Oscar faz história com o reconhecimento a atores negros

Segunda, 25 de março de 2002, 09h48

Os Oscar aos intérpretes negros Denzel Washington e Halle Bery, como melhor ator e atriz, respectivamente, marcaram hoje, domingo, um marco na história dos maiores galardões do cinema, ao acontecer pela primeira vez em suas 74 edições.

Esta foi a primeira estatueta para uma atriz negra em um papel protagonista e, no caso de Washington, seu trabalho em Training Day significa a segunda estatueta na história para um ator negro em um papel principal.

"É algo muito mais pessoal que tudo isso", afirmou Washington, que em sua carreira aspirou a cinco estatuetas e já tinha ganho uma como melhor ator coadjuvante por Glory.

Berry não pôde ser tão precisa em suas declarações, ainda sobressaltada pela emoção, a alegria e o peso da estatueta conseguida graças a seu trabalho em Monster's Ball.

"É uma noite que nunca achei possível", declarou ainda emocionada e desejosa que sua vitória seja uma lembrança a outras mulheres negras que estiveram a frente dela, abrindo caminho em Hollywood para as minorias.

A vitória destes atores eclipsou o resto dos ganhadores nesta 74 edição dos Oscar, na qual Uma Mente Brilhante se alçou com o prêmio de melhor filme, melhor diretor para Ron Howard, melhor atriz coadjuvante para Jennifer Connelly e melhor roteiro para Akiva Goldman.

O filme alcançou esses quatro prêmios principais apesar de toda "guerra suja" contrária por um suposto afastamento da realidade na vida de John Nash, Prêmio Nobel de Economia.

O mesmo número de Oscar os recebeu o filme que tinha o maior número de indicações, O Senhor dos Anéis (treze), mas sua importância foi muito menor, pois somou os prêmios de melhor fotografia, melhor trilha sonora, melhor maquiagem e melhores efeitos especiais.

O Oscar de melhor ator coadjuvante recaiu, surprendentemente, no britânico Jim Broadbent por Iris, quando se esperava que o mago Gandalf em O Senhor dos Anéis, interpretado por Ian McKellen, se fizesse com esse prêmio.

Outros dois filmes, o musical Moulin Rouge e Falcão Negro em perigo, ganharam dois Oscar, embora o primeiro deles não pôde ver a sua protagonista, Nicole Kidman, conseguir o prêmio de melhor interpretação feminina no ano em que sua carreira definitivamente creceu.

Moulin Rouge ganhou os prêmios de melhor figurino e melhor direção de arte e cenários, enquanto que Falcão Negro em Perigo, dirigido pelo britânico Ridley Scott, ganhou os Oscar de melhor montagem e de melhor som.

Terra de Ninguém conseguiu o primeiro Oscar para a cinematografia a bósnia, superando a francesa Amelie e a argentina O filho da noiva; e o compositor Randy Newman rompeu uma seqüência de 15 tentativas para conseguir, em sua décima sexta candidatura, o Oscar de melhor canção em Monsters S.A. Shrek, por sua vez, conseguiu o primeiro Oscar de um filme de animação.

A 74 edição dos Oscar se transformou desde o início em uma celebração do mundo do cinema e uma lembrança ao valor do entretenimento, especialmente depois dos atentados terroristas do passado 11 de setembro.

"Meu principal desejo sempre é entreter a platéia e se não consegues isto, não tens nada no final", destacou Woody Allen, que pela primeira vez em sua carreira assistiu a uma cerimônia dos Oscar, para apresentar um filme sobre a presença de Nova York no cinema.

Não seria esta a única menção aos eventos de setembro passado, um sentimento que não conseguiu escurecer a cerimônia, embora se deixou sentir especialmente nas estritas medidas de segurança, que, como brincou Whoopi Goldberg, foi "mais rígida que muitos dos rostos presentes na sala".

A noite também ficou dominada pelo brilho, não só das estrelas, mas de suas jóias, onde dominaram os diamantes como os usados por Nicole Kidman, em um colar avaliado em quatro milhões de dólares.

Seu brilho foi superado pelo colar da mexicana Laura Helena Harring, com um diamante chamado "arquiduque Joseph" de 77 quilates e avaliado em 25 milhões de dólares.

"No total 27 milhões de dólares se contamos as sandálias", disse a atriz, protagonista de Mulholland Drive, mostrando um calçado elaborado inteiramente com diamantes.

EFE