Entrevista: FLU

Direto do mundo das imagens para o mundo do som, o site de Tolerância coloca no ar um bate-papo via e-mail com um dos criadores da trilha sonora de Tolerância: FLU.

Flávio Santos, ex-baixista da banda De Falla, agora Flu, juntamente com o guitarrista Marcelo Fornazzier (sob o nome de 4nazzo) compõem a trilha sonora do mais recente longa da Casa de Cinema. Além da trilha instrumental, selecionam em conjunto com o diretor Carlos Gerbase canções de diversas bandas que pontuam as cenas do filme. Sócio da produtora de áudio Deff, FLU lançou recentemente seu álbum solo pela gravador Trama, intitulado "... e a alegria continua". Confira agora a entrevista.

1. Como está sendo o trabalho de produção da trilha de Tolerância? Vocês assistem às cenas e depois compõem? Como é o processo para o músico?
Nós (eu e o 4nazzo) sempre trabalhamos com a imagem. É fundamental as idéias do diretor, que sabe o ritmo e a intenção das cenas. Geralmente nós mostramos algumas idéias para o diretor e a partir disto começa a composição final.

2. Na sua opinião qual a diferença entre o trabalho de criação de uma trilha e o de composição em geral? Trilhas, tu já trabalha com imagens prontas, e quando se compõe, as imagens vão se formando dentro da cabeça.

3. Além da trilha original que está sendo feita por ti e pelo 4nazzo foram escolhidas músicas de bandas e artistas gaúchas como Darma Lovers, Tom Bloch, Wander Wildner, Júpiter Apple entre outros. Como foi esse processo de seleção? Quais as dificuldades encontradas? As músicas já foram escolhidas definitivamente ou mais alguma coisa pode entrar? Ainda estamos em fase de seleção. Existe muita coisa boa para escutar e escolher. O Gerbase faz a seleção final. Nós estamos arrecadando material com as bandas ainda.

4. Tu chegaste a acompanhar a filmagem de algumas cenas? Das cenas que tu assististe, qual (is) as que mais te inspiraram?
Eu assisti a cena do mini-zôo na Redenção e algumas outras no depósito do Porto. Eu acho que o final com as revelações do crime vão ser as mais instigantes.

5. Qual a previsão de lançamento do CD com a trilha? Será pela gravadora Trama?
Não existe nenhum projeto pronto. Com certeza ele vai sair nem que seja pelo nosso selo Bife e Batatinha.

6. Como tu estás vendo o momento atual do pop/rock nacional? E quanto ao mercado gaúcho?
Eu acho que no Brasil eles continuam mais interessados em música para tocar no Faustão ou em novela. Aqui, nunca esteve tão bom. O melhor é que tem uma variedade grande de estilos e sempre com bastante personalidade. Com a facilidade de se gravar e lançar CDs independentes, as bandas estão acreditando mais no seu trabalho e não ficam na dependência de uma grande gravadora se interessar.

7. O teu trabalho solo tem tido uma ótima aceitação local tanto de crítica como de público. E em termos nacionais, como tem sido? Eles ainda estão tentando definir que tipo de música que eu faço. As pessoas que o Miranda mostrou gostaram. Na verdade minha música é para quem tem espírito infantil. As crianças e as mulheres adoram e se divertem escutando minha música.

8. Assim como o Flávio Basso que se auto denominou Júpiter Maçã, agora Júpiter Apple, tu mudaste o teu nome artístico pra FLU. Qual o motivo dessa mudança? Numerológica ou mercadológica? Minha irmã menor começou a me chamar de FLU em meados dos oitenta. Daí minhas namoradas me chamavam de FLU. Minha mãe começou a me chamar de FLU. Hoje todo mundo me chama de FLU.

9. Quais são os teus projetos para o próximo milênio? O milênio termina só no ano que vem. Ainda vamos comemorar só o fim do milhar. Aqui na Deff/Reclame além da trilha do Tolerância vai ser produzido pelo 4nazzo o disco da grande sensação do ano que vem: Fu Wang Foo.

10. Até onde vai a tua tolerância?
Vai até que uma pessoa diga "sou assim e não vou mudar".

Adriana Amaral