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OLHOS DE SERPENTE

RAPIDINHO:

Dizem que Brian de Palma imita Alfred Hitchcock. Imitava, com bons resultados, como em "Dublê de corpo". Agora limita-se a imitar Brian de Palma. Com resultados pouco convincentes. O começo de "Olhos de serpente", um plano longuíssimo com a câmera sempre em movimento, não passa de um xerox do início de "A fogueira das vaidades". De Palma parece divertir-se horrores inventando coisas complicadas para filmar, citando clássicos do cinema e demonstrando sua habilidade artesanal. Pena que não consegue um tempinho para dirigir melhor seus atores, que fazem caretas e mais caretas sem obter qualquer dramaticidade.

AGORA COM MAIS CALMA:

Você quer matar alguém muito importante durante uma luta de boxe, aproveitando a confusão do local. Parece inteligente. Então você arma o seguinte esquema: suborna um dos lutadores, o atual campeão e favoritíssimo nas apostas, para ser nocauteado assim que alguém na primeira fila der a senha. Parece uma coisa tremendamente idiota. Esse é o principal problema do roteiro de Olhos de Serpente: ele oscila entre a verossimilhança da história e a necessidade que De Palma tem de fazer espetáculo a qualquer preço.

O personagem do lutador de boxe é de uma falsidade atroz. A cena em que ele confessa sua participação no crime para Santoro (Nicolas Cage) é constrangedora, na beira do amadorismo. Só não vê quem não quer. O bom thriller americano é aquele que consegue equilibrar momentos de ação frenética com diálogos densos, em que os personagens deixam suas emoções aparecerem claramente. Em "Olhos de serpente", temos ação frenética, ninguém duvida, mas as emoções são tão falsas quanto o soco que derruba o campeão.

Nicolas Cage se esforça em seu papel de policial corrupto de bom coração, mas tudo cai por terra quando ele diz: "Nunca matei ninguém", como se isso significasse um código de ética. Gary Senise não se esforça para compor o militar encarregado da segurança do Ministro da Defesa. Em entrevista, disse ser "naturalmente sinistro". E a gente fica naturalmente entediado. Claro que "Olhos de serpente" tem fotografia competente, montagem nota dez, movimentos de câmara cuidadosamente planejados, produção maravilhosa, etc. etc. Claro que "Olhos de Serpente" merece ser conferido por quem gosta de filmes policiais e de suspense. Mas tenho saudades do Brian de Palma de "Carrie, a estranha" e "Dublê de corpo", que, além de divertir a si próprio, ainda proporcionava muita diversão a seus espectadores.

Olhos de Serpente (Snake Eyes, EUA, 1998). De Brian de Palma. Com Nicholas Cage, Gary Sinise, Carla Gugino e outros.

Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A gente ainda nem começou e Fausto) e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado "Tolerância".

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