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SHOWER
O tema central do filme chinês Shower é a mudança de velhas tradições pelas coisas
modernas. Na cena inicial um cara entra numa cabine de rua para tomar um
chuveiro.
É como se fosse uma destas máquinas automáticas de lavar carros, mas é para o
corpo
humano.
O resto do filme se passa numa casa de banho masculina, onde homens de todas
as idades
se banham tradicionalmente em grandes banheiras coletivas, fazem massagem,
pedicure,
relaxam e conversam.
É poético assistir à vaidade masculina num mundo onde a
mulher
ainda é usada como o maior objeto de consumo. Gisele está em todas as cabines
telefônicas e ônibus de Nova York, fazendo uma campanha de biquínis.
Mas voltando para o filme, a história toda é em torno de um homem de negócios
bem sucedido que volta para Beijing para visitar o pai, dono da casa de banho,
e o seu
irmão mais novo, que tem uma leve deficiência mental. O "businessman", é
lógico,
representa o novo, e o pai, a China tradicional. E eles, os três homens, têm
que resolver
os seus conflitos, e ela a China, também. O pai, velhinho, falece, e a casa de
banho é
demolida para dar lugar ao progresso. E ao assistirmos à perda das tradições, somos
levados a repensá-las e reconsiderar se o que estamos fazendo com o mundo
realmente nos
fará mais felizes ou não.
Mas este filme está sendo distribuído nos Estados Unidos graças a um
americano, Peter
Loehr, que foi para a China estudar o idioma e resolveu abrir uma produtora de
filmes
independentes chamada Imar, em 1997.
Eles receberam dinheiro do setor privado
e ajuda
do governo, e já estão com um saldo positivo que está sendo investido em novas
produções. Seria legal se um outro americano alternativo resolvesse investir
nos jovens
cineastas brasileiros.
Mas para quem está em Nova York e quiser ir a uma casa de banho depois de
assistir ao
filme, eu recomendo uma casa turca, localizada na East 10 street, entre a
segunda e
terceira avenidas.
O prédio é antigo, e é possível fazer sauna, massagem,
relaxar.
Mas para quem quiser se manter fiél à tradição chinesa, basta dar uma
caminhada por
"Chinatown" e experimentar qualquer uma das casas de massagem, acupuntura,
reflexologia por um preço bem em conta. E depois da massagem, para comer um
tradicional "Dim Sum", refeição tradicional chinesa, onde um carrinho
estaciona do lado
da sua mesa e você escolhe os bolinhos (dumplings) que quiser, eu recomendo
98 Mott,
sábado e domingo, das 12 às 3.
Uma das mais famosas casas de dumplings, no
entanto, se
chama Joe's Shanghai, 9 Pell street. E se você bater fotos em Chinatown, onde
toda a
informação é escrita em chinês, você pode voltar para casa e contar para os
amigos que
resolveu dar um role por Hong Kong.
Shower, China (1999). Dirigido por Zhang Yang. Com Pu Cun Xin, Zhu Xu e Jiang Wu
Bárbara
Kruchin
é artista
plástica e aficcionada por cinema. Ela é brasileira, mas mora em
Nova York desde 1991, onde cursou a School of Visual Arts.
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