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Filme: As Panteras
De: Cristiano W. Leal
É impressionante a imaginação dos roteiristas norte-americanos! Beirando (quase) sempre ao absurdo, ao non-sense, tratam o espectador como uma criança com a boca lambuzada de algodão-doce extasiada em um parque de diversões. É lamentável... mas é real... A impressão que temos ao vermos aquela mulherada toda pulando e "voando" é que entramos na sala errada, que estamos assistindo ao mais impressionante e radical balé contemporâneo! Cinema, que é bom, nada. É bem verdade que cinema é sinônimo de entretenimento descompromisso, muitas vezes; mas daí em se pensar que somos um bando de oligofrênicos com QI 12 já é demais. Pior que isso, só mesmo Tom Cruise sassaricando ao redor de sua potente moto em Missão Impossível, ou chutando a areia e pegando a sua arma no ar! Ora, poupem-nos.
De: Gerbase
Concordo que há pouco "cinema" em As Panteras. E, se você examinar outros filmes parecidos, além do já citado Missão Impossível, verá que essa tendência à infantilização é muito forte. Mas, apesar de Hollywood ser realmente o carro-chefe da estética planetária, não acho que esse seja um fenômeno apenas norte-americano. Também é bom lembrar que são norte-americanos alguns filmes "de entretenimento" que conseguem fugir dessa tendência, como X-Men e Matrix. Talvez estejamos vivendo uma nova fase do cinema mundial, em que só têm chance no mercado os filmes que, em vez de falar de seres humanos, falam de seres menos que humanos, para platéias que já abriram mão de boa parte de sua humanidade. Ou alguém aí acha que As Panteras são mulheres de verdade?
De: Anderson Luis Caio
Gerba, faz tempo que não escrevo para sua coluna. Os filmes sobre os quais você andava escrevendo não me agradaram nem um pouco, porém, gosto é gosto. Agora, depois que li a sua coluna sobre o filme As Panteras, achei meio estranho um homem como você, que apelou ao máximo no erotismo de Maitê Proença, não gostar das cenas em que Drew aparecia com um pouco de seus seios de fora. Nós, homens, gostamos disso, já você... fiquei na dúvida. O filme realmente apela para as "bobícis", mas creio eu que este filme é algo para a família. Sem as heroínas usarem armas, cenas muito engraçadas e mais uma dança com Cameron Diaz, que dá até soluço depois que você olha de tanto rir. Essa história de ser descartável até que passa, porém é bom lembrar que, devido ao grande sucesso, talvez haverá uma seqüência. Já Tolerância... será mais um daqueles filmes com o famoso título "Sessão da tarde". Acho que As Panteras será uma Tela Quente ou Supercine. Fica a escolher...
De: Gerbase
Bom... Aqui as coisas vão ficar complicadas, mas vou partir da minha resposta anterior. Há uma diferença muito grande entre a "pantera" Drew e a personagem de Maitê em Tolerância. A "pantera" não é a representação de uma mulher de verdade, e sim uma heroína fajuta de seriado de TV traduzida – e devidamente recauchutada - para o mundo hollywoodiano dos efeitos especiais. Já a personagem de Maitê é a representação (mesmo que incompleta) de uma mulher brasileira, advogada, de 40 anos, numa grave crise familiar.
Os seios de Drew, ao serem parcialmente exibidos num filme que você considera "algo para a família", são um bom exemplo daquele erotismo infantilizado que a TV brasileira despeja às toneladas, vide uga-ugas, tchans e similares. Não são seios fajutos, mas estão ali cumprindo uma missão tola e dispensável. Os seios de Maitê (ou as outras cenas eróticas de Tolerância) cumprem uma missão dramática, contam a história. E, talvez por isso, "choquem" muitos espectadores.
No cinema contemporâneo, o sexo virou algo aceitável, à medida em que está fora da história, fora do universo, fora da experiência humana. As bundas de Uga-uga são permitidas porque ninguém fica falando delas, tipo "Olha ali, a bunda dele está de fora", ou "Olha ali, como os seios dela aumentaram de ontem para hoje". Já a bunda do Bomtempo, em Tolerância, gera um grande estranhamento porque está em ação. É como se o sexo bom fosse o sexo morto.
Finalmente, quero lembrar que eu não disse que não tinha gostado dos seios de Drew em As Panteras. Eu disse que "...o máximo que podem fazer para conquistar o público é mostrar bundas (Cameron), peitos (Drew) ou dar chicotadas (Lucy Liu)." É o máximo que elas podem fazer – pelo menos por mim – já que o filme, em si, é intragável. Assim, acho que os seios de Drew em As panteras são mesmo uma apelação comercial, dispensável para a história, mas absolutamente de acordo com as atuais regras do entretenimento mundial. Quanto ao meu gosto pessoal, fora dos filmes, sinceramente, prefiro o produto nacional.
De: Michelle
Aí, Gerba! BÁH QUE FILME RUIM essas Panteras!!! IMPOSSÍVEL ALGO SER TÃO IRRITANTE COMO OS MINUTOS QUE PASSEI NO CINEMA. (Eu até gosto do seriado, pelo menos há uns anos atrás gostava).
De: Gerbase
Eu não gostava nem do seriado. E até mais.
As Panteras (EUA, 2000). De Joseph McGinty Nichol
Carlos
Gerbase é
jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor.
Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A
gente ainda nem começou e "Fausto"). Atualmente
finaliza seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.
Índice de colunas.
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