Busca

Pressione "Enter"

Cobertura completa Sites de cinema Grupos de discussão Colunistas Os melhores filmes Notas dos filmes Todos os filmes Roteiro de cinema O que está passando no Brasil  

Diário da Filmagem

17/06/99 - Quinta-feira

Sol. Agradecemos aos deuses do cinema e começamos a preparar todos os planos com a grua, que eram três: a primeira chegada de Márcia e Júlio na casa, revelando todo o cenário; um plano que começa na janela, no segundo andar, e vai para a varanda; e a cena final de "Tolerância", que obviamente não vou contar aqui, mas que inclui o mais amplo movimento de câmara que eu já usei: a grua fica sobre um trilho de travelling, de modo que, além do braço, a base também recua.

A tecnologia é uma mão na roda nessa hora. Se estivéssemos trabalhando com uma grua normal, em que a câmara é acompanhada por um operador, perderíamos um tempo enorme, gritando para o cara lá em cima. Mas, com a grua que locamos, operada com um joystick (bem parecido com os de games), tudo fica mais fácil. Fizemos os três planos previstos ainda antes do almoço (desta vez no set, para perdermos o menor tempo possível).

Obviamente, o plano mais caprichado foi o do final do filme. Ensaiamos as marcas dos atores (com uma contribuição importante da atriz Ana Maria Mainieri) e rodamos três vezes. Estou em dúvida entre a tomada um e a três, ambas bem bacanas. Enfim, "Tolerância" já tem um final com cara de final. Como diz o coelho de "Alice no País das Maravilhas": "Comece a história pelo começo, passe pelo meio, chegue ao fim e então pare". Temos onde parar.

Depois do almoço, passamos para a varanda, onde acontece uma longa cena de café-da-manhã (cujo primeiro plano, de grua, já estava feito). De repente, o sol começou a desaparecer, atrás de uma cortina cerrada de nuvens. Era preciso filmar rápido. É ruim trabalhar sob pressão, mas às vezes é preciso. Combinei com o Alex (diretor de fotografia) que faríamos todos os planos em que os enquadramentos incluíssem externas e mandamos balas. Os atores não gostam disso, porque a filmagem fica truncada. Também é preciso ter cuidado com o eixo de movimentação para não filmar bobagem. Mandamos ver enquanto havia luz, mas, às quatro e meia, o Alex disse que não tínhamos mais condições.

Fiquei meio desanimado, porque é ruim parar de filmar sem completar a cena (no caso, ainda faltavam seis ou sete planos). Contudo, também é fundamental manter a qualidade da imagem. Cinema é imagem, antes de qualquer coisa (ou, pelo menos, junto com as outras coisas). Decidimos então fazer o plano "Boa noite, John Boy": a casa vista da fora, à noitinha, com uma luz apagando. Quem já viu "Os Waltons" sabe do que eu estou falando.

Voltamos para o hotel e, para coroar um dia de trabalho duro, uma boa notícia: todo o material já filmado está telecinado, com o som sincronizado, e tudo tá legal. Já temos várias fitas VHS para olhar com calma quando tivermos tempo (ou seja, no dia de São Nunca). Às nove da noite, churrasco no hotel, feito pelo Carlinhos (eletricista) e pelo Paulo (geradorista). Entre uma picanha e uma coxa de galinha, Roberto Bomtempo e seu parceiro Yan (microfonista), mais conhecidos nas mesas de bilhar do hotel como Romário e Iranildo ("um prepara e outro mata"), lavaram as várias duplas de gaúchos, tendo vencido oito partidas consecutivas.

E agora o plantão médico: vários elementos da equipe foram atingidos por uma gripe nem um pouco tolerante: Bomtempo, Cristiano (ass. de câmara), Alex, Baioto (diretor de produção) e Júnior (chefe de maquinária), este o caso mais grave: 40 graus de febre. Além disso, o Márcio (contra-regra) conseguiu cair no chão durante o churrasco e torcer o tornozelo. Resultado: vai ficar dois dias imobilizado (e já voltou para Porto Alegre). Mas ninguém vai nos deter: providenciaremos vacinas contra gripe e calçados anti-derrapantes para todos. Era isso.

Acompanhe o dia-a-dia das filmagens de Tolerância e veja imagens exclusivas em Atrás da Câmara.


MAIO JUNHO JULHO


CAPA


Copyright © 1996-1999 ZAZ. Todos os direitos reservados. All rights reserved.