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Quinta, 28 de março de 2002, 13h35

 

A recente disputa pelo Oscar de melhor filme pareceu uma campanha política, com as tradicionais sujeira e fúria que costumam acompanhá-la. Os estúdios fizeram como candidatos a prefeito, governador ou presidente: contrataram estrategistas para suprimir boatos e tentar diminuir prejuízos provocados pela troca de insultos.

Um caso exemplar foi o do filme Uma Mente Brilhante, sobre o qual correram boatos de encobrimento de uma possível má reputação de John Nash, o matemático esquizofrênico laureado com o Prêmio Nobel, cuja história é retratada na produção.

No entanto, apesar de todas as alegações de que teria sido deixada de fora a suspeita de Nash ser homossexual e anti-semita, o drama biográfico levou para casa quatro estatuetas: melhor filme, melhor direção (Ron Howard), melhor roteiro adaptado (Akiva Goldsmith) e melhor atriz coadjuvante (Jennifer Connelly).

Talvez tal resultado positivo só tenha sido possível pelo fato do estúdio ter pedido ajuda a especialistas e lançado uma campanha em causa própria, desmentido todas as acusações.

"Passar por isso tudo foi como sobreviver a uma campanha presidencial, em toda sua intensidade", disse Allan Mayer, gerente de crises em relações públicas convocado pela Universal Studios para resolver o problema de Uma Mente Brilhante.

Atualmente sócio da empresa Strick and Co., Mayer já foi repórter da revista Newsweek e do The Wall Street Journal. Para ele, os grandes estúdios sabem muito bem administrar a publicidade quando se trata de promover seus filmes, mas não têm experiência com notícias reais.

"Quando passam das páginas de cultura para as do noticiário geral, eles acabam se perdendo um pouco", explicou. Seja como for, Uma Mente Brilhante não é o primeiro filme biográfico a ter questionada a veracidade com que retratou a vida de seu personagem real.

Mayer já tinha sido convocado anteriormente pela Universal para ajudar com Hurricane - O Furacão, em que Denzel Washington representa o boxeador Rubin Carter, e Erin Brockovich, em que Julia Roberts faz o papel de uma ativista em defesa do meio ambiente.

Os historiadores do cinema dizem que tal tendência começou com JFK - A Pergunta que Não Quer Calar (1991), do diretor Oliver Stone, que teria sido a gota d'água para cinéfilos, críticos e historiadores que apreciam a verdade histórica.

Reuters

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