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DÊ SUA OPINIÃO (OU CALE-SE PARA SEMPRE) Filme: As Virgens Suicidas
De: José Ricardo Pinto Achei "As Virgens Suicidas" bastante irregular. Como se a diretora estivesse fazendo muito esforço para mostrar seus dotes artísticos, logo em seu primeiro filme. O anti-clímax talvez seja a razão de minha leve decepção, porque ao invés de mostrar o desmoronamento do padrão conservador da família reprimida ao longo da narrativa, já entramos sabendo de tudo, sem surpresas, como o próprio título já diz. Mas também acho que a própria Sophia não estava muito interessada em fazer nenhum thriller, nem aprofundar muito sobre os conflitos sociais gerados pela repressão dos anos 60. Sua principal intenção era fazer uma obra plásticamente poética como uma crõnica singela. O erro também foi meu em esperar algo como "Heavenly Creatures" (não lembro do título em português) de Peter Jackson onde há um total desfacelamento criado pela relação fortíssima entre duas moças. Mas existem grandes achados em "As Virgens...". e um deles é sem dúvida a Kathleen Turner que mostra sua convicção como ótima atriz, não adotando o visual de 99 por cento das atrizes de sua geração. Gorda , preocupada, e rabugenta (sem cair no estereótipo da megera malvada) ela dá o tom exato para que o suicídio das virgens aconteça. Uma mãe que não sabe a diferença entre colo e sufocamento, uma vilã poética, enfim uma maravilhosa interpretação! Resumindo: Vejo este filme como uma válida intenção e uma obra muito particular de uma estreante que ainda pode render ótimos filmes se devidamente mais concentrada no impacto da emoção. De: Gerbase De: Ana Paula Penkala Quanto ao Encouraçado Pato Quentin, sinceramente foi duro de suportar um filme daqueles sem ficar moribunda, apesar de ser a obra que é. As cenas da escadaria de Odessa, essas sim, hilárias, incríveis, históricas e inexplicáveis (aliás, como os habitantes da Odessa daquela época eram horrendos!). Fiquei é com um baita nervoso de ter ido assim tão na contramão do que Gerbase (...) profere. Mas somos pessoas diferentes e ainda acho que é melhor impor uma opinião verdadeira que mudar com a maré, mesmo que em águas de Gerbase. Por falar em maré, visse o Náufrago naufragado de um avião? No mas, colega, um muito obrigada e minha eterna admiração. Vê se faz mais longas que os gaúchos merecem! De: Gerbase De: Keli Boop Não que isso não seja necessário em alguns momentos nas relações afetivas/sexuais, a questão está na forma gratuita como isso tem sido colocado pras pessoas. "Fazer o serviço", na melhor das hipóteses, é cumprir uma obrigação com rapidez e eficiência. OK, não assisti ao filme, até pode ser intencional o papel do garoto que foi lá "introduzido pra fazer o serviço", mas se isso ocorre, há uma outra leitura nessa tal história, muito mais profunda, digamos assim, que deveria/poderia ser comentada. Estou escrevendo isso porque tem aí alguma coisa que me incomoda, porque eu sou chatíssima e neurótica (como diria a Madonna, "nobody´s perfect") e também porque admiro bastante a forma como você "administra" o seu espaço, não necessariamente nessa ordem. Ainda tem uma outra hipótese: porque eu não entendi nada. Talvez eu tenha que ler Camile Paglia (juro, até que tentei, vendi o livro na falta de grana, certa vez...), mas é que estou mais pra Beauvoir do que "la palha". De: Gerbase De: Reame De qualquer maneira, mando esse e-mail devido a quantidade de pessoas, que discordaram de vc, descarregando ódio e até atacando o seu Tolerância (outro que não vi, peço desculpas). Tudo bem, nem sempre gostamos de ouvir opiniões contrárias, mas por isso que essa coluna é importante! Para cada um expor o que pensa, claro. Uma frase que deveria ser o lema de cada um: "Gosto se discute, mas, antes de mais nada, se respeita". Obrigado, Gerbase. Até logo e até mais. OBS: Muita gente já mencionou isso, mas a seção "Favoritos" não tem novidades faz meses. Se tiver tempo, Francis Coppola é uma grande pedida, mas Kurosawa e Buñuel tão implorando para entrar. De: Gerbase De: Andre Augusto Lux É de conhecimento geral que em momentos de grande estresse o ser humano pode até ganhar forças sobre-humanas. Vai ver o Willis achou que fosse esse o caso, ou então, estava tão entretido em salvar a vida da sua mulher que nem se ligou que tinha arrancado a porta... Bem, pelo menos foi isso que o filme claramente me passou. Mas cada um tem o direito de tirar a conclusão que quiser. Quanto ao seu TOLERÂNCIA, é... vai ver não entendi direito mesmo. Achei que tinha escutado a ninfeta dizendo que se aproximou da filha do Júlio pois tinha se apaixonado por ele, depois que teclaram naquele chat. Só achei absurdo, pois o filme não dá nenhuma pista de COMO ela sabia quem ele era na vida real, ainda mais quem era a filha dele! E vc também não se preocupou muito em me explicar... por isso acho que foi um furo mesmo. Bem grande, por sinal. Daqueles que fazem o filme perder toda a lógica, já que essa é uma das "molas" propulsoras dos conflitos que finalizam o filme. E olha que eu estava extremamente bem-humorado naquele dia!!! De: Gerbase De: Carlos Zanella Não tem nada de contraditório ou confuso na minha mensagem, quando eu coloquei "Quadrinhos e Cinema são praticamente uma linguagem só!" e "Eu achei a tradução de uma linguagem pra outra em "Corpo Fechado" muito boa." no mesmo parágrafo. Repare que eu disse "PRATICAMENTE uma linguagem só". Elas têm mais semelhanças do que diferenças, mas TÊM diferenças (um é desenho em papel, outro é imagem em movimento - fato óbvio, porém necessário de ser observado), e uma tradução é necessária quando se quer passar de um universo pro outro - e uma tradução malfeita pode acontecer, como a aberração chamada "Batman & Robin", por exemplo. "Corpo Fechado", na minha opinião, é um caso onde essa tradução foi feita magistralmente. O que me levou a fazer esses comentários naquele meu mail foi um esclarecimento a respeito do assunto: muita gente, principalmente críticos, ignora esse casamento entre cinema e HQ, muitas vezes por preconceito ou por não conhecer bem a linguagem das comics, não levá-la a sério como merece. Não sei se esse é o seu caso, mas eu tenho muitos motivos pra discordar de você quando diz "A idéia era criar um contraste violento (...) entre a narrativa tradicional de uma HQ, com muita ação e ritmo frenético, e o que efetivamente está na tela, um lento e sombrio deslocamento dos personagens rumo à sua verdade existencial." e "Cinema não é história em quadrinhos". Nem toda HQ tem um ritmo frenético, por exemplo - experimenta ler algumas coisas do Moebius. Não sei se vc conhece, mas se não, acho que vai gostar... Quanto aos seus papéis de "cineasta" e "crítico" que eu questionei, é uma coisa sua que me intriga: você detesta quase todos os filmes a que assiste! Dá a impressão que você odeia cinema. Claro que sei que você não odeia, senão você teria uma vida tão atormentada quanto a de uma vaca com alergia a lactose, mas por quê não escreve críticas de filmes que gostou, só pra variar um pouco? (Parêntese: também achei "Contos Proibidos" duca) E, relendo meu mail, percebi que fui um pouco rude mesmo, acabei te subestimando e não achando que daria uma resposta legal pra ele. Mas numa coisa eu firmo pé: lamento, mas não gostei de "Tolerância" MESMO. Prefiro ser sincero do que ser tolerante... De: Gerbase
De: Livia Lima P.S.: desculpe bombardeá-lo com tantas perguntas. De: Gerbase Lembro de uma crítica que fiz de Impacto profundo, em que discuti – de forma rasa e, é claro, levemente machista – os problemas que uma mulher enfrenta para fazer um filme. A direção é um trabalho pesado, que exige boa dose de comando e autoridade, teoricamente qualidades de quem faz xixi de pé. Que podem – na verdade, devem - ser exercidos com sensibilidade e leveza, estereótipos da feminilidade sentada. Enfim, não vou tentar ir adiante. Lembro apenas que uma das maiores obras-primas da literatura infanto-juvenil, "Alice no país das maravilhas", foi escrita por Lewis Carrol, que tinha como hobby fotografar e escrever cartas de amor para criancinhas inocentes. Era um monstro? Não sei. Mas isso em nada prejudica a genialidade de sua obra. Ou, quem sabe, até seja a sua causa. Em certos momentos, separar autor e obra também parece ser saudável. Assim, ninguém precisa se envergonhar de gostar de um excelente filme dirigido por um porco chauvinista. E até mais. As Virgens Suicidas (EUA, 2000). De Sofia Coppola
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