Quarta, 19 de março de 2003, 19h13
Caetano Veloso e dois desenhistas dão cor brasileira ao Oscar
Caetano Veloso estará pela primeira vez no Oscar, no próximo domingo. Ele vai interpretar a música Burn it Blue, do filme Frida, que concorre à estatueta de melhor canção. Junto com ele, outros dois brasileiros terão a incumbência de representar o país na maior festa do cinema: são os animadores Carlos Saldanha e Marcelo DeMoura, responsáveis por alguns dos efeitos de A Era do Gelo. Figurando na categoria junto com U2, Eminem, Paul Simon e John Kander, Caetano Veloso vai se apresentar na noite de domingo ao lado da cantora mexicana Lila Downs. Burn it Blue foi co-escrita pela diretora de Frida, Julie Taymor, que esteve no Brasil durante o Carnaval, a convite do compositor baiano. Mesmo sem ser o favorito -- os mais cotados para o prêmio deste ano são U2 (por Gangues de Nova York e Eminem (por 8 Mile) -- Caetano de qualquer maneira não levaria uma estatueta para casa, uma vez que esta é entregue aos compositores da canção. Os desenhistas, porém, fazem parte da equipe que produziu A Era do Gelo, um dos cinco concorrentes ao Oscar de melhor longa-metragem de animação -- e pode ser que o "homenzinho dourado" lhes seja concedido no domingo. Carlos Saldanha é co-diretor do desenho. Formado pela School of Visual Arts de Nova York, foi supervisor de animação de Joe e as Baratas (1996), além de diretor de animação de personagens gerados por computação nos filmes Passe de Mágica e Clube da Luta. Marcelo DeMoura é formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing e foi o responsável pelo desenvolvimento das expressões faciais dos personagens principais de A Era do Gelo. Além disso, fez a seq ência das pinturas da Caverna, uma das principais do desenho, em parceria com sua mulher, a irlandesa Jean DeMoura. Ele começou a trabalhar com desenho animado aos 17 anos de idade com comerciais de TV. Anos mais tarde, foi convidado pelo diretor Don Bluth para fazer parte de sua equipe na Irlanda, onde trabalhou em A Polegarzinha. Em 1994, passou para o Estúdio Walt Disney, participando das produções de Mulan, Fantasia 2000 e Pocahontas. Em 1998 ingressou na Warner Bros., trabalhando no filme The Iron Giant. Cidade de Deus era o mais cobiçado Embora o Brasil tenha sua presença ilustre no Oscar, aquele que seria o candidato mais cobiçado, o filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, ficou fora do páreo. O longa teve enorme sucesso nos EUA e a notícia de que a produção não foi indicada a melhor filme estrangeiro foi mal recebida pela própria mídia norte-americana. Veterano crítico do jornal Chicago Sun Times, Roger Ebert comentou: "O Oscar pisou na bola ao cometer o pecado da omissão. Estou pessoalmente bravo porque o brasileiro Cidade de Deus não foi indicado, mesmo depois de ser reverenciado no mundo inteiro como uma obra de arte." Para Ebert, é preciso haver uma reformulação na comissão de avaliação desta categoria. "A Academia já reformou a premiação de documentários. Já é hora de encontrar uma comissão de seleção para a categoria de filme estrangeiro que saiba reconhecer uma boa produção quando assiste a uma."
Reuters
|