Festival Yvy Porã tem programação gratuita em aldeia no Jaraguá
Evento será realizado na zona noroeste de São Paulo com shows de Brisa Flow e Katú Mirim, palestras e comidas típicas
Um dia repleto de música, rodas de conversa, comidas típicas e até trilhas - tudo isso dentro de uma das aldeias indígenas que existem em São Paulo. Essa é a proposta do "Festival Yvy Porã - Jaraguá é Guarani", que será realizado neste domingo (29) na Tekoa Yvy Porã, localizada no Jaraguá, zona noroeste da capital paulista.
O evento gratuito é resultado da união de esforços de articuladores culturais de Pirituba, distrito vizinho, com as lideranças das aldeias. "A intenção é promover integração, conseguir se comunicar com o Juruá, o não-indigena, de uma forma em que a informação delete todo tipo de ignorância que existe", conta Sabine Cazalini, 37.
Sabine é fotógrafa e articuladora no coletivo Arte de Subúrbio, que conta com uma relação de apoio aos indígenas do Jaraguá já há alguns anos, a partir do contexto das políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro e da pandemia de Covid-19. "Toda a integração que houve entre nós e a aldeia, veio justamente dessa necessidade política a partir da eleição de 2018", relembra.
"A gente começou a ver todo esse desmonte, de todas as instituições, um perigo visual e evidente. Aí começamos a apoiar politicamente também todas as lutas e protestos dos indígenas, contra os PL's [Projetos de Lei] que foram vindo, para tentar desacelerar e até diminuir as demarcações", complementa Sabine.
Atrações
As principais atrações do Festival Yvy Porã são as rappers Brisa Flow e Katú Mirim. Filha de imigrantes chilenos, Brisa foi eleita a "compositora do ano" pelo WME Awards 2022, prêmio musical exclusivamente feminino, em São Paulo.
Já Katu Mirim é famosa não só pela música, como também pelo ativismo e a presença ativa nas redes sociais, onde soma mais de 100 mil seguidores. Quem abre a programação do palco é o rapper Xondaro Nômade, que estará praticamente "em casa". Ele é indígena da etnia Guarani do Jaraguá.
Para além dos shows, o festival conta também com rodas de conversa com a participação de lideranças das seis aldeias que convivem no Jaraguá. Aliado dos produtores na organização do evento, o ativista Thiago Karai Djekupe participará de uma mesa às 12h.
"Ele é aquela pessoa que entende lá dentro e que consegue articular, por ser uma liderança jovem. Ele se importa de verdade com essas transformações políticas e sociais", conta Sabine.
Para Teruko Saito, 28, que também faz parte da organização do festival, outro destaque da programação é a feira de comidas típicas e artesanatos. "Vai ter muita comida tradicional guarani. Vamos ter a parte de ervas medicinais, de literatura, artesanato, arte indígena e cerâmica", comenta.
"Tem um espaço em que eles vão ensinar como são as armadilhas tradicionais, a parte onde vai ter o meliponário, o mel guarani, as danças tradicionais e o coral guarani", segue Teruko, que é produtora de moda e pesquisadora nas áreas de sustentabilidade e geração de renda.
Essas duas questões presentes na área de atuação da organizadora são, inclusive, um dos propósitos do evento. "Trata de um projeto de impacto social com geração de renda. A gente está com uma população em estado de vulnerabilidade, que sofre diversas repressões, e a gente traz toda essa circularidade e sustentabilidade no formato que eles já executam dentro da aldeia", afirma.
No site do Festival Yvy Porã tem a relação de todas as atrações e atividades do evento, além dos horários de cada show.
No mesmo dia haverá uma programação especial de aniversário de São Paulo no Museu das Culturas Indígenas, na região da Água Branca, na zona oeste. A entrada para o evento é 1 kg de alimento, mas será oferecido transporte gratuito de ida e volta para quem desejar fazer uma visita ao festival no Jaraguá.
Quando: 29 de janeiro (domingo), a partir das 9h
Endereço: Estr. Turística do Jaraguá, 3379 - Vila Jaraguá, São Paulo - SP
Preço: Gratuito
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