Britânicos lamentam perda de ator Richard Harris

Sábado, 26 de outubro de 2002

Richard Harris atuando como Dumbledore

O Reino Unido e a República da Irlanda estão hoje de luto pela morte na noite de sexta-feira do ator Richard Harris, de 72 anos, que coroou sua extensa carreira no cinema com o papel do professor Alvo Dumbledore no filme Harry Potter.

O primeiro-ministro irlandês, Bertie Ahern, expressou sua tristeza pela perda de seu compatriota, que morreu "placidamente", segundo um porta-voz da família, em conseqüência de um câncer conhecido como o mal de Hodgkin, no Hospital University College de Londres.

Um desolado Ahern descreveu o astro principal de Um homem chamado cavalo (1970) como "um dos artistas mais extraordinários da Irlanda", país onde nasceu, em 1930.

A morte de Harris, que estava sob tratamento de quimioterapia desde agosto, quando o câncer foi diagnosticado, deixa um enorme vazio no cinema anglo-saxão.

Conhecido tanto por seus filmes como por sua "simpatia" pela bebida e sua fama de dar "broncas", o veterano artista, que além disso foi escritor e cantor, marcou as pessoas que o conheceram.

O premiado diretor britânico Michael Winner, que foi seu vizinho durante dez anos, afirmou que Harris "era um personagem maravilhoso e cálido".

"Agora que Harris morreu, há menos luz", disse o cineasta, diretor de filmes como Encontro marcado com a Morte (1988), baseada em um livro de Agatha Christie.

Segundo Winner, Harris "foi um dos melhores atores do mundo e tinha o carisma de uma estrela... Era como uma velha lenda de Hollywood".

O ator irlandês - casado duas vezes, divorciado e pai de três filhos (Damien, Jarid e Jamie)- participou de mais de 60 filmes durante sua próspera carreira.

Harris adoeceu justamente após a filmagem do segundo filme da saga de Harry Potter e A Câmara Secreta, com estréia prevista para 15 de novembro.

No primeiro longa-metragem baseado no personagem da escritora britânica J.K. Rowlings, Harry Potter e a Pedra Filosofal, Harris chegou nos corações de uma nova geração de jovens cinéfilos no papel do sábio professor Alvo Dumbledore.

Curiosamente, Harris, como o resto do elenco, se comprometeu a participar em um total de sete filmes - o número de livros que J.K Rowlings pretende escrever.

Mesmo durante o período de sua doença, o artista ainda tinha esperança de poder estar presente no terceiro filme da série, O prisioneiro de Azkaban, que começará a ser filmado em março.

Suas aparições na televisão e nos jornais britânicos, que divertiam-se com suas travessuras, sempre foram famosas.

O popular jornalista britânico Michael Parkinson, que entrevistou Harris três vezes para a BBC, o descreve como "um vivedor, da velha escola de atores como Peter O'Toole, gente que amava a vida".

Parkinson também afirma que o ator era "alguém extraordinário, um grande contador de histórias e muito inteligente".

O próprio ator, grande amante do rugby e um apaixonado em tudo o que fazia, confessou em uma ocasião que queria "beber a vida até a última gota".

Nascido em 1 de outubro de 1930 na cidade de Limerick, Harris se mudou para Londres ainda jovem para estudar na London Academy, depois de ter sido rejeitado pela Real Academia de Arte Dramática da capital britânica.

No início de sua carreira escreveu e produziu, sem muito êxito, suas próprias obras e interpretou vários clássicos no palco, exceto Hamlet, de William Shakespeare, algo que sempre lamentou.

Sua estréia no cinema aconteceu apenas em 1958, com Alive and Kicking, e alguns dos papéis que protagonizou levaram sua fama a todo o mundo.

Em 1967, foi o rei Arthur em Camelot, pelo qual recebeu o Globo de Ouro de melhor ator.

Além de sua inspirada atuação em Um homem chamado cavalo, onde tenta converter-se em um "pele vermelha" passando por todas as provas da tribo, Harris ficou famoso em filmes como Robin e Marian (1976), As viagens de Gulliver (1977) e, recentemente, em Gladiador (2000) e O Conde de Montecristo (2002).

Com seu personagem em Harry Potter, um sábio druida de longa barba branca, a carreira de Richard Harris alcançava seu auge uma vez mais.

EFE

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