Robert Redford será homenageado no Oscar

Quinta, 21 de março de 2002, 13h18

Uma das maiores unanimidades do cinema americano vai ser homenageada na cerimônia do Oscar no domingo. Robert Redford vai receber - ao lado de Sidney Poitier - uma estatueta pelo conjunto de sua carreira em Hollywood. O ator, diretor, produtor e ativista político, que está com 65 anos, tem uma das mais fabulosas trajetórias na indústria – e lugar garantido na história do cinema também por impulsionar inúmeras carreiras por meio do Sundance Institute.

Nascido na Califórnia, Redford estudou em Nova York, na prestigiada American Academy of Dramatic Arts, e começou a trabalhar na Broadway nos anos 60, ganhando destaque em montagens como Sunday in New York, Little Moon of Alban e Barefoot in the Park. Entre seus primeiros filmes estão Caçador de Guerra, de 1962, À Procura de Um Destino, de 1965, em que ele contracenou com Natalie Wood, e A Grande Caçada, de 1964. O western Butch Cassidy e Sundance Kid, de 1969, estrelado também por Paul Newman e dirigido por George Roy Hill, elevou Redford ao topo da indústria de Hollywood.

Os três voltaram a trabalhar juntos em Golpe de Mestre, de 1973, que ganhou sete Oscars, incluindo o de melhor filme. O filme rendeu uma indicação de melhor ator a Redford. A boa fase continuou no ano seguinte com o hit O Grande Gatsby e estendeu-se até o fim da década, com filmes como Os Dias do Condor e Todos os Homens do Presidente, que foi indicado a sete Oscars, incluindo o de melhor filme. As duas fitas foram produzidas pela empresa do ator, a Wildwood Enterprises.

Em 1980, Redford estreou na direção com Gente Como a Gente e acabou ganhando o Oscar, o Globo de Ouro e um prêmio do Directors Guild of America. Nos anos seguintes, ele lançou, com um grupo de amigos, o Sundance Institute, em Park City, no estado de Utah, com o objetivo de “apoiar e desenvolver o talento de roteiristas e diretores emergentes de visão e impulsionar o cinema independente americano”. A fundação não só organiza o prestigiado Sundance Film Festival, mas também desenvolve workshops para roteiristas, produz espetáculos teatrais e comanda o Sundance Channel.

Redford só foi para trás das câmeras novamente em 1988, com Rebelião em Milagro, estrelado por Sonia Braga (com quem ele teve um breve relacionamento). Nos anos 80, ele também fez sucesso como ator em Entre Dois Amores e Legalmente Juntos. Seus trabalhos seguintes como diretor foram menos expressivos, mas também ganharam o respeito da indústria: Nada É Para Sempre, de 1992, estrelado por Brad Pitt, rendeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor direção; e Quiz Show – A Verdade dos Bastidores, de 1994, foi indicado ao Oscar de melhor filme e direção, além do Globo de Ouro de direção – prêmio que ele concorreu novamente em 1998 com O Encantador de Cavalos, com Kristin Scott Thomas.

Durante os anos 90 ele também formou a South Fork Pictures e produziu uma série de filmes de médio sucesso, como How to Kill Your Neighbor's Dog, O Outro Lado de Beverly Hills, No Looking Back e Nosso Tipo de Mulher. Seu último trabalho como diretor, no entanto, é o maior vexame de sua carreira: Lendas da Vida, uma chorosa história sobre golfe, com Will Smith e Matt Damon.

Além de toda a contribuição ao cinema americano, Redford também deve ser lembrado por seu papel como ativista político e ambientalista. Durante várias fases de sua vida ele se envolveu com causas importantes, como a questão das perfurações de petróleo no Alasca, proposta por George W. Bush no ano passado. “Acho que Bush é um fantoche nas mãos dos interesses que estão por trás dele”, declarou ele na época. “Ele e o vice-presidente foram eleitos com o dinheiro do petróleo."

Guto Barra/ Planet Pop