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Diário da Filmagem
01/07/99 -
Quinta-feira
Começamos de onde paramos ontem: o fim do arranca-rabo verbal, que detona
o festival de empurrões, agarrões e arranhões entre a mulherada do filme.
Decidimos fazer todos os planos da cena com a câmara no ombro do Luís
Abrahmo, para dar mais agilidade e um certo desequilíbrio nos enquadramentos.
Em compensação, como a câmara é muito pesada, o operador sofre bastante,
e cada tomada exije muita atenção, para que o tempo de preparação antes
de rodar seja o menor possível.
Ensaiamos mais uma vez a movimentação da briga. Como as três estavam dispostas
a fazer uma briga de verdade (ou que pareça de verdade), o festival de
quedas e tropeções teve suas conseqüências: a Guida (Ana Maria Mainieri),
sem querer, deu um belo arranhão no pescoço de Anamaria (Maria Ribeiro).
No mais, tudo correu tranqüilo. O interessante da cena é que, quase sempre,
briga de mulher tem um sentido cômico, ou seja, não é séria, não leva
a nada. Em "Tolerância", a briga evolui, se complica, envolve uma pequena
estatueta de mármore e acaba sendo um dos acontecimentos principais do
filme, mudando a vida de todos os personagens.
Por
isso, era importante fazê-la verossímil e com uma conclusão dramática.
Os planos finais foram rodados a 48 quadros, uma leve câmara lente, para
sublinhar a ação. O comportamento das três atrizes foi exemplar: repetiram
várias vezes planos complicados, deitadas no chão, ou caindo, ou com sangue
escorrendo. As últimas posições de câmara eram particularmente difíceis,
exigindo de todos muita concentração. Às oito da noite estávamos exaustos,
e ainda faltava um plano com grua. Decidimos deixá-lo para o dia seguinte,
já que voltaríamos ao cenário de qualquer maneira. Encerramos as filmagens
exaustos, mas satisfeitos com o material filmado. O Giba (montador) terá
condições de fazer uma briga bem legal.
Acompanhe o dia-a-dia
das filmagens de Tolerância e veja imagens exclusivas em
Atrás da Câmara.
CAPA
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