Estatuetas são a maior recompensa para quase todos os atores
Domingo, 17 de março de 2002, 15h49
A maior recompensa para um ator é o momento em que ouve seu nome como vencedor do Oscar e se levanta, de forma quase automática, para pegar o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA. Principalmente hoje em dia quando não passa pela cabeça de ninguém repetir as façanhas de George C. Scott e Marlon Brando, que em 1970 e em 1973 recusaram a estatueta como forma de protesto. Scott denunciou a cerimônia de entrega das estatuetas como um "desfile de duas horas" e anunciou anteriormente que se fosse premiado com o Oscar de Melhor Ator por sua interpretação no filme "Patton" se negaria a recebê-lo. Scott cumpriu sua palavra e ficou em sua casa de Nova York vendo um jogo de hóquei no gelo na televisão enquanto seu nome era pronunciado pela atriz Goldie Hawn. Três anos depois, Brando enviou como sua representante à edição do Oscar em que era candidato por sua interpretação em O Poderoso Chefão ao prêmio de Melhor Ator, uma desconhecida atriz de filmes série "B", Sacheen Littlefeather. Quando o apresentador abriu o envelope e anunciou o nome de Brando, Littlefeather, vestida com roupas tradicionais de uma índia, subiu ao palco e pronunciou um discurso para protestar contra o trato que os indígenas americanos recebem nos populares filmes de Hollywood. No final, o verdadeiro nome de Littlefeather era María Cruz e por suas veias corria muito pouco ou nada do sangue indígena americano, mas o protesto de Brando foi tão ou mais efetivo que o de Scott. Hoje em dia, Billy Crystal, Steve Martin, que apresentaram o ato em algumas edições, ou Whoopi Goldberg, mestre de cerimônias na 74 edição, pagariam para que algo parecido ocorresse durante a entrega das estatuetas para animar e fugir do roteiro. Mesmo sem levar a estatueta de 3,8 quilos para casa, estar incluído na lista de candidatos ou simplesmente desfrutar da atenção da câmara por alguns segundos durante a noite do cinema também é considerado um sucesso. Basta perguntar a René Zellweger, candidata este ano ao Oscar de Melhor Atriz por seu papel em O Diário de Bridget Jones, que ao saber que fora indicada declarou estar "honrada e agradecida, rindo e dançando ao redor do apartamento". Não há quem imagine o que ela fará se seu nome estiver escrito no envelope do vencedor. Mas para isso terá que lutar contra a histeria de Halle Berry, uma de suas concorrentes pela estatueta, que, desde que recebeu a ligação de seu agente anunciando sua inclusão na lista final, não consegue dormir. "Estava em meu apartamento de Londres, embrulhando alguns presentes para minha filha e meu agente me ligou e se desencadeou um ataque de histeria em massa. Não lembro de mais nada, exceto que liguei para minha mãe e meu marido. Provavelmente não dormirei nas próximas seis semanas. O Oscar é daqui a seis semanas, não?", perguntou a atriz. Will Smith, ex-"rapper" nos subúrbios de Los Angeles e agora reencarnação do boxeador Casius Clay/Mohamed Ali no filme Ali, transmitiu a histeria a sua mulher. "Jada (sua mulher) e eu estávamos dormindo, o telefone tocou. Jada atendeu e era meu agente dando a notícia. Jada ficou tão nervosa que começou a pular e bateu a cabeça na porta", declarou Smith. Diante deste panorama, a única esperança, embora muito pequena, de Whoopi Goldberg parece repousar sobre os ombros austrais de Russell Crowe. Crowe, que com Uma mente brilhante é candidato ao Oscar pela terceira vez, mostrou seu forte temperamento no dia 24 de fevereiro durante os Prêmios da Academia Britânica de Cinema quando agarrou pelo pescoço o diretor da instituição por cortar seu discurso do prêmio de Melhor Ator. Goldberg pode se preparar para receber algum golpe baixo na noite do dia 24 de março, mas nada comparado aos históricos atrevimentos de Scott ou Brando.
EFE
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