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"Psicopata Americano" mostra loucuras sangrentas de um yuppie
O polêmico Psicopata Americano
(1991), livro de Bret Easton Ellis visto por muitos como uma das obras
de ficção mais repudiadas de todos os tempos, sofreu uma transformação
espantosa na adaptação aguçada da diretora Mary Harron.
Ela e a co-roteirista Guinevere Turner converteram o livro de Ellis numa
sátira do consumismo exagerado e da falência moral em meio aos excessos
desvairados da era Reagan- algo que Ellis talvez pretendesse fazer
da primeira vez, mas que sua técnica literária rasa e repetitiva tornou
supérfluo.
A produção ganhou uma dose de notoriedade indesejada no ano passado, quando
Leonardo DiCaprio cogitou em fazer dela seu primeiro grande trabalho pós-Titanic.
A iniciativa teria significado a dispensa, sem cerimônias, da já contratada
Harron (Um Tiro para Andy Warhol) e do protagonista Christian Bale.
Mas DiCaprio perdeu o interesse pelo projeto de uma hora para outra, de
modo que ele pôde seguir adiante conforme o inicialmente planejado (mas
sem o orçamento substancialmente elevado que o envolvimento de DiCaprio
teria garantido).
O
protagonista continua sendo o quintessencial "yuppie desalmado"
Patrick Bateman, um monstro de vazio materialista que adora Donald Trump,
cheira pó, faz jogadas ilegais na Bolsa e gasta dinheiro a rodo.
Seu monólogo inicial detalha os passos de sua rotina diária de esfoliação
de pele. Patrick não tem gordura corporal - e nem poderia, em vista dos
milhares de abdominais que faz diariamente enquanto assiste ao O Massacre
da Serra Elétrica, para animar o ambiente frio de seu apartamento
todo branco no Upper West Side.
Quando seu colega de trabalho Paul Allen (Jared Leto) mostra um cartão
de visitas muito mais bonito do que o de Patrick, este perde o controle
e dá cabo de Paul com um machado.
A
seguir, uma prostituta de rua (Cara Seymour) escapa ilesa da fúria de
Patrick, mas é novamente atraída para um encontro envolvendo interação
bissexual forçada com uma debutante bêbada. Este segmento, que envolve
uma serra elétrica, propositadamente leva as imagens de assassino de mulheres
ao ponto da paródia. Mas poucos espectadores estarão dando risada.
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