https://www.cacadiegues.com.br/

além do seu né?

Bem, obrigado.

Leonardo Rossato

Leonardo,

Esse é um problema que foge completamente da alçada da coluna, já que a maior parte do cinema latino-americano parece ainda não ter descoberto todas as possibilidades da Web como meio de expressão e difusão.

Para esse mesmo Opus devastei todos os melhores mega-sites de busca para encontrar alguma coisa interessante sobre o importante cineasta argentino Raul de la Torre. Fora o IMDB, nada de relevante foi localizado.

Por desencargo de consciência reproduzo abaixo os habituais endereços de busca essencialmente cinematográfica que, obviamente, não costumo reproduzir à cada diretor listado.

Busco, na medida da possível, relacionar endereços que contribuam para conhecer melhor a obra do cineasta, seja através de sua própria web-page, de material crítico e/ou comentários detalhados.

Filmografias e dados biográficos condensados (na maior parte das vezes, reduzidíssimos) podem ser encontrados em:

https://www.imdb.com/

https://www.checkout.com/movies/

https://www.cinemachine.com/

https://www.film.de/

https://www.mrqe.com/

https://www.directorsnet.com/

O que você achou dos brasileiros é praticamente o que existe na Web. Os que possuem Web Page eu pretendo incluir. Mas, infelizmente, são muito poucos.

Seguindo na vertente iniciada acima, faço questão de reproduzir uma indicação preciosa do cineasta e fotógrafo Carlos Alberto Ebert. Trata-se de uma belíssima página totalmente dedicada à obra do cineasta François Truffaut, cujo relançamento de seu A MULHER DO LADO, em São Paulo, vem alcançando um sucesso insuspeitado:

https://iihm.imag.fr/truffaut/index.html

Para os fanáticos por roteiros de cinema, eis um endereço obrigatório:

https://www.creativescreenwriting.com/

Reproduzo também, e à pedidos, os endereços da Sony para todos aqueles que estão interessados em conhecer melhor a nova tecnologia da cinematografia digital:

a) sobre a câmera revolucionária Digital 24p High Definition:

https://pro.sony-europe.com/bpeproj/classes/
Presentation.NewsPRPage?news_id=1380828

b) sobre o primeiro longa metragem filmado totalmente com a câmera Sony HDCAM 24p format (Handicam High Definition):

https://pro.sony-europe.com/bpeproj/classes/
Presentation.NewsPRPage?news_id=1380198

c) sobre a experiência de Wim Wenders com a nova tecnologia no clip do U2:

https://pro.sony-europe.com/bpeproj/classes/
Presentation.NewsPRPage?news_id=1380513


Indicações de Sites - Diretores VI


PAUL CZINNER

https://www.mwe.de/kino/personen/czinner.htm

para encontrar vídeos do renomado diretor húngaro (1890-1972):

https://www.eonline.com/Facts/People/0,12,39824,00.html

https://www.videoflicks.com/VF2/A104/1041133.ihtml

https://www.moviem.co.uk/films/11/1180.html

https://www.mediascreen.com/ab/as_you_like_it_dvd.htm

 

JOHN DAHL

https://www.hollywood.com/movietalk/
celebrities/jdahl/html/sound.html


https://www.metrotimes.com/movies/
features/18/50johndahl.html

https://www.zdnet.com/zdtv/camfest2000/submissions/
jump/0,9855,2455628,00.html

https://www.flashframe.com/flashframe/directors/dahl/dahlbio.htm

https://www.fansites.com/john_dahl.html

https://www.scaruffi.com/director/dahl.html

 

JOE D´AMATO (ou ARISTIDE MASSACCESSI)

https://www.geocities.com/Hollywood/Bungalow/8212/joe.html

https://www.sex2art.com/cinema/registi/damato.htm

texto de Luiz Ribas para o site DVD Sunrise:

https://www.dvd.sunrise.com.br/artigos/cult/joedamato.htm

tributo:

https://filmdallacantinailsito.freeyellow.com/page3.html

entrevistas:

https://www.poli.studenti.to.it/~s78645/filmoni.htm

https://www.rockol.it/rockol/edicola/duel/47/default.htm

https://www.macabre.net/monsterbis/html/amato.html

https://home.swipnet.se/~w-83238/violent/frames/f_atamo.html

https://www.ulysse.net/CINEMA/EROS/Fr_eros.htm

 

DAMIANO DAMIANI

- um dos mais prolíficos cineastas italianos ainda em atividade; de sua filmografia constam pelo menos cinco ou seis obras-primas: Il Sicaro (60), L´Isola di Arturo (62 - adaptação da obra de Elsa Morante), La Rimpatriata (63), Gringo - A Bullet For The General ou Quien Sabe ? (67 - inspirado em Deus e Diabo Na Terra Do Sol), Il Giorno della Chivetta (68 - adaptação da obra de Leonardo Sciascia) e Confessione di un commissario di polizia al procuratore della repubblica (1971).

- filmografia:

https://www.amityville2.8m.com/damiano.htm

- para achar vídeos em ingles:

https://www.iwon.com/home/movies/movies_filmography_page/
0,13178,Damiano+Damiani,00.html

https://www.videoflicks.com/VF2/A104/1041146.ihtml

https://www.amazon.com/exec/obidos/ASIN/6304013094/
affiniinc/103-3787622-8027062

- análises, em italiano e em ingles, do excepcional spaguetti-western "GRINGO (Quien Sabe?)"

https://digilander.iol.it/cdvideomaniacs/quien_sabe.htm

https://www.algonet.se/~krig/transwest.html

 

JOE DANTE

https://eborisk.dusted.net/

https://www.dusted.net/board/forumdisplay.cgi?action=
topics&forum=Joe+Dante&number=2&DaysPrune=20&LastLogin=

https://www.britannia.org/film/directors/jdante.shtml

https://cinescape.voice.fr/dossier/joedante/joedante.html

 

FRANK DARABONT

https://www.cinemonkey.com/reviews/holmdarabont/darabont.html

https://www.roughcut.com/features/qas/frank_darabont.html

https://www.filmsondisc.com/features/darabont/darabont.htm

https://www.creativescreenwriting.com/interviews/darabont_1299.html

https://awards.fennec.org/d/darabont_frank.html

https://www.checkout.com/movies/artist/info/0,7684,973649,00.html

https://www.scaruffi.com/director/darabont.html

 

DELMER DAVES

https://www.liberation.fr/cinema/archives/retro/991008ractu.html

https://www.elwatan.com/journal/html/09/02/sup03.htm

https://www.tcm.turner.com/DIRECTOR_MONTH/99/02/list.htm

 

TERENCE DAVIES

https://www.sbu.ac.uk/~stafflag/
terencedavies.html

https://imv.aau.dk/publikationer/pov/
Issue_06/section_1/artc9A.html

https://www.banrep.gov.co/blaavirtual/
letra-k/kinetos/voces.htm



EMILE de ANTONIO

https://www.sphinxproductions.com/pages/films/antoniofilms.html

sobre livro dedicado à obra de Emile de Antonio:

https://www.frontlist.com/catalog/detail.htm/0-8166-3364-9

https://www.upress.umn.edu/Books/K/kellner_emile.html

 

BASIL DEARDEN

https://www.britmovie.co.uk/studios/ealing/biography/p08.html

https://www.shu.ac.uk/services/lc/closeup/ryall.htm

para comprar cópias em vídeo dos filmes de Basil Dearden:

https://www.videoflicks.com/VF2/A104/1044428.ihtml

https://www.moviem.co.uk/films/1/118.html

página sôbre os filmes de Dirk Bogarde, ator preferido de Dearden:

https://members.aol.com/Alpheratz9/InReview.html

 

JAIME de ARMINÃN

https://www.incaa.gov.ar/incaa/armine.htm

https://www.ua.es/dossierprensa/2000/04/12/8.html

 

ROLF de HEER

https://www.pb.com.au/homes/3176.htm

https://www.flf.com/quietrm/castcrew.htm

https://www.biff.com.au/1998/chauvel.html

 


ALEX de la IGLESIA

https://sit-moon-robo.robotiker.es/basqueweb/
cine/directores/alex.htm

https://www.borjanet.com/criticas/alex/

https://www.claqueta.com/entrevistas/entre40.htm

https://www.diario-elcorreo.es/servicios/cine/entrev0306.html

https://dreamers.com/finfanzine/articulos/108.htm

https://www.sala1.com/reportajes/alex.html

https://www.publi.com/news/2000/0210/a06.htm

 

A Voz dos Leitores

A Vida Não Tem Trilha Sonora

Quando ainda namorava minha mulher, ela sempre fazia esse comentário em relação ao cinema e a televisão, eu de fato não dava muita atenção a ele, entendia como algo irônico e especifico em relação a determinadas obras que abusam da música para tornar palatável uma cena ou mesmo facilitar a condução desejada da emoção do espectador.

Mas faz algum tempo venho buscando estabelecer pra mim mesmo, um conceito de cinema que acredito estar associado acima de tudo a construção do tempo, nesse sentido não me convence a teoria de que cinema seja um compêndio de todas as outras formas de arte. Sobre esse raciocínio, fica a idéia de que seria uma experiência fundamental trabalhar um filme sem trilha musical, acredito que muitos ou pelo menos alguns já devem ter feito tal experiência, ainda que fosse reduzindo a música ao contexto incidental, mas admito que não conheço tais trabalhos caso eles existam.

Por isso quando revi o filme de Tsai Ming-Liang "Vive L'Amour", tive a sensação de que se ele não foi pioneiro, tornou essa experiência da ausência de trilha, realmente única e inquietante. Assim como Tarkovski diz em seu livro "Esculpir O Tempo", eu também não acredito em verdades absolutas, o que significa dizer que se amanhã fizer filmes de minha autoria, isso não implica em abdicar por completo de uma trilha, mas nesse trabalho de Tsai fiquei absolutamente convencido de que ela pode ser excluída e isso foi fundamental para esse filme causar um enorme desconforto em sua platéia.

Poucas vezes uma experiência cinematográfica foi tão perturbadora, lembro-me que na enquete de Carlão sobre "Perturbadores e Torpes" preferi incluir "O Rio" do mesmo diretor, mas após minha segunda sessão de "Vive L'Amour" estou mais inclinado a incluir este. Assistindo o filme na sala do Unibanco em São Paulo, ainda que saibamos tratar-se de um público "seleto e mais qualificado"; há em boa parte desse mesmo público uma espécie de busca de distinção dos demais e que na grande maioria (eu incluso) leva uma vida absolutamente burguesa, o fato é que boa parte deixou escapar risos nervosos que se mesclavam a profundos silêncios.

Silêncio, aliás, é a palavra chave desta obra-prima, que associada a sexo e solidão estabelece a base para se falar sobre a dor humana. Através de um rigor estético absoluto, que não faz qualquer concessão e com uma direção de atores de cair o queixo, Tsai vai ao poço mais fundo da alma humana e sai de lá com a seqüência final mais poderosa que já assisti em cinema, arrancando um sentimento de busca por direito a dignidade que nos deixa com um nó na garganta.

Filme de sensações, intuitivo, mas para fechar esse texto com um raciocínio lógico e cartesiano, digo que como a década, por uma questão matemática termina em zero, portanto nesse ano, para mim "Vive L'Amour" é o melhor filme desta década.

Abraços,

Eduardo Aguilar


Medo de Errar ou de Acertar ?

Caro Carlão,

Antes de mais nada me parece extremamente pertinente sua observação sobre novos nomes no cinema. Sobram idéias, mas existe, realmente, uma grande perda no final. Fica só uma dúvida (desculpe-me o psicologismo): seria medo de errar ou de acertar? Isto significa que, caso haja um acerto, a responsabilidade no próximo trabalho aumenta, sempre se espera mais. Me parece que, inconscientemente, estes nomes acabam por falhar nas conclusões.

Isto, posso estar errado, me ficou claro quando vi NEW ROSE HOTEL (logicamente Abel Ferrara não é um nome novo, mas um realizador sempre em busca de uma identidade perdida nas drogas). Amei este filme (GRANDE ASIA ARGENTO), mas a segunda metade, com aqueles "flash-backs" realmente acabam por matar a grande idéia original pela chatice astronômica. Fica a idéia (pelo menos para mim) que sobrou celulóide! Aí, dá-lhe repetições........ Mas entre tanto lixo, este acaba por ser até palatável (e muito!).

Já alguns nomes se arriscam: Aronowski (PI) e, realmente, Paul Thomas Anderson. Concordo plenamente que este é de arrasar! Acabei virando um grande admirador de Anderson após BOOGIE NIGHTS, e duvidei muito que pudesse realizar algo neste nível novamente. Aí veio MAGNOLIA. Acabou o descrédito! Não consegui ver SIDNEY, mas espero ansiosamente. Suas comparações referenciais fazem muito sentido, principalmente com relação a Altman (filmes recheados de atores famosíssimos, sem nenhum conteúdo. Quem será que se lembra de QUINTET, A WEDDING, CALIFORNIA SPLIT ou NASHVILLE? Quem vai ver hoje um STREAMERS ou THREE WOMEN, ou mesmo até M.A.S.H.? Todos vão se lembrar de Altman por lixos como POPEYE, o imbecil segmento de ARIA (até gosto do filme, apesar de absolutamente desigual) e a cretinice de PRET-À-PORTER. Até THE PLAYER me parece falso (vou ser massacrado por isto!).

Fiquei absolutamente abestalhado pelos sites de Vittorio Cottafani (quem conheceu este???). MUITO OBRIGADO PELA DICA, FOI FANTÁSTICA!

Curiosamente estava revendo, ontem, TAXI DRIVER (acho que pela vigésima vez!) em DVD. Vale uma boa revisada nesta edição especial lançada por aqui, pois o roteiro está disponível, podendo ser acessado a qualquer momento durante o filme (nunca vi isto!). Fabuloso o roteiro original de Paul Schrader, modificado fabulosamente por Scorsese. Este é outro "gambler", como Anderson, que não tem medo de acertar. Aí pode estar a diferença. RESPONSABILIDADE DÓI !!!!!!!

Luiz Ribas

 

Novas do Aílton de Fortaleza

I

Quero manifestar aqui o meu protesto quanto ao descaso das distribuidoras aos filmes de um dos maiores cineastas americanos: Woody Allen. Há tempos que eu espero Celebrity. Depois desse, mais dois filmes dele foram exibidos nos Estados Unidos. Logo, são três filmes inéditos do nova-iorquino. Um pena. E pensar que nos cinemas tem espaço pra tanta porcaria....

No fim de semana assisti Missão Impossível 2 e é mesmo um ótimo filme de ação, feito por quem entende do assunto. John Woo, se não fez o mesmo grande trabalho de A Outra Face, a sua obra-prima, cometeu mais um filme em ritmo de montanha-russa e, quem sabe, até melhor que o original. Os mais de 100 milhões gastos na produção podem ser sentidos em cada fotograma. Fotografia de primeira, elenco milionário(Tom Cruise), locações esplêndidas, efeitos especiais nota 10 e cenas de luta muito bem coreografadas. Tudo no filme é grande. Tem algumas coisas bem malucas e inverossímeis como o constante uso de máscaras pelos agentes Ethan Hunt (Tom Cruise) e o seu inimigo, além de outras cenas, mas como esperar verossimilhança de alguém que fez A Outra Face? Pra quem não se lembra, aquele filme em que John Travolta e Nicholas Cage trocam literalmente de rostos, isso sem levar em consideração a total diferença física entre os dois. Bom como uma boa história em quadrinhos de super-herói.

II

Não sei se você sabe mas o primeiro longa de P.T. Anderson, Hard Eight, comentado por você no Opus 47, está disponível em vídeo no Brasil com o título brasileiro de Jogada de Risco, distribuído pela Cannes Vídeo. O filme foi lançado em vídeo em outubro/1997 (Fonte: revista SET ed. 142). Eu vi na época em que ele foi lançado e é mesmo ótimo, apesar de ficar atrás dos excepcionais Boogie Nights e Magnolia.

Por falar em arte pop de qualidade (e levando em consideração a sua abertura no opus 46 para outras formas de arte), ontem fui para o show do Pato Fu .Foi a primeira vez que eu assisti a um show deles e confesso que apesar de estar esperando muito do show, ele superou as minhas expectativas. Foi muito melhor do que eu pensava. Por algumas poucas horas eu fui feliz. Muito feliz. Pulei feito um desesperado ao som de um pop rock gostoso e feito por gente altamente profissional. Fernanda Takai, John e cia alegraram a noite de domingo do Centro Dragão do Mar, aqui em Fortaleza. Muita gente bonita, uma namorada, amigos, cerveja e música de alta qualidade fizeram a química da festa. Os momentos mais alucinantes:

- quando eles tocaram Capetão 66.6, uma música que tira um sarro das bandas de heavy metal, mas que faz a gente pular feito um doido;

- os acordes iniciais de Enter Sandman do Metallica;

- Eu Sei da Legião Urbana, na versão deles é uma delícia.

- As músicas do disco Isopor são ótimas e dá vontade de comprar no ato.

- Foi uma delícia o swing de Vivo num Morro, do disco Televisão de Cachorro.

- Canção pra você viver mais, Sobre o tempo, Porque te vas?, Pinga.........

No sábado tinha ido assistir Pânico 3, que tem um sabor de deja vu mas que ainda diverte muito. O povo do cinema fazia o tipo histérico. Isso é legal em terror juvenil mas quando o povo exagera acaba tirando o suspense do filme e diminuindo os sustos da platéia.

Gostei muito do final do filme que se diferencia um pouco dos outros filmes do gênero.

Um abraço,

Ailton Monteiro - de Fortaleza

 

Gostar de Tudo

Caro Carlos Reichenbach,

tenho 18 anos e estou fazendo um cursinho para tentar entrar no curso de cinema da ECA. A razão que me levou a escolher o cinema como profissão é que eu sempre fui apaixonado por filmes. Assistir a filmes sempre foi o meu hobby preferido. Porém, existe algo que me aflige: eu não acredito que eu tenha talento. Essa minha desconfiança em mim mesmo deve-se ao fato de eu não ter um "bom gosto", pois eu gosto de ver qualquer tipo de filme, desde aqueles que são considerados verdadeiras "bombas" como Armageddon, Armadilha, etc. até aqueles que são considerados obras-primas do cinema como Morangos Silvestres, A Doce Vida, O Vampiro de Dusseldorf, etc. É por isso que eu gostaria de perguntar a você e gostaria que me respondesse sinceramente, se isso realmente é sinal de falta de talento ou se o "bom gosto" é fruto de muito estudo. Aproveito para perguntar também se você considera a faculdade importante na formação de um cineasta. Espero que você possa atender a esses apelos inseguros.

Obrigado,

Taxi Driver

Sinceramente, De Niro, o que está lhe faltando é preconceito, o que, a meu ver, é sinal de inteligência; e até onde eu sei não se mede talento por aquilo que você gosta ou não, mas por aquilo que você faz ou inventa.

Quanto aos cursos superiores de cinema, mais importante que a (in)formação que eles prestam é a convivência que eles estimulam. Já devo ter repetido inúmeras vezes, como ex-aluno da extinta Escola Superior de Cinema São Luiz, que os cursos existem para criar guetos, juntar identidades e mudar o rumo da mesmice. Boa sorte !


CARLOS REICHENBACH


Comentários, desgostos, bombas e coquetéis podem ser enviados para: reichenbach@terra.com.br

Visite a home page do cineasta: https://members.xoom.com/creichenbach


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