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Quem é Ediane Maria, a 1ª empregada doméstica deputada de SP

Coordenadora do MTST teve 175 mil votos e passa a representar o PSOL na Assembleia Legislativa de São Paulo a partir de 2023

6 out 2022 - 14h17
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Ediane Maria foi eleita deputada estadual em São Paulo
Ediane Maria foi eleita deputada estadual em São Paulo
Foto: Divulgação

Mesmo por telefone, dá para saber que Ediane Maria está sorrindo. Está exultante desde a noite de domingo (2/10), quando confirmou sua eleição para deputada estadual em São Paulo, pelo PSOL. “São 175 mil pessoas que depositaram um voto na urna de confiança em mim”, comemora, em entrevista à Ponte, na tarde de quarta-feira (5/10).

Nascida em Floresta, no sertão pernambucano, Ediane migrou para São Paulo aos 18 anos, para trabalhar em uma “casa de família” — sua “patroa” era filha da mulher que havia contratado, anos antes, a mãe de Ediane, também como empregada doméstica.

Ediane morou em quartos de empregada em Santo Amaro, na zona sul da capital paulista, e no Brás, no centro, antes de se mudar para o Sítio dos Vianas, na periferia de Santo André (ABC Paulista). “A vista é linda, tenho uma vista de 180 graus de Santo André. Mas ao mesmo tempo, são muitas dificuldades, o ônibus deixa a gente no pé do morro e temos que subir a pé”, conta.

A militância política de Ediane começou informalmente, na fila das sobras do programa Viva Leite, que entrega leite para filhos de famílias carentes. “Quando meu filho Gustavo fez sete anos, ele foi cortado do programa, é a idade limite. Como a gente dependia daquele leite, eu ia para a fila todos os dias às 7h da manhã, para voltar com um litro de leite às nove. Ou,  às vezes, sem nada, porque dependia de ganhar o que sobrasse, de quem não foi buscar”, conta. “Mas eu via certo desperdício, às vezes sobravam 50 litros de leite e tinha 10 pessoas na fila, cada uma só podia levar um. Aí eu resolvi ajudar a organizar, racionalizar a distribuição, e deu certo.”

Foi ali que ela acabou conhecendo o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), por meio de uma voluntária. “Uma companheira do MTST veio me contar sobre as ocupações ali na região. Eu sou vizinha do Novo Pinheirinho e do Santos Dias, ocupações iniciadas em 2012 que foram regularizadas em 2019”, lembra.

“Quando entrei na Povo Sem Medo, em 2016, a maior ocupação da América Latina, me senti imediatamente acolhida, uma sensação de pertencimento, depois de mais de 16 anos procurando em São Paulo meu lugar. Não pensei duas vezes, senti que ia ser a viagem da minha vida”. Sete dias depois, Ediane já era coordenadora do movimento. Em um ano, já coordenava 800 famílias na Ocupação Marielle Franco, no Grajaú, zona sul da capital paulista.

Ediane diz ter orgulho de estar representando os migrantes nordestinos em São Paulo (“que constroem esse estado que é a maior economia do Brasil mas que são tão maltratados”) e as empregadas domésticas. Para a categoria de trabalhadoras, quer organizar e garantir mais direitos. “Eu só fui ter carteira assinada em 2015, depois da PEC das Domésticas, da presidenta Dilma (PT), que depois foi derrubada. A gente tem que ter direito a férias, poder viajar. Queria saber onde estavam essas empregadas que ‘iam para a Disney’ que o [Paulo] Guedes [ministro da Economia] fala. Eu não consegui nem visitar a minha família. A gente tem o direito de poder levar os filhos na praia, encontrar a família no Nordeste”, dispara.

Sua prioridade imediata na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) é criar políticas de combate à fome. “Temos hoje mais de 33 milhões de brasileiros sem ter o que comer, inclusive em São Paulo. Trabalhei nas Cozinhas Solidárias do MTST e sei da importância delas, muitas pessoas dependem da gente para ter o que comer todo dia”, conta.

Além disso, a agora deputada estadual Ediane Maria quer modificar a distribuição das Delegacias da Mulher da Polícia Civil. “Precisamos ter essas delegacias nas periferias. Imagina, uma mulher com medo do agressor ter que ir até as regiões centrais para abrir um boletim de ocorrência. Uma delegacia na periferia pode, inclusive, inibir os agressores, vão saber que a polícia está ali do lado”, explica.

Ponte
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