Quinta, 20 de março de 2003, 12h19
Oscar vira uma grande incógnita
A 75ª cerimônia anual de entrega do Oscar virou uma incógnita, com seus organizadores se perguntando se a entrega dos prêmios vai acontecer ou não. Diante do início da guerra contra o Iraque, os organizadores disseram que não sabem se a pressão dos acontecimentos poderá obrigá-los a adiar no último minuto o evento mais famoso de Hollywood - algo que não aconteceu nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial ou as guerras passadas da Coréia, do Vietnã e do Golfo. Entretanto, aconteça o que acontecer no domingo, os produtores do Oscar estão honrando a tradição do show business: partindo da premissa de que o show vai continuar, aperfeiçoando as piadas, mantendo a maior fidelidade possível ao roteiro e assegurando-se de que tudo seja sóbrio, discreto e de bom gosto. Ou, como disse o Daily Variety, "o brilho do Oscar foi para o espaço". Fontes bem-informadas disseram que os ensaios para a cerimônia continuam como antes e que não foram feitas grandes mudanças no roteiro para refletir o que está acontecendo, "porque ninguém sabe o que está acontecendo". O famoso tapete vermelho pelo qual os astros e estrelas entram no recinto do Oscar será guardado à espera de tempos mais felizes, e operários se preparavam para desmontar as arquibancadas que normalmente são ocupadas por 500 fãs que aplaudem de perto os indicados em sua chegada ao Kodak Theatre Os organizadores do Oscar disseram que saberão nesta quinta-feira se vão permitir a cobertura da chegada dos astros por um pool de jornalistas na porta no teatro. Mas muitos astros e estrelas disseram que seria pouco apropriado serem entrevistados por jornalistas sobre sua roupa ou seus sonhos e esperanças de Oscar com uma guerra acontecendo. Porém, uma fonte ligada à organização deu uma explicação diferente: "Muitos atores estão preferindo entrar pelos fundos este ano, evitando a imprensa, porque não querem ter que responder a perguntas sobre a guerra". Ironicamente, alguns observadores acham que o show pode virar plataforma de protestos políticos. Mas, sem entrevistas no tapete vermelho e com os apresentadores tendo sido orientados a não fazer referências improvisadas a suas posições políticas, os organizadores esperam produzir um programa não-polêmico. O Oscar costuma ser assistido por até 1 bilhão de telespectadores em todo o mundo. SEGURANÇA INTENSIFICADA Enquanto isso, a polícia de Los Angeles prometeu montar a maior operação de segurança da história do Oscar. Foi pedida uma zona de exclusão aérea sobre o teatro, e cerca de mil agentes farão a segurança assistidos, pela primeira vez, por câmeras de vídeo que estarão registrando o que se passa "em cada centímetro quadrado" das ruas próximas ao Kodak Theater. Como indício das preocupações do momento, a Câmara Municipal de Los Angeles aprovou na terça-feira uma verba de 4,4 milhões de dólares para a compra de roupas protetoras, máscaras e equipamentos de detecção de radiação, materiais esses que podem ser postos em uso no Oscar futuramente. A rede ABC anunciou que vai adiar indefinidamente o tradicional programa anual de entrevistas pós-Oscar de Barbara Walters. Em comunicado à imprensa, Walters disse que, à luz dos acontecimentos atuais, seria inapropriado realizar o show. Outra provável vítima da decisão tomada pela Academia de abrir mão da tradicional entrada no tapete vermelho é o programa apresentado pela humorista Joan Rivers e sua filha Melissa no canal a cabo E! Entertainment Television. A revista Vanity Fair afirmou que sua festa pós-Oscar será mantida, mas que os fotógrafos e equipes de TV serão impedidos de fotografar a chegada das estrelas. Se a entrega do Oscar for adiada, mesmo que seja apenas por alguns dias, isso significará um pesadelo logístico. Cerca de 3.500 convidados VIP reorganizaram suas agendas com meses de antecedência para poder participar da cerimônia. Arranjos de viagem, planos de segurança para o evento e cronogramas de TV, tudo isso teria que ser deixado de lado.
Reuters
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