Candidatos denunciam "guerra suja" na campanha do Oscar
Quarta, 13 de março de 2002, 14h17
As acusações de "guerra suja" na luta pelo Oscar tornaram-se nessa segunda-feira o centro das atenções dos candidatos durante o almoço oferecido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. O banquete, no hotel Beverly Hilton de Los Angeles, tornou-se uma reunião descompromissada dos aspirantes aos Oscar sem o nervosismo próprio da cerimônia de entrega das estatuazinhas, prevista para o próximo 24 de março. No entanto, nesta edição o forte investimento econômico dos estúdios em seus desejos de ganhar o Oscar e inclusive a possível "guerra suja" que começou entre filmes rivais captou a atenção dos presentes, que não duvidaram em expressar sua preocupação. "Acho que campanhas assim vão além de serem irresponsáveis", assegurou Russell Crowe, candidato ao Oscar de melhor ator, pelo terceiro ano consecutivo, por seu trabalho em Uma Mente Brilhante. Este filme tornou-se o centro de ataques diretos, que censuram a manipulação dos fatos reais ao contar a biografia do prêmio Nobel em matemática John Nash e sua luta contra a esquizofrenia. "Não acho que este tipo de críticas mereçam mais comentários, mas sim seria bom examinar a quantidade de dinheiro que está sendo investido nestas campanhas", acrescentou o ator, preocupado porque a agressividade desta luta pode acabar com "o prazer desta celebração do cinema". Ron Howard, diretor do filme, também não quis entrar na polêmica, embora em vista dos ataques que está recebendo Uma Mente Brilhante declarou à imprensa que terá que tomar o assunto de forma "pessoal". "Uma coisa é apresentar um projeto que queres e animar os membros da Academia para que o vejam e votem por ti", assegurou um dos maiores favoritos, cujo filme concorre a um total de oito estatuazinhas, incluída a de melhor filme do ano. "Outra é a da estratégia do ataque", acrescentou indignado com este tipo de estratagemas mais próprios da política que do mundo do cinema. Inclusive aqueles que como Tom Wilkinson, recém-chegado da Inglaterra para esta ocasião como candidato a melhor ator por Entre Quatro Paredes, disseram não estar inteirados sobre a "guerra suja" reconheceram que existe uma certa "hipocrisia" na indústria já que todo o mundo acaba participando de campanhas para apoiar seu filme. "Sinto que nosso trabalho como atores é levar as pessoas ao cinema, embora prefira pensar que participo destas campanhas pelo filme e não por mim", assegurou outra britânica, Helen Mirren, aspirante a melhor atriz coadjuvante por Assassinato em Gosford Park. Como assegurou o diretor desta fita e também candidato, Robert Altman, "vou onde me empurram", embora o consenso geral é de que dentro desta campanha para conseguir a prezada estatuazinha deveria existir um limite. No entanto, como disse Howard, a solução é difícil "à margem de lamentar sua existência". "No final, o voto é o voto", sentenciou o diretor Ridley Scott, candidato com Falcão Negro em Perigo, neste ato que reuniu uma centena de aspirantes a um total de 23 categorias ao Oscar. Pelo menos durante este almoço, estrelas e técnicos, candidatos a um ou a vários Oscar, foram tratados do mesmo modo e receberam todos eles o mesmo poster no final da cerimônia, assim como o mesmo discurso da Academia pedindo aos futuros ganhadores brevidade em seus discursos.
Efe
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