A aventura do chá da madrugada
Cerca de duas semanas atrás fui conhecer Monte Verde, cidade de inverno em Minas Gerais. Minha idéia era tirar alguns dias de férias com minha mulher e meus filhos. Malas no carro, stress da estrada perigosa e finalmente estava em Monte Verde e num aconchegante hotel com lareira e o frio ideal. Parecia estar indo tudo muito bem. A noite reservamos uma mesa no restaurante Bavária que, conforme indicado, era uma das melhores opções. O proprietário do restaurante até que era simpático, mas a comida deixou muito a desejar; porções pequenas e servidas quase frias, e o preço me deixou mais aquecido do que todo o calor da lareira. Será que alguns lugares não percebem que este país se chama Brasil?
No dia seguinte, céu azul e ar puro, tudo convidava a um passeio pelas trilhas, porém após uma abstinência de férias, resolvi alugar uma moto, tipo cross para conhecer a região. Resultado? tombo com fratura de úmero e antebraço. Fim de férias, logo no segundo dia.
Volto a São Paulo para cuidados médicos, mais espanto. Um dos melhores hospitais da cidade ofereceu um atendimento quase inferior ao que recebi em Camanducaia M.G., mas não me dei por vencido e resolvi continuar as férias. E a opção para descanso acabou sendo São Francisco Xavier, cidadezinha descolada e pacata, próxima a Campos do Jordão.
Reserva feita na Pousada Sal da Pedra, considerada a melhor da região - pudera, 160 reais por dia prometiam uma estadia digna de um Rei - novamente stress da estrada e, enfim, as férias.
A pousada é bonitinha e tem uma bela vista, porém cadê a televisão? Nem no quarto, nem na pousada. Descubro também que o restaurante fecha as 10 horas e que não oferecem serviços de quarto. Imaginem eu, com o braço quebrado e sem tv, banho quente e room service? A solução foi prática, fomos até a cidade e compramos bule e canecas de agata, bem típicas do interior, e um estoque de bolachas e guloseimas.
No meio da noite, chuva, frio e fome. Saímos com uma lanterna para procurar um pé de capim santo. Encontrada a erva, aquecemos água na lareira do quarto e preparamos o tão esperado chá, delicioso. Pode parecer simples demais, porém com a mais absoluta falta e opções o chá da madrugada pareceu o melhor acontecimento das férias.
Leia as colunas anteriores
Volta para a capa
|
