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Jeniffer Lopez invade mente de um serial killer em "A Cela"
Como será o interior da mente de um serial killer? É a esta pergunta que A Cela, novo filme de Jennifer Lopez procura responder, recorrendo a uma profusão de efeitos especiais. No filme, uma ficção científica que tem causado polêmica nos meios religiosos americanos e que arrecadou mais de US$ 40 milhões apenas nas três primeiras semanas de exibição, Jennifer vive Catherine Deane, terapeuta infantil que trabalha em um centro de pesquisa onde foi desenvolvida uma droga psicotrópica. Esta droga produziria, nas palavras do próprio filme, uma "transferência sináptica". Ou, na linguagem dos mortais, uma porta para que a atriz penetre na mente de seus pacientes. Uma vez lá dentro, ela passa a obedecer as regras desse universo psicológico criado pelo paciente - algo parecido com o mundo virtual já mostrado no filme Matrix.
Aquário de tortura - O mecanismo, a princípio, é utilizado somente no tratamento de crianças autistas, cuja mente não oferece riscos às incursões da personagem de Jennifer. As coisas, no entanto, começam a se complicar quando um agente do FBI, interpretado por Vince Vaugh (O Mundo Perdido), incumbe-a de entrar na mente do serial killer Carl Starcher, vivido por Vincent D'Onofrio, em estado de coma após ser baleado em uma perseguição policial.
Jennifer Lopez tem então 40 horas para entrar na mente do psicopata e descobrir onde está sua última vítima. Starcher tinha uma maneira cruel de eliminar suas presas. Ele criou a The Cell, uma câmara de vidro em que as vítimas, todas do sexo feminino, eram colocadas para morrer lentamente, à medida que a câmara ia se enchendo de água até virar um espécie de aquário tenebroso.
Antes da morte por afogamento, as moças eram meticulosamente torturadas.
Afinal de contas, como em qualquer bom thriller, todo assassino tem um elaborado ritual próprio. Para evitar que a última vítima de Starcher tenha este fim trágico, os agentes do FBI contratam Jennifer para promover um interrogatório intracraniano e deslumbrar os olhos do público com as imagens do interior do cérebro.
O labirinto mental de Starcher é heavy-metal e a barra pesa para Jennifer Lopez. Para dar vida a este cenário complexo, foi convidado o diretor indiano Tarsen Singh, que faz sua estréia no cinema após ter dirigido vários clipes famosos, entre eles "Losing my religion" do grupo R.E.M, e muitos comercias premiados em Cannes, dos quais alguns fazem parte do acervo do MoMA de Nova York.
A lista de influências que Singh diz ter usado em busca do "visual novo e onírico do filme" é grande. Ele se inspirou nas obras de artistas como Bosch, Francis Bacon, Damian Hirst, Fellini, Tarkovsky, Oscar Schlemmer e William Blake. De sua equipe de produção fez parte a dupla Eiko Ishioka e Michele Burke, que ganhou os respectivos Oscars de figurino e maquiagem pelo filme Drácula, de Francis Ford Copolla, além de Tom Fodem, diretor de arte de clipes da Madonna e do remake de Psicose, de Gus Van Sant.
Iemanjá brasileira - Apesar do gabarito dos profissionais envolvidos na produção, o filme tem recebido críticas negativas por apresentar um visual rebuscado, que lembra um videoclipe, sustentado por uma narrativa muito fraca.
Não bastasse, grupos católicos têm acusado A Cela de blasfemo por causa de suas cenas violentas, (em uma delas o personagem de Vince Vaugh tem seu intestino arrancado), e principalmente por cometer sacrilégio ao mostrar Jennifer Lopez vestida de Virgem Maria.
O diretor defende-se, dizendo que a tal cena não se refere à santa católica, mas à "deusa brasileira das águas, Iemanjá", e que o estripamento foi baseado em atos da própria Igreja Católica durante a Santa Inquisição.
Mesmo com toda a polêmica, o filme é um sucesso de público, e chegou a ocupar o segundo lugar nas bilheterias americanas. O elenco ainda conta com Marianne Jean-Baptiste (Segredos e Mentiras), vivendo a doutora Miriam Kent, chefe do departamento de pesquisas, e Jake Weber (Encontro Marcado), como o agente Gordon Ramsey, parceiro de Vince Vaugh.(Agência Estado)
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