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| Cinema: Um Zapping de Lumière a Tarantino |
Jackie
Brown mostra
o lado
sensível de Tarantino
Tarantino está de volta e mais uma vez se supera em Jackie Brown, seu terceiro filme, baseado no romance pulp Rum Punch de Elmore Leonard, escrito em 1992. Desta vez, porém, o diretor deixa em casa o vidro de ketchup... Já não era sem tempo!
 A poderosa Pam em ação |
Ordell Robby (o impagável Samuel Jackson), um perigoso traficante de armas e drogas, usa a aeromoça Jackie Brown para transportar dinheiro e drogas da cidade de Cabo, no México, para os Estados Unidos.
Jackie é presa em flagrante pelo FBI, que quer sua ajuda para desmontar o esquema criminoso de Ordell. A moça arquiteta e executa um plano para se livrar tanto dos policiais quanto de Ordell e ainda levar uma bolsa com meio milhão de dólares.
Tarantino e os anos
70
Tudo que é peculiar na estética de Tarantino está em Jackie Brown, apresentando mais sentimento e mais consistência em seus personagens, mais uma vez perdedores do submundo, capazes de qualquer coisa por uma bolada de dinheiro.
O cineasta continua cultuando os anos 70, seja na maravilhosa trilha sonora (recheada de soul, com ponto alto na redescoberta do grupo Delfonics e a balada disco Streel Life de Randy Crawford), quanto na escolha dos atores e nas rápidas referências que faz a ícones daquela década.
Roupas, fotografia, cenários, costumes, música e até os carros utilizados pelos personagens, tudo prestando uma reverência aos incompreendidos anos que deram ao mundo a guerra fria e a discoteca.
Críticas pesadas
O filme, lançado no último Natal nos Estados Unidos, não
teve o mesmo sucesso que os dois filmes anteriores de Tarantino,
Pulp Fiction e Cães de Aluguel.
Talvez porque não tenha cenas de violência explícita, cacoete que o cineasta parece ter superado, ou talvez porque neste filme o diretor não abre mão da linearidade da narrativa, sem a qual ficaria muito difícil compreender a trama.
O cineasta Spike Lee, um queridinho da crítica cinematográfica dos últimos anos, metralhou Tarantino com seus argumentos militantes no campo da discriminação racial. Para ele, Tarantino se apoderou de um gênero que pertence aos negros, o dos filmes blaxploitation, dos quais o maior expoente é Shaft.
De uma forma ou de outra, Jackie Brown é diversão garantida, com ótima dosagem de suspense, bom gosto e estilo, colocando Quentin Tarantino no pedestal de um dos maiores diretores autorais da atualidade. (Beth Ferreira)
