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No limite da fome...

Domingo assisti a um episódio do programa "No Limite" exibido pela Rede Globo. Particularmente não é o tipo de programa que me agrada, pois acho produzido demais para um desafio. Deixa o programa mais parecido com uma gincana, principalmente depois de haver assistido a uma reportagem sobre o Eco Challenge (uma prova com equipes de vários Países desafiando obstáculos da natureza). Mas, enfim, gosto não se discute.

O que me chamou a atenção no programa foi o fato de que comida é o tema central. O maior desafio é conseguir alimentos. Apareceu uma das participantes chorando de fome, outra discutindo a divisão de uma banana e, por aí foi, até o momento em que um pacote de macarrão integral dividido pelos participantes mal coube em uma lata de sardinhas. Ora, sabemos que um pacote de macarrão é suficiente para alimentar satisfatoriamente de 4 a 6 pessoas, e que em algumas comunidades carentes, dá para 2 ou 3 refeições de uma família. Isso demonstra a meu modo de ver várias coisas.

* Somos mal acostumados em nosso relacionamento com os alimentos, desaprendemos como é difícil obter o alimento.
* Comemos muito mais do que nosso organismo necessita.
* A gula esta cada vez mais enraizada no ser humano.
* Nossos prazeres estão destruindo o eco sistema. Isso mesmo, o sofisticado caviar que está levando à extinção o peixe estrujão, os foie gras em que gansos presos a tábuas para que não se movimentem e seus fígados se inchem de tanto comer. Os vitelos separados de suas mães e confinados em estábulos escuros para que a carne fique macia.

Fome de verdade é muito triste e não deveria ser tratada como uma brincadeira e uma disputa. Deveria ser tratada como prioridade mundial. É fácil ver fome e a necessidade de se alimentar como um grande show de televisão. É divertido ver um grupo de pessoas dentro de uma lagoa assoprando um barquinho para ganhar um pote de sorvete. Pergunto quantos pontos no Ibope renderia um documentário sobre a fome na Etiópia, ou no sertão brasileiro? Sabe quantos? Zero. Triste mesmo é assistir a fome como uma injustiça social. Mas enfim, consciência não se discute.

Acho que ao invés de mostrar os participantes "sofrendo" de fome, deveriam ser mostrados os meios de se obter o alimento, formas de melhor aproveitar o que a natureza oferece e principalmente mostrar como o ser humano pode ser criativo na sua necessidade de sobrevivência. Mas enfim, filosofia não se discute. E que vença o desafio aquele que tiver menos fome...

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