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DÊ SUA OPINIÃO (OU CALE-SE PARA SEMPRE)

Filme: Tolerância





De: Gerbase
Antes de qualquer coisa, alguns esclarecimentos. Não há espaço para publicar todas as mensagens recebidas, e dei prioridade para as que chegaram em meu endereço tradicional (gerba@zaz.com.br). Entretanto, também incluí algumas das enviadas ao site do filme (www.tolerancia.com.br), buscando sempre as que dialogam de alguma forma com a obra, em vez de simplesmente elogiá-la ou tentar desqualificá-la. Nas respostas que se seguem, fui, quase sempre, bastante econômico em relação aos elogios, de modo que agradeço agora, de forma geral, a todas as palavras de estímulo, de carinho e de compreensão. Vocês não imaginam o quanto isso é importante para um realizador. Outra coisa: semana que vem, prometo publicar mais mensagens e mais respostas. E vamos pra briga!

De: Júnior
Acabamos de ver teu filme, eu e minha namorada. Estávamos comentando sobre ele, como a gente sempre faz com os filmes interessantes e resolvemos te escrever. (...) Gostamos. E aqui vale uma ressalva. Eu às vezes sou muito generoso com os filmes. Procuro sempre uma qualidade, seja nos atores, na direção, na fotografia, se o diretor teve pelo menos boa intenção, etc. Já minha namorada não. Ela se interessa pela estória. Se não é boa, se não prende sua atenção, não adianta. Não há cristo que lhe convença que o filme é bom. E ela gostou.

Gostamos do início, da sinceridade do casal, da maneira como os dois encaram a traição, a atração por outras pessoas. Me lembrou um pouco De olhos bem fechados. A cena na cachoeira, em que ele confessa uma coisa mínima e ela emenda que transou com outro cara é muito legal. Depois quando ele confessa que está atraído por outra, ela fecha o pau. Pô, ela transou com outro e ele só deu "uns beijinhos". Mas, depois de discutirmos, concordamos com ela. Se tá a fim de transar, é melhor ir lá e resolver logo o assunto do que ficar sempre imaginando, na vontade. O cara foi lá, transou e viu que não era tudo aquilo. Aposto que ele nunca mais voltaria lá.

E aí, no final, aquela reviravolta. Confesso que fui enganado algumas vezes. Realmente um final nada previsível. Minha namorada lembrou agora hà pouco de quando a Márcia diz pro Júlio que só está fazendo aquilo pela filha deles. Na hora parece que ela está falando da defesa, e só no final é que se entende o porquê da frase. Eu nem tinha percebido. Gostei também da estória paralela do agricultor, sem colocar um mocinho e um bandido muito definidos, mostrando os defeitos dos dois lados, apesar de no final ficar bem óbvio quem é quem.

Agora as críticas. Depois da cachoeira o filme fica meio chato, com o cara naquela de transa ou não transa com a menina. A culpa, em grande parte, acho que é da própria menina. Me desculpe, mas ela é muito fraca. Você de vez em quando fala das mulheres que deveriam estar sensuais no filme, mas que são tão sensuais como uma porta, como a mocinha do Missão impossível II ou de A cela. É exatamente o caso da nossa amiga Maria Ribeiro. Aquela mordida nos lábios quando ela tá beijando o Júlio é de amargar.

Quanto ao resto do elenco, gostei muito da Maitê. Está maravilhosa. Principalmente na cena em que explode e manda o Júlio ir procurar a outra. O Roberto Bomtempo é esforçado e está legal na maioria das cenas. Gostei muito também da Ana Maria. Mas de vez em quando, aparece o velho defeito dos filmes brasileiros. Aquelas frases decoradas, principalmente com os atores de apoio. Não dá pra fazer um filme com atores do mesmo nível? Fica muito caro?

Mas, como eu já disse, gostamos muito do filme. Muito bem feito, roteiro muito interessante. Um filme que faz pensar, que surpreende, enfim, que mexe com a gente, que não deixa a gente sair do cinema como entrou, como você diz. Só não entendi bem algumas coisas. Por que a Márcia tinha que incriminar o Júlio. Não bastava encobrir as evidências da filha? E, no final, quem estava respondendo ao Júlio no chat? Era a filha? Como ela estava com o codinome da outra? E por que o Júlio teve que usar o computador da Anamaria? Porque o dele estava com a polícia? Não tinha um outro menos arriscado?

Pra terminar, gostaria de dizer que sempre leio sua coluna e quase sempre concordo contigo. É bom ler a crítica de alguém que vê filme como a gente, preocupado com a emoção que ele nos proporciona, e não com detalhes técnicos. É muito bom "ouvir" alguém que consegue expressar sua opinião tão facilmente, e com tantos argumentos. Espero que você continue por muito tempo com esta coluna.

De: Gerbase
Vamos dividir o filme, conforme você propõe, numa metade mais "intimista" e numa metade mais "policial". Acho que recebi quase o mesmo número de mensagens dando preferência à parte "intimista" e à "policial", ou seja, muitos gostariam de um filme que se mantivesse como um drama de costumes, enquanto outros tantos prefeririam um "thriller" desde as primeiras cenas. Pois bem: eu tentei fazer um filme que discutisse idéias (expostas claramente na primeira metade), mas não com outras idéias, ou reflexões teóricas, e sim com ação, com o impacto da realidade dramática que atinge aquelas vidas de classe média, aparentemente tão tranqüilas. Creio que as preferências pessoais do público - por um tipo de cinema mais reflexivo ou mais ativo – fazem com que essa divisão de opiniões aconteça de forma natural. Pra mim, o que importa é a manutenção da verossimilhança dos personagens e da história, mesmo com a evidente troca de ritmo narrativo.

Em relação às suas perguntas pontuais: a Márcia criou um plano completo para resolver o problema que tinha em suas mãos – a possibilidade de sua filha ir para a cadeia por assassinato. Este plano, arquitetado a partir de uma camisinha encontrada no banheiro (que ela sabia ser do marido), só funcionaria se o Júlio fosse preso como o assassino (a partir de provas circunstanciais) e depois inocentado, a partir de uma evidente prova física (exame de laboratório) de que outro homem esteve com a morta naquele apartamento. Era um plano sofisticado, com grande margem de erro, mas Márcia confiava em sua experiência criminal.

Quanto ao chat final, fica evidente que Júlio está falando com sua filha, que assume o "apelido" da amiga morta para contar ao pai o que aconteceu. Em outros momentos do filme, fica claro que a Guida sabia das conversas do pai na Internet e dos apelidos utilizados de parte a parte. Na minha cabeça – e isso não está no filme, mas pode ser deduzido – eu sempre pensei que, no início da relação virtual, as duas entravam no chat juntas, como uma brincadeira. Depois, Anamaria ficou sozinho, e a coisa foi esquentando.

O Júlio está sem computador em casa, acaba de achar uma chave do apartamento de Anamaria, acaba de falar com a mulher e precisa de respostas para suas muitas dúvidas sobre o que aconteceu. Acho natural que ele junte isso tudo e vá para aquele apartamento. Além disso, é claro, você sabe que o culpado sempre volta ao local do crime, principalmente se ele não for o culpado.

De: Rodrigo Alvares
Vi o filme hoje. Ficou massa (...). O roteiro bem fechado, e, claro, a Maitê, delícia de lingerie. A minha parte preferida do filme foi aquela tomada invertida que tu fez do pôr do do sol no Guaíba. Massa. Não ficou aquele clichê de mostrar o rio e tal. (...) O filme fechou com o que tu disse um tempo atrás com a pedagogia da imagem. Pelo menos foi isso que eu percebi no Tolerância. A culpa é do Photoshop.

De: Gerbase
Assim como a culpa de todas as minhas mal traçadas críticas é do Word. Esses nerds americanos são muito maus!

De: Jacque Guedes
Fui assistir ontem Tolerância, com a Carolina Leal (atualmente sua aluna na Famecos), ADORAMOS! Muito interessante. Tudo pareceu muito natural, digo os atores tiveram uma performance muito boa. O timing perfeitíssimo. Me diga uma coisa, no começo da fita tem um cara descendo uma escada, era você? Aquela música no final fechou muito bem, né. Parabéns. Ah, gostei muito, também, das histórias urbanas do "'Contos Cinematográficos".

De: Gerbase
Mil pontos para a primeira espectadora que percebeu minha aparição hitchcochiana! Parabéns, Jacque. O que achaste da minha performance? E agora lanço um grande desafio, e prometo enviar um conjunto completo de lembranças do filme (cartaz, press-book e CD promocional com a trilha), para quem responder à seguinte pergunta: "Onde está a Pipa?".

De: André Alvarez Alves
Desta vez não vou responder nem debater suas críticas. Vou somente aproveitar o espaço criado (com muita qualidade por sinal) pra te parabenizar pelo seu Tolerância. (...) Aliás me deixou também surpreso a boa divulgação e promoção, além da ampla rede de exibição. Digo surpreso não por não esperar qualidade do filme, mas por toda história recente do cinema nacional e por seu filme ser de uma temática marginal aos regionalismos e resgates históricos de nossas últimas produções. Isso só reflete o apoio e confiança conquistados na Columbia. Parabéns. Que bom que ainda há espaço para o diferente.

Achei ótimo também o espaço conquistado na mídia, principalmente impressa, com críticas equilibradas e positivas. Curiosidade: ficaste com medo de virar vidraça? Realmente deve dar uma ansiedade braba. Bom, agora um fato curioso. Duas senhoras sentaram-se logo à minha frente. Admirei o poder de atração universal do filme a todas as idades. Saíram na metade... Arriscado palpite (pois talvez tenha sido uma indisposição intestinal...), acredito que se sentiram mal com o conteúdo altamente erotizado (e digamos, liberal...) da primeira metade do filme. Bom, azar delas, perderam uma baita trama e um puta desfecho...

Isso reflete um pouco da minha opinião sobre o filme. Não sei se vc concorda com a teoria de "três filmes em um" alardeada pela crítica. Posso dizer que gostei bastante da parte introdutória da história. Confesso porém que, lá pelo meio da trama, senti um certo vazio de enredo, uma certa patinada... Me perguntei: (...) legal, comédia de costumes, drama familiar, mas só? Será que vai descambar pra uma trama erotizada, mas sem sal? Mal sabia eu que vc apenas cozinhava o público para o "grand-finale".

Apesar de Tolerância transmitir um conteúdo familiar-cultural-político muito bonito e contemporâneo, confesso que o que mais me surpreendeu como espectador foi o incrível desfecho e toda a amarração anterior. Cara, foi muito bom! Acordou, mexeu, deu todo o sentido ao filme. Não sei se concordas, mas isso faz com que o filme cresça no seu transcorrer (e geralmente é o contrário que acontece...). Só sei que, após a sessão, eu e minha namorada discutíamos os detalhes e revisávamos os sinais dados (a la Hitchcock) anteriormente ao desfecho. Sem querer puxar o saco, foi genial.

Gostei também porque a virada da trama, livrando a Maitê da figura de esposa-traída-tresloucada-vingativa, deu muito mais coerência e veracidade à estória. Seria previsível, mas não verossímil, que a Maitê endoidasse e matasse a Ana Maria. O desfecho foi surpreendente e lógico ao mesmo tempo.

Me deixou curioso o desenvolvimento da trama paralela, o caso Teodoro x Juvenal. Acredito que o filme se sustentaria sem ela. Me perguntei o objetivo: ressaltar a política como força atuante na vida das pessoas? Dar um toque social- contemporâneo? Simplesmente dar mais consistência ao personagem do Teodoro? Não saquei. As histórias convergem no mote da "(in)tolerância" e a trama paralela até que enriquece o filme, mas não me deixa de tentar responder: por quê?

Bom, tudo isso são conjecturas. Desculpe se me alonguei, mas queria passar essas minhas impressões. Fiquei realmente muito feliz por ter tido minhas expectativas correspondidas. Parabéns novamente e vida nova ao cinema!

PS1: O site está dez, mas não consegui ampliar as fotos. Problemas técnicos meus ou seus?

PS2: Grande trilha sonora...

PS3: Uma vez vc escreveu que odiava Atração Fatal pela condenação moralista do adultério, implícita nas conseqüências desastrosas da pulada de cerca. Bom, as conseqüências da pulada de cerca do Roberto Bomtempo também não foram nada agradáveis... Só pra cutucar...

De: Gerbase
O filme não se sustentaria sem a trama de Teodoro, por duas razões: ele é personagem fundamental para a resolução da trama principal (é o "doador" da segunda camisinha) e ele amplia a discussão sobre a tolerância que eu queria estabelecer no filme. Por quê ele morre? Porque a Márcia acredita demais numa suposta tolerância do fazendeiro, ou, pelo menos, não tem a capacidade de desconfiar (como Teodoro desconfia) das intenções do fazendeiro. Ou seja, é muito fácil acreditar na tolerância alheia quando o perigo é enfrentado por uma terceira pessoa. O Teodoro morre por uma razão diferente da que vitima Anamaria, e eu gostaria que o espectador refletisse sobre essa diferença, que é sutil, mas importante para ampliar a reflexão proposta.

(P.S.1) Creio que o problema técnico da ampliação das fotos no site já foi resolvido. (P.S.2) Obrigado. Divido os méritos com Flávio Santos e Marcelo Fornasier (diretores musicais, junto comigo) e com todos os músicos que participaram com suas canções. (P.S.3) Eu continuo odiando o Atração Fatal, mas creio que a trama de Tolerância, apesar de também conter uma situação de adultério, não tem mais nada a ver com a bomba moralista do Lyne. Só pra lembrar: em Atração Fatal, o perigo está fora da família, representada pela "amante louca", enquanto que em Tolerância o perigo está dentro da família, representado pela dificuldade de passar da teoria de um casamento "livre" à prática. E a amante é a vítima.

De: Daniel Mengue
Conferi o Tolerância na Sexta, lá na Paulo Amorim. Vibrei demais com o filme. Há cenas que realmente me fizeram mexer na poltrona... A cena do Ocidente, com aquela trilha poderosa, me fez dançar sentado :)) Aliás a trilha do filme é excelente. Vamos ter CD pra comprar? Olha que a imprensa nacional tb está pedindo. Eles estão é super ligados nesse importante lançamento do cinema gaúcho. Tenho lido as matérias sobre o filme na internet e eles estão mesmo se rendendo ao seu talento e ao pessoal da Casa de Cinema. Tb pudera, com um filme tão bem executado, não era pra menos...

Nunca vi os porto-alegrenses tão bem retratados numa tela... A Maria conseguiu pegar bem o estilo e o sotaque das gurias :)) Desde que assisti o filme tenho a impressão que vou encontrar a Márcia ou o Júlio no Bonfim, ou a Anamaria no próprio Ocidente... A Maitê realmente está ótima e a Márcia deixaria Maquiavel no chinelo!). Fiquei de queixo caído com a tomada da ilha sobre o amanhecer em POA. De encher os olhos e calar a boca de quem acha que filme gaúcho tem que mostrar a campanha. O plano pós transa na cachoeira é lindo. Falo quando a câmara vai baixando até encontrar a água...

Vibrei muito com a encrenca na hora do entregador de pizza (o talentoso Julinho). Sensacional. Ah!! E ver o salão nobre do Direito da UFRGS foi legal (e com o Magalhães de juiz ). Tantas foram as palestras que assisti lá... Eu li o diário das filmagens depois de ter visto o filme. Como dá trabalho, hein??!! Ainda bem que eu não li antes, acho que eu teria me surpreendido menos com as coisas. Sabe como é, pelo diário dá pra deduzir algumas coisas e saber que tem tais e tais cenas...

Eu esperava mesmo um roteiro costuradíssimo e cheio de surpresas. Foi ótimo. Tenho curtido muito a existência de Tolerância e espero que a Casa possa nos dar mais prazeres como esse. Parabéns pelo excelente filme e pelo sucesso, mas não nos abandone, OK?

De: Gerbase
Obrigado. Tentei fazer um filme tri porto-alegrense, mas absolutamente universal. Espero que tenha dado certo.

De: Marinho
Grande, Gerbase! Grande filme, cara. Muito sexo, rock e drogas na medida certa. Agora mata a dúvida de um tio meu, que me deu teu e-mail e fala de vez em quando contigo (Ivan). Qual conjunto que tu cantava? Ele não tá levando essa história a sério, mas eu disse que tu é roqueiro também. Ele me lançou as tuas colunas e eu andei lendo algumas. Show. Eu tinha visto o Maximus, tinha achado legal, mas não caía direito aquela história toda. Até a tua bomba explodir na minha mão. Falando sério... Tô no RS há 8 anos estudando e venho acompanhando a Casa de Cinema. Fiquei feliz, até emocionado, vendo nascer depois de muita luta (imagino eu) o longa de vocês. Esperamos outros. Grande abraço e sorte na seqüência do trabalho. Vou acompanhar tuas colunas mais de perto agora que descobri o caminho. É isso aí! Nóis qué rock! Grande trilha do filme. Será que sai em CD?

De: Gerbase
Eu tocava bateria (até 1990) e agora (de 90 a 2000) canto n"Os Replicantes". Espero que o seu tio não me despreze por isso daqui por diante. A trilha talvez saia no ano que vem, pois a Trama já demonstrou interesse.

De: Goron
Acabo de ver Tolerância e o que eu vi no cinema me agradou muito, mas também me deixou esperando mais. Calma, eu explico. Comprei minha entrada e me sentei na poltrona esperando ver, não um filme brasileiro qualquer, mas a obra de um cineasta competente, criativo e, sobretudo, sem medo de tentar. Em muitos sentidos o teu filme não me decepcionou. Tolerância é a vitória do gueto contra a(o) capital: o Bom Fim tomando o Moinhos de Vento de assalto - para quem não é de Porto Alegre, Bom Fim, ou "Bonfa" para os íntimos, é o mesmo e alternativo bairro onde a trama tem o seu clímax dramático.

Enfim, para não encher lingüiça, vi um filme muito bem realizado, com apuro técnico acima do normal, sem nada a dever a produções norte-americanas alguns milhões de dólares mais caras. Mas não era só isso, não: vi atuações muito boas, principalmente da (epa!) Maitê Proença e da amiga da filha que seduz o Ricardo Bomtempo. Todos os personagens pareciam críveis e reais. O primeiro ponto positivo: é um filme brasileiro que te faz esquecer que tu está vendo um filme brasileiro logo nos primeiros cinco minutos. É chato ter que insistir nisso, mas normalmente o cinema brasileiro tem esta mania de ficar jogando na cara do espectador a origem da fita.

Às vezes pela produção descuidada, outras pelo falso sotaque nordestino (nada contra o verdadeiro) ou pelas imagens da caatinga, como se o Brasil não tivesse vida urbana, nem classe média com seus dramas e preocupações. Mostrar pessoas de classe média não é falta de sensibilidade social, e tu fizeste isso muito bem. Também confesso que esperava estranhar mais um filme feito na minha cidade, Porto Alegre. Mas apesar de os elementos todos estarem lá - o "tu", o chimarrão, o rio, o Bom Fim, os feios prédios do centro da cidade, um certo ar de elegante decadência - Tolerância narra uma história extremamente universal, ao ponto de lá pela metade do filme tu poderes acreditar piamente que ela poderia estar acontecendo em Nova Iorque, Paris, Cidade do Cabo ou Nova Délhi, e na verdade o local é o que menos importa.

O forte do filme é a sólida primeira metade, mais intimista, onde somos apresentados ao "pacto de amor" do Ricardo Bomtempo e da Maitê Proença, um casamento aberto gerado lá nos anos 70 e que agora vai passar pelo primeiro teste verdadeiro. Gostei especialmente de como o filme tratou a sedução entre o pai e a amiga da filha, e da relação do Ricardo Bomtempo com a tecnologia, uma cara que realiza suas fantasias num espaço virtual e acha que por isso mesmo não está traindo ninguém.

Tchê, a Maitê Proença está irreconhecível, quer dizer, para o bem: atuou de forma convincente, passa a imagem de uma mulher segura na superfície, mas que na verdade não está preparado para as conseqüências do estilo de vida que projetou para si. As cenas de sexo, vá lá, puxam meio pelo exagero, mas estão inseridas na história e acrescentam ao que o filme quer transmitir. Também gostei do recurso da mesma cena contada por diferentes narradores, "a lá" Os Sete Samurais e Coragem sob Fogo, recurso, aliás, que tu usaste nos dois crimes cometidos ao longo do filme. No meu ponto de vista, o ponto alto do filme chega quando o casal discute no estúdio do marido, ela explode e mostra toda a sua intolerância, ele sai para a rua desnorteado, a única alternativa é consumar o ato proibido que tinha relutado tanto em fazer.

Mas os (não tão grandes) problemas do filme começaram justamente aí. Não engoli totalmente o crime e a incriminação do Ricardo Bontempo, quer dizer, não os fatos em si, que são coerentes, mas como e por que eles se inserem na narrativa. Como trama policial está até bem amarrada, etc., mas te confesso que não gostei tanto assim dessa reviravolta, apesar de no final ela elevar a trama a um patamar completamente inesperado. A trama paralela sobre o posseiro que é ameaçado pelo meio-irmão explica e conduz a história, mas às vezes parece um pouco insossa.

Por vezes, quando o filme cortava para a Maitê falando como o cliente e repetindo pela enésima vez que ele não ia ser morto pelo proprietário das terras, te garanto, dava vontade de falar: OK, é coerente, mas, por favor, volta para o casal, a filha e a amiga, porque tem tanta coisa mais interessante acontecendo entre esses quatro! Daí por que eu achei que, apesar das coisas se precipitarem com a morte da amiga, o filme na verdade sofre uma certa queda de interesse no terceiro quarto. Para isso ajudou o fato de as cenas de prisão e com a polícia serem, no meu entender, menos realistas do que o resto do filme.

Eu sei que tu tiveste que filmar num armazém do DEPREC e etc. Talvez eu esteja sendo crítico demais, o filme É bom, mas se faço isso pode ser por conhecer e acreditar na tua capacidade. De qualquer modo, os quinze minutos finais na minha humilde opinião redimem o filme. A descoberta do autor do crime é conduzida com maestria e o melancólico destino do cliente da Maitê Proença coloca cara a cara DOIS personagens culpados até os ossos. A frase da Maitê dizendo que o Werner Schünemann iria preso é de uma ironia total.

O mais importante é o grande realismo da trama, jamais, exceto talvez as cenas na prisão, deixamos de acreditar que aquelas são pessoas de carne e osso, vivendo dramas, paixões que nós, simples mortais, poderíamos estar passando no lugar delas. Isso é muito bom e um sopro novo no cinema brasileiro, porque em geral as histórias realistas contadas pelos cineastas tupiniquins se passam nos grotões sertanejos e entre pessoas, quer queira, quer não, muito diferentes de nós, cidadãos urbanos.

Ficaram para mim apenas algumas dúvidas cruéis, certamente tu deve ter explicações para todas elas, mas passo a relatar o que ficou martelando na minha cabeça: teve tempo de a Maitê e a filha prepararem o "cenário" para a entrada do Ricardo Bomtempo no apto.? Não prestei muita atenção, mas o Ricardo Bontempo não foi ao local LOGO depois da mulher? Faz sentido o cliente da Maitê Proença ter atirado em si mesmo, a queima roupa, e a perícia não ter determinado isso? A absolvição dele parece meio a margem desses detalhes técnicos. Ou talvez o outro tivesse atirado mesmo, e essa última versão fosse só isso - mais uma versão da realidade contada pelos personagens do filme.

Não achei muito realista o Ricardo Bomtempo ter sido liberado só pelo fato de a camisinha encontrada no apto. não ter o seu esperma. Poxa, ele foi visto por duas pessoas, agachado junto do corpo, com a arma do crime na sua mão, e sem uma explicação plausível para o que tinha acontecido. E pouco antes tinha jurado matar a guria! Terá outra explicação que me escapou? Quem foi indiciado pelo assassinato, afinal? O teste de DNA no esperma só poderia excluir o Bomtempo; não podia apontar a identidade do cliente, a não ser que a Maitê Proença DISSESSE que foi ele, o que automaticamente ia torná-la suspeita. Não acho lógico que o inquérito tenha sido arquivado sem indiciarem o Ricardo Bomtempo, pego no local em atitude altamente suspeita. Bueno, por ora é isso, Gerbase. No mais, parabéns pelo excelente trabalho.

De: Gerbase
Acho que já respondi sobre o plano de Márcia e sobre a maneira como a trama de Teodoro está imbricada à trama principal. Vamos às outras questões: fiz questão de usar uma grande redundância na expressão "Ninguém vai matar ninguém", usada pela Márcia para tranqüilizar Teodoro, por dois motivos – para que ficasse evidente (no final do filme) que ela estava enganada em relação à tolerância do fazendeiro, e como uma espécie de anúncio das mortes que se seguem.

O tempo para a preparação da trama: Maitê planejou e executou seu plano em algumas horas. Até por isso ela tinha pressa de sair do hotel de Teodoro depois de pegar o que queria. Mas lembre-se que o Júlio só foi para lá depois que ela armou aquele barraco no estúdio.

Acho que você não entendeu as diferentes versões do duelo no campo. É óbvio que Teodoro atirou primeiro. Ele confessa isso para Márcia (e para o público) duas vezes. Na segunda, ainda explica que atirou porque o outro xingou a mãe! As outras duas versões são a mentira de Márcia no júri e a suposição maluca do Juvenal (que você cita), logo desmontada pela própria Márcia.

O delegado, quanto solta o Júlio, diz 3 coisas: que o esperma não é dele (e esta era a prova principal), que o legista comprovou que a morte aconteceu ANTES dele chegar e que Márcia conseguiu um "habeas-corpus" (ou seja, não quer dizer que ele seja inocente, e sim que não ficará na cadeia). A investigação continua, mas Júlio não é mais o único suspeito. Há um outro homem, misterioso, que esteve no apartamento na mesma noite, transou com Anamaria e pode tê-la matado. Só que esse a polícia nunca vai encontrar.

De: Antonio Augusto
Nunca escrevi para vc, mas me sinto íntimo, já que leio todas as suas críticas e acho, sem querer agradar, que vc é o melhor crítico de cinema que temos no Brasil. Por muitas vezes vc consegue exprimir aquilo que gostaria de dizer sobre um determinado filme. Na verdade, gostaria de parabenizá-lo pelo seu filme, que acabei de assistir aqui no Rio esta noite. Tolerância é um filme muito acima da média e, em minha modesta opinião, tecnicamente perfeito (apesar de minha mulher, que é assistente de figurino, já tendo feito diversos filmes, ter implicado na camisa rolê da Maitê Proença, cuja gola descia e subia, na primeira parte do filme).

Por falar em Maitê Proença acho que vc conseguiu o milagre de fazer com que ela, pela primeira vez, me convencesse que é uma atriz de verdade! O único "senão" é aquele ataque histérico que ela tem na escada quando põe o marido para fora de casa para que ele consumasse a transa com a amiga da filha. Isso inclusive gerou uma discussão com a minha mulher, já que ela acha que todo aquele histerismo era porquê o marido não tinha sido sincero com ela, como ela tinha sido com ele.

Retruquei dizendo que, muito pelo contrário, ele tinha acabado de ser sincero e que aquele histerismo não cabia na situação, que, pela postura até o momento mostrado pela Maitê, o mais natural era que ela simplesmente se zangasse com ele e que o pusesse na rua apenas para que ele resolvesse o tesão reprimido e voltasse depois, mas de uma forma mais sarcástica e racional (como ela foi durante todo o filme) e menos histérica. Na minha opinião esta seria a única escorregada na atuação da Maitê, não sabendo transmitir aquilo que o diretor queria passar (êpa, acho que a culpa foi sua, não sabendo conseguir aquilo que queria!!). Gostaria muito, muitíssimo, que vc me mostrasse qual era realmente sua intenção e o por quê daquela reação da Maitê.

No mais o seu filme leva nota 9,5, ficando na frente de Bufo & Spallanzani, sendo estes, nesta ordem, os melhores filmes nacionais que assisti este ano. Parabéns pelo filme, cheio de viradas absolutamente fantásticas, e obrigado por me proporcionar bons momentos na sala de projeção. Como rato de cinema que sou, sinto cada vez mais dificuldades em assistir filmes de qualidade e o seu foi um deles. Espero o próximo

P.S.: A propósito, qual a sensação de virar vidraça?

De: Gerbase
É bom ser vidraça, pelo menos quando dá pra atirar a pedra de volta. Olha, falando sério, a quantidade de críticas e mensagens "positivas" é tão grande que uma que outra pedrada são assimiladas sem problemas. Vamos às suas: a cena em que Márcia expulsa Júlio de casa ("vai resolver teu problema, meu filho, depois a gente conversa") era a mais difícil do filme, do ponto de vista interpretativo. Eu acho que uma esposa mandando o marido transar com outra é algo complicado de contar de forma verossímil.

Tentei fazer uma cena de alta carga emocional, dando a Márcia (depois que Júlio sai) a oportunidade de "desmontar-se" um pouco, já que, no resto do filme, ela é tão fria e calculista. O resultado, honestamente, me agrada muito. Eu acredito naquele choro, e acho que 99% dos espectadores também acreditam. Não concordo que a Maitê, na escada, tenha ficado "histérica". Ela simplesmente senta e chora, soluçando um pouco. Histeria é outra coisa. Mas ela não poderia ser apenas "racional". No mais, obrigado pelos elogios.

De: Gabriel Mello da Silva
Acabo de voltar do cinema onde assisti "Tolerância". Achei o filme excepcional, surpreendente e muito bem acabado, de produção caprichosa. Acredito que a principal estrela do filme não seja nenhum dos atores (todos ótimos em seus papéis, por sinal), mas sim o roteiro, magistralmente elaborado, e que exige muita atenção do público. Dá orgulho ver um filme assim e saber que foi feito aqui ("aqui" no caso, não é só POA, RS, mas também Brasil). Tenho uma única ressalva: poderiam ter explorado mais as imagens de Porto Alegre, que é uma cidade muito fotogênica (vide Woody Allen, que eu acho um chato de galocha, mas sempre reverencia Nova York em seus filmes com belas imagens da cidade). Parabéns, Gerbase e equipe, todo o elenco e pessoas envolvidas na produção. Continuem fazendo bons filmes! Ah, a trilha sonora também ficou bacana...

De: Gerbase
Prometo fazer mais planos da cidade em meu próximo filme. Na verdade, eu tenho uma certa bronca com planos "cartão-postal". Mas entendo o que você quer dizer. Me cobra.

De: José Bittencourt
Passei uma hora e tanto muito agradável no cinema. Se bem que nem a direção nem as atuações sejam brilhantes, o filme proporciona uma diversão agradável e possibilita ao espectador o acesso a algumas questões importantes, embora não as aprofunde. A questão da tolerância à infidelidade, que devia talvez ser colocada no centro do filme, fica um tanto diluída. Uma outra questão interessante é sobre a fantasia masculina, que aparece através do uso que o personagem Julio faz das salas de chat da Internet - essa discussão também não é tocada. O filme talvez ganhasse com um roteiro mais denso. As coisas custam muito a acontecer, e a primeira metade chega a ser desinteressante, em certos momentos. A narrativa arrastada poderia ceder espaço para a discussão dos
pontos apontados acima. No mais, todo mundo está de parabéns - é um bom filme e acho que cumpre aquilo a que se propõe: divertir o espectador.

De: Gerbase
A questão da Internet é absolutamente secundária no filme. Não quis aprofundar essa história de "namoro virtual" porque não tinha muito a ver com a questão central. Tentei manter a discussão da tolerância como a mais importante, e, se você a achou, diluída, é que o filme não funcionou para você. Acontece. Talvez a trama do Teodoro pudesse ser mais desenvolvida, mas esta foi uma opção consciente dos roteiristas: prioridade total para Márcia e Júlio.

De: Gislene Lopes Gonçalves
O filme está muito bem escrito, muito bem interpretado, a fotografia é interessante e a figura do porto-alegrense foi retratada com total fidelidade. O estilo de vida dos personagens, as falas, o sotaque, enfim... Tudo nos seus devidos e originais lugares. Só uma coisa me deixou assim, digamos, um pouco surpresa. As cenas de nudez! Acho que não havia necessidade de tamanha explicitude. Uma intenção bem mostrada vale mais que o erotismo de uma cena escancaradamente explícita, que a mim chega a ofender. Acho que, se não fosse por isso, diria que o filme é excelente! Parabéns a todos produtores, elenco e pessoas que investem financeiramente no nosso cinema nacional.

De: Gerbase
A sua frase - "Uma intenção bem mostrada vale mais que o erotismo de uma cena escancaradamente explícita, que a mim chega a ofender." – é reveladora de uma recepção interessante às cenas de sexo, e que certamente é compartilhada por outros espectadores. Não é a primeira vez que isso acontece em meus filme – Sexo & Beethoven – O Reencontro, meu último curta, também "ofendeu" algumas pessoas. Peço perdão se ofendi, mas pode ter a certeza que não foi esta a minha intenção. Queria simplesmente mostrar "como" se deram as transas, pois apenas informar que elas aconteceram (usando uma "intenção" dos personagens) seria tirar do filme alguns elementos que, para mim, são fundamentais.

Eu tinha que mostrar, no começo do filme, que a vida do casal era sexualmente bem resolvida, ou seja, que eles não procuraram outros parceiros por estarem cansados um do outro. Eles se gostam, se amam. E eles transam num lugar muito bonito, meio mágico, que logo a seguir será palco de revelações importantes. Creio que as confissões só acontecem porque eles estão felizes, com aquela canseira clássica depois de uma transa intensa. Já a transa do Júlio com a Anamaria tinha que ser mostrada por oposição à primeira: é uma transa altamente erótica, mas o Júlio carrega um sentimento de culpa imenso, enquanto Anamaria assume uma posição meio masoquista ("bate em mim"), que é reveladora da sua personalidade. Lembro que as duas transas da Maitê com o Teodoro ficam nas "intenções" que você defende, porque realmente não acrescentariam nada à história.

Outra coisa importante: não há qualquer imagem "explícita" no filme. Há, isto sim, a vontade de colocar o sexo no filme com a importância que ele tem na história. Se os seres humanos se reproduzissem como as amebas, não haveria o tipo de conflito que Tolerância discute. Sei que alguns espectadores acham as cenas quentes demais, ou até "apelativas", mas também recebi dezenas de mensagens me parabenizando por elas. Acho que não cabe ao cineasta procurar agradar a todos. Eu, pelo contrário, gosto de incomodar alguns e de divertir outros tantos.

De: Patricia Prettes
Como sempre, Gerbase choca e nos faz pensar sobre o cotidiano, que embora pareça "normal", pode não o ser de verdade! O filme é de um realismo encantador e nos faz a todo momento refletir sobre os conceitos morais de cada um dos personagens, além, é claro, de tratar de temas importantes do Rio Grande do Sul, como a disputa de terras, reforma agrária... Parabéns ao diretor e a todo o elenco maravilhoso.

De: Gerbase
Olha só, Gislene. A Patrícia gosta de ser chocada! Valeu, Patrícia.

De: Jorge Ghiorzi
O primeiro longa metragem produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre surpreende por vários motivos. Em primeiro lugar por sua narrativa, firme e precisa, resultado de um roteiro bem arquitetado (e bem conduzido). Quanto à sua produção, também é destaque. Não fica nada a dever aos melhores exemplares recentes da produção brasileira. E, por fim, o elenco está afinadíssimo.

Tolerância surpreende constantemente o público. Quase nunca é o que parece. E nem sempre diz o que parece estar dizendo. É dissimulado. Assim como o comportamento de seus personagens. Num jogo de aparências, eles costumam representar comportamentos bem estudados. Na verdade gostariam de estar fazer exatamente o contrário. O casal de protagonistas (Maitê Proença, maravilhosa, e Roberto Bontempo, correto) vivem um casal em tese moderno. São abertos, liberais e tolerantes. Em tese.

Ele visita chats na Internet e descarrega nas teclas um pouco de sua verdadeira personalidade. Sua esposa, uma advogada, é eficiente no Tribunal, sexy na cama e companheira com a filha. Mas nem tudo é um mar de rosas. Assim como Nicole Kidman em De Olhos Bem Fechados, ela confessa ao marido que o traiu num momento de fraqueza com um cliente que defendia na Justiça. A declaração, aberta e franca, cai como uma bomba no paraíso doméstico. O marido acusa o golpe e perde o rumo. Tolerância é bom em tese. Na prática são outros quinhentos.

Ele aceita com dificuldade a traição de sua mulher. Meio inconscientemente (ou não?) começa a lançar olhares de cobiça para a melhor amiga de sua filha. O resultado e desfecho não poderiam ser mais imprevisíveis. "Tolerância" brinca com as expectativas do público. Começa como um tradicional drama de costumes, avança um pouco para a comédia mais franca e, golpe final, coloca o público em choque com uma reviravolta total e encerra com um eficiente suspense com doses moderadas de violência. Como saldo positivo, após tantas idas e vindas, "Tolerância" cumpre com talento um dos mais primordiais papéis de um filme: é um entretenimento de primeira.

De: Gerbase
Obrigado, Jorge. Sua frase sobre Tolerância – "Quase nunca é o que parece. E nem sempre diz o que parece estar dizendo" – me parece um dos melhores resumos que podem ser feitos do filme.

De: Jones Ricardo Selbach
A melhor forma de opinar é assistir a um filme sem ler sua sinopse ou críticas do segmento. Após cento e poucos minutos, o que resta é a necessidade, quem sabe, da continuação. "Tolerancia" é tolerante em vários momentos, mas como o limite está na intolerância vivenciada em nosso cotidiano, as cenas que se seguem demonstram uma seqüência que não vira mesmice. Sem querer avançar tecnicamente na construção do roteiro e desfecho de todo o longa, o que posso salientar é que com este filme uma nova e atual linguagem mediadora é tratada de forma interativa. Recursos tecnológicos são trazidos para a tela e interagem com os personagens como um novo (ator/a).

Um filme presente, "normal", que vira policial, que vira "normal" e pode continuar e continua policial. Uma produção em que a liberdade de se costurar a estória dá um significado maior a todo o "espetáculo" propiciado ao público. Cenas de sexo que não são opacas, que também interagem com o ambiente em que os atores estão inseridos. Uma harmonia que poderia servir de escola pra muito seriado enlatado que só retrata unilateralmente (até mesmo o ato sexual).Acredito que esse trabalho servirá futuramente de objeto para muito trabalho de conclusão em universidades. Enquanto as cabeças pseudo-intelectualizadas buscam fontes estrangeiras para suas sebosas teses é preciso que se aperceba as produções e "lutas" mais próximas. Poderia discorrer, e haverá outras oportunidades para trocar idéias sobre esse e outros tantos trabalhos que virão, mas, antes disso, fica um singelo e humilde abraço, um desses "parabéns" a toda equipe por essa vitória de poder colocar nas telas uma produção nacional.. e isso é muito bom.....

De: Gerbase
Mais uma frase boa para o material de divulgação - "Cenas de sexo que não são opacas, que também interagem com o ambiente em que os atores estão inseridos." Acho que o Jones compreendeu porque as cenas precisam estar ali.

De: Claudia Regina Freitas
Achei o filme muito bom! Só acho que as cenas de sexo poderiam ter mais efeitos especiais (não aparecendo totalmente os corpos, para não parecerem tão chocantes. Tinha uma velhinha no cinema, que depois do filme foi tomar um sorvete (acho que para se refrescar) eu tinha o meu namorado (que depois me refrescou!).

De: Gerbase
Viva o refresco! E agora, solenemente, eu prometo: continuarei esquentando velhinhas e namorados em meus próximos filmes. Espero que as fábricas de sorvete e os motéis se tornem meus principais patrocinadores!

De: Altenyr Silva
Encontrei dois filmes em um. O primeiro é um drama existencial que após cumprir sua etapa, nos presenteia com o segundo, que é uma bela trama policial, e somente no fim, descobrimos que um nasceu para o outro. Parabéns, equipe!

De: Gerbase
Obrigado. E até semana que quem. As pedras e as flores continuam caindo de montão! Ainda bem.


Tolerância
(Brasil, 2000). De Carlos Gerbase


Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A gente ainda nem começou e "Fausto"). Atualmente finaliza seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.

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