Oscar tem poucos representantes latinos
Segunda, 18 de março de 2002, 19h54
Diferentemente dos últimos anos, os latinos não são muitos na 74ª edição do Oscar de Hollywood, muito menos caracterizada pelo afã globalizador e mais centrada na cinematografia inglesa. O argentino El hijo de la novia, de Juan José Campanella, é o único filme hispânico candidato a um Oscar, mais especificamente ao de melhor filme estrangeiro, uma categoria na qual o francês O fabuloso destino de Amelie Poulain, que aparece também em outras quatro categorias, é o franco favorito. A 74ª cerimônia do Oscar, que será realizada no próximo domingo, dia 24, em Los Angeles, conta também com o espanhol Raúl García como candidato pelo desenho animado Jimmy Neutron: Boy Genius. O filme competirá pelo primeiro Oscar para filmes de animação, embora também deva enfrentar dois grandes favoritos: Monsters, Inc. e Shrek. García, que já conta com um Oscar por Uma cilada para Roger Rabbit, é um dos diretores de seqüência do filme, que, com 22 milhões de dólares de orçamento, conseguiu 77 milhões de dólares em sua estréia americana. "Ser indicado é uma honra para um filme de tão pouco orçamento, escolhido para competir com dois grandes monstros. Trata-se também uma vitória moral, porque foi feito com programas que podem ser comprados na rua, enquanto que os outros utilizaram uma equipe de técnicos", disse à EFE sobre Jimmy Neutron, cujo criador é o americano John Davis. Mas esta edição do Oscar parece ter freado a tendência de abertura para o cinema estrangeiro -entre eles os candidatos hispânicos- que marcaram a cerimônia de entrega do grande prêmio do cinema de Hollywood nos últimos anos. Para trás ficam o Oscar de melhor ator para o italiano Roberto Benigni, de 1999, ou os quatro prêmios para o chinês O tigre e o dragão de 2001, e inclusive as indicações da brasileira Fernanda Montenegro (1999), do espanhol Javier Bardem (2001) e da francesa Juliette Binoche (2001). Este ano só o filme francês O Fabuloso destino de Amelie Poulain passou pela peneira entre o enorme domínio dos filmes americanos e britânicos, e é candidato a outras quatro estatuetas, além do Oscar de melhor filme estrangeiro: melhor direção artística, melhor fotografia, melhor som e melhor roteiro original. A preferência é especialmente evidente como a que ocorreu no ano passado, quando o porto-riquenho Benicio del Toro ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante por Traffic, o que o converteu no primeiro ator a conseguir o prêmio por um papel interpretado em espanhol em uma produção americana. Nessa edição, o espanhol Javier Bardem era candidato ao prêmio na categoria de melhor ator e o filme mexicano Amores Brutos, protagonizado, entre outros, pela espanhola Goya Toledo, concorria ao Oscar de melhor filme estrangeiro, embora tenha tido que se render ao sucesso de O Tigre e o Dragão de Ang Lee, falado em mandarim. Mas, este ano, o Oscar voltou à sua tradição e dedica a maior parte da presença estrangeira ao cinema britânico, que conta com um total de treze indicações e pelo menos um candidato em cada categoria de interpretação. Assassinato em Gosford Park, do americano Robert Altman, mas com um elenco quase todo britânico, tem sete nomeações, entre elas a de melhor filme e melhor diretor. O filme El hijo de la novia conseguiu a quinta indicação para o cinema argentino e o casal protagonista pode trazer o segundo Oscar para o país. Héctor Alterio e Norma Aleandro, o comovente casal protagonista, já desfrutam do único Oscar argentino por A história oficial. Em El hijo de la novia, Norma Aleandro interpreta uma mulher que sofre do mal de alzheimer e Alterio, seu marido, sempre apaixonado, quer lhe dar o que ela sempre quis, um casamento na Igreja. "Trata-se de um humor sarcástico, tão judeu e italiano, capaz de rir de si mesmo", afirma Campanella sobre seu filme, que compete, com O fabuloso destino de Amelie Poulain, com o indiano Lagaan, o bósnio Terra de ninguém e o norueguês Elling.
Efe
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