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Como está o baile da Dz7, em Paraisópolis, 3 anos após massacre

Pancadão de Paraisópolis completou 12 anos de existência, mas com pouco a se comemorar

1 dez 2022 - 02h00
(atualizado às 13h43)
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Baile da Dz7, em Paraisópolis
Baile da Dz7, em Paraisópolis
Foto: Reprodução/Facebook

Nesta quinta-feira (1º), completam-se três anos do massacre do Baile da Dz7, em que agentes do 16º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano causaram a morte de nove jovens – oito garotos e uma menina – durante a “Operação Pancadão”, em 2019. 

Em setembro foram comemorados os 12 anos do conhecido baile realizado na favela de Paraisópolis e, como os próprios organizadores denominam, uma das maiores manifestações culturais do funk, que movimenta a economia da comunidade. 

Entretanto, esta não é a realidade observada, atualmente, em noites de finais de semana mais corriqueiros. Para comerciantes próximos ao local do baile, a movimentação caiu após o ocorrido. 

Comerciantes que viram o baile crescer no local, contam que, comparado ao cenário pré-pandemia, “acabou praticamente o movimento aqui. Antigamente era muita gente, era gente demais. Agora é pouco.”

A queda de um fluxo que, durante quase uma década, costumava atrair por volta de 3 mil a 5 mil pessoas por noite, impacta no sustento de muitas famílias da comunidade. “Se eu depender do baile, eu morro de fome.”, diz uma vendedora, que não quis se identificar,, falando sobre os demais comerciantes locais que tinham as festas da DZ7 como principal fonte de renda. “Muita gente ficou desempregada, sem trabalho e sem dinheiro.

Da multidão que frequentava o fluxo até 2019, maior parte vinha de fora de Paraisópolis, que se deslocava de outras periferias de São Paulo, ou mesmo de outras cidades e estados. As 9 vítimas da operação, por exemplo, eram moradoras de outros bairros, que não conheciam a área e as rotas de fuga. 

O baile da DZ7, no entanto, continua sendo uma atração cultural ao ar livre que reúne jovens da periferia, que lança novos artistas do mundo do funk para o país todo, promove a cultura, e fomenta a economia da favela. E é, antes mesmo disso, uma das únicas formas de lazer financeiramente acessíveis aos moradores.

Além disso, passou a atrair novos empreendimentos, impulsionados pela ação do coletivo G10 Favelas. Os chamados “barzinhos”, como o Paraíso Chic e o Paraíso na Laje, ou mesmo as casas de shows e de festas, como o Arena & Bar, ganharam espaço na comunidade. São espaços fechados, com faixas de preço muito elevadas em comparação aos bailes, em que por vezes paga-se uma taxa ao entrar.

Estas novas opções atendem a um público, de forma geral, ligeiramente mais velho, quase exclusivamente restrito aos moradores do bairro e, sobretudo, que dispõe de condições financeiras para gastar um pouco mais com lazer. 

Moradores pedem por mais lazer há mais de uma década

A comunidade de Paraisópolis tem mais de 100 mil habitantes, 21 mil domicílios em uma área de 10 km² na Zona Sul de São Paulo. É considerada a segunda maior de São Paulo, ficando atrás apenas de Heliópolis. Apesar de possuir equipamentos públicos, a região ainda é carente de mais ações sociais e infraestrutura urbana há pelo menos dez anos.

Segundo moradores, as ações da Polícia Militar continuam inibindo as atividades culturais na favela.

Dados de Paraisópolis

  •  2ª maior favela de São Paulo e 5ª maior do Brasil
  • 10 quilômetros quadrados de área
  • 100 mil habitantes
  • 21 mil domicílios
  • 12 mil moradores analfabetos ou semianalfabetos
  • 31% da população é composta por jovens de 15 a 29 anos, portanto mais vulneráveis à carência de emprego e oportunidades
  • 42% das famílias têm mulheres como responsáveis
  • Renda média de 87% dos chefes de família é de até 3 salários mínimos
  • 21% da população, com emprego, que atua no comércio local
  • Aproximadamente 10 mil comércios locais
  • 12 escolas públicas (estaduais e municipais), uma Escola Técnica Estadual (Etec), um Centro Educacional Unificado (CEU), três unidades básicas de saúde (UBS) e uma unidade de Assistência Médica Ambulatorial (AMA)
Fonte: Visão do Corre
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