10 fatos curiosos presentes no documentário Becoming Led Zeppelin
Primeiro filme a ter produção autorizada pela banda apresenta uma série de histórias interessantes a respeito do período de formação
Becoming Led Zeppelin, documentário sobre a origem da banda citada no título, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 27. Dirigido por Bernard MacMahon, o longa-metragem estará disponível de forma exclusiva no formato IMAX.
Primeiro a ser autorizado pelo Led Zeppelin, o filme apresenta algumas curiosidades interessantes a respeito dos anos de formação dos músicos enquanto profissionais e do projeto em si. A história no longa-metragem é encerrada em janeiro de 1970, portanto, apenas o período dos dois primeiros álbuns é contemplado.
Nem todos os fatos apresentados no documentário são inéditos. Ainda assim, mesmo as situações já conhecidas do público são discutidas de forma aprofundada.
Confira abaixo uma seleção de curiosidades compilada pela Rolling Stone Brasil, que assistiu ao filme antes de sua estreia nacional:
10 fatos curiosos presentes em Becoming Led Zeppelin
1) Obsessão com os Estados Unidos
A narrativa de Becoming Led Zeppelin começa no pós-Segunda Guerra Mundial, pois revisita o contexto em que os quatro músicos, todos ingleses, nasceram. Enquanto o Reino Unido se recuperava do pós-guerra, os Estados Unidos pareciam ser a "terra das oportunidades". Mas não era só isso que deixava o vocalista Robert Plant, o guitarrista Jimmy Page, o baixista John Paul Jones e o baterista John Bonham obcecados com a terra do Tio Sam: todos eles adoravam música americana, seja blues, rock and roll, R&B, soul ou jazz. "A América era o sonho", diz Plant durante o filme.
Curiosamente, os Estados Unidos foram o primeiro país a abraçar o Led Zeppelin. O álbum de estreia da banda saiu primeiro por lá, em janeiro de 1969. Também foi ali que aconteceu a primeira longa turnê do grupo, que já havia se apresentado na Escandinávia (cumprindo datas do Yardbirds) e no Reino Unido em 1968, mas só excursionaria mesmo no início do ano seguinte.
2) Os heróis de Jimmy Page, Robert Plant e John Bonham
Três dos quatro integrantes do Led Zeppelin abordam seus heróis musicais nas entrevistas de Becoming Led Zeppelin.
Jimmy Page adorava o rock and roll americano e era crítico da cena musical inglesa até o surgimento de Lonnie Donegan, creditado como "o rei do skiffle". Para ele, os artistas britânicos não se arriscavam antes da chegada de seu grande ídolo.
Já Robert Plant diz que foi fisgado por Little Richard. Ele passou seus primeiros anos de vida sendo preparado para se graduar — a partir da adolescência, o plano era virar contador —, mas ao conhecer o responsável por "Tutti Frutti", "Long Tall Sally" e tantos outros hits, sua vida mudou. Ele também idolatrava Sonny Boy Williamson II, a ponto de dizer que o bluesman encapsulava todas as suas referências artísticas.
John Bonham — que nos deixou em 1980, mas acabou representado por uma gravação de uma entrevista inédita — teve duas referências bem diferentes e, curiosamente, ambas fora do rock. O baterista desenvolveu interesse pelo instrumento após assistir ao filme The Benny Goodman Story (1956), com a lenda do jazz Gene Krupa, e se apaixonou ainda mais quando conheceu o soul de James Brown.
3) A epifania causada por música de elevador
Antes de se envolver com bandas, Jimmy Page trabalhou por anos como músico de estúdio — assim como John Paul Jones. Ao longo desse período, gravou com nomes diversos: de Shirley Bassey a The Who, passando por Rolling Stones, Marianne Faithfull e qualquer coisa que aparecesse.
Em dado momento, ele estava trabalhando com o que se chama de muzak; no português claro, "música de elevador". Esse tipo de gravação o levou a pensar "o que estou fazendo aqui?". Era o incentivo que precisava para abandonar as sessões em estúdio e se dedicar ao universo das bandas, primeiramente se juntando ao Yardbirds e depois fundando o Led Zeppelin.
4) O vocalista que nunca foi — mas sugeriu o vocalista que foi
Originalmente, Jimmy Page queria contar com Terry Reid nos vocais do Led Zeppelin. Porém, o vocalista recusou o convite.
Há duas versões para esta história. Em Becoming Led Zeppelin, o guitarrista diz que Reid recebeu um contrato de gravadora por parte de Mickie Most, produtor que à época trabalhava com Peter Grant, futuro empresário do Zeppelin. Por isso, estava impedido de se juntar a outro projeto.
Por sua vez, o cantor afirma que o convite surgiu para a já mencionada turnê na Escandinávia, como New Yardbirds, mas ele já estava comprometido com excursões abrindo para os Rolling Stones e o Cream. Ele só toparia fazer um teste com Page se o guitarrista cobrisse as despesas relacionadas à rescisão do contrato de turnê. Porém, essa conversa não seguiu adiante.
Fato é que Reid indicou aquele que se tornaria o vocalista do Led Zeppelin: Robert Plant, à época em uma banda chamada Obs-Tweedle. O resto é história.
5) O ódio de Jimmy Page por singles
Mickie Most, produtor mencionado no item anterior, foi o principal responsável por fazer Jimmy Page odiar singles — a ponto de não aceitar lançar compactos com o Led Zeppelin. O guitarrista integrou o Yardbirds de 1966 a 1968 e afirma que tanto ele quanto seus colegas eram "obrigados" por Most a gravar canções pop neste formato, com intenção de emplacar nas paradas e tocar nas rádios AM.
"Já tinha visto singles abalarem o espírito de uma banda", afirma Page em Becoming Led Zeppelin. Por isso, ele próprio financiou as sessões em estúdio do primeiro álbum de sua banda e se manteve como dono das gravações master. No contrato com a Atlantic Records, estabeleceu que a gravadora não teria qualquer interferência na obra do grupo. Sequer poderia editar singles.
6) A primeira música tocada por Page e Plant — e a primeira pela banda
O documentário lembra que a primeira música tocada por Jimmy Page e Robert Plant foi "Babe I'm Gonna Leave You", composição de Anne Bredon gravada originalmente por Joan Baez. O guitarrista trabalhou em um novo arranjo (descrito como "belo" por Plant) e pediu para que o novo colega a interpretasse explorando sua voz aguda. Deu certo.
Já a primeira música tocada em ensaio pelo Led Zeppelin foi "The Train Kept A-Rollin'", lançada originalmente por Tiny Bradshaw e um clássico do chamado "jump blues". A canção era tocada pelo Yardbirds desde os tempos em que Jeff Beck fazia parte do grupo e se tornou um símbolo do blues rock psicodélico.
7) O respeito de John Paul Jones por John Bonham
Todos os integrantes falam com carinho de John Bonham, mas quem mais parece admirá-lo é John Paul Jones. O baixista formou uma dupla rítmica histórica com o baterista, especialmente por adotar uma abordagem onde deixava o colega brilhar.
Durante o documentário, Jones conta que procurava dar o máximo de espaço possível para Bonzo. Por isso, muitas vezes ele deixava algumas notas de fora de suas linhas de baixo. Nesses momentos, a bateria do colega "saltava" e ganhava seu momento de destaque.
Ainda nas palavras de JPJ, o que transformava o Zeppelin em algo único era "o jeito como John abordava o ritmo". Um justo reconhecimento a um dos maiores bateristas de todos os tempos.
8) Casamento em dia de show
As declarações mais divertidas de Becoming Led Zeppelin vêm de Robert Plant. Num desses relatos, o vocalista lembra que se casou com Maureen Wilson em 9 de novembro de 1968, mesmo dia em que a banda faria seu primeiro show como Led Zeppelin — já que as poucas apresentações anteriores ocorreram sob o nome New Yardbirds.
O show em questão ocorreu no Roundhouse, em Londres, na Inglaterra. Teve abertura de John Lee Hooker e rendeu um cachê de 150 libras. Plant conta que simplesmente estava "tentando fazer o máximo de coisas em um mesmo dia". Figuraça.
Maureen, aliás, foi figura importante no início do Zeppelin. Robert enfatizou algumas vezes durante o filme que Pat, mulher de John Bonham, pedia para o marido ficar longe dele. "Esse cara é encrenca", dizia a esposa do baterista, falecida ano passado. Não estava errada. No fim das contas, ela se tornou grande amiga da parceria de Plant, o que acabou aliviando seu julgamento.
9) A crítica maldita da Rolling Stone EUA
Em março de 1969, a Rolling Stone EUA (EUA, ok? Não culpe a brasileira) publicou uma crítica mordaz a respeito do primeiro álbum do Led Zeppelin, homônimo, lançado dois meses antes.
No texto, o jornalista John Mendelsohn descreveu Jimmy Page como "guitarrista muito proficiente, mas produtor limitado e compositor fraco" e definiu o trabalho como muito reminiscente de Truth (1968), estreia do Jeff Beck Group — banda comandada por Beck, que, talqualmente Page, era outro egresso do Yardbirds. O texto ganhou destaque em Becoming Led Zeppelin.
Será que Jimmy e seus colegas sentiram-se afetados por esta e outras muitas críticas negativas ao seu disco inaugural? A história, por si só, indica que não. Mesmo assim, isso é reforçado pelos próprios no documentário.
10) Um ano mágico
Uma das últimas declarações presentes em Becoming Led Zeppelin traz uma constatação impressionante de Jimmy Page. O guitarrista lembra que um dos primeiros shows do Led Zeppelin aconteceu no dia 9 de janeiro de 1969, no Fillmore West, em San Francisco, Estados Unidos. Poucas pessoas estavam na plateia. Exatamente um ano depois, em 9 de janeiro de 1970, eles tocaram na conceituada (e lotada) casa londrina Royal Albert Hall, em uma apresentação que acabou gravada e se tornaria histórica.
Este foi o progresso da banda em um ano. Page até hoje parece não acreditar nesta meteórica ascensão.
*Becoming Led Zeppelin estreia em cinemas IMAX do Brasil nesta quinta-feira, 27.
Becoming Led Zeppelin - ficha técnica
- Direção: Bernard MacMahon
- Roteiro: Bernard MacMahon e Allison McGourty
- Produção: Allison McGourty e Paradise Pictures em associação com Big Beach
- Produção executiva: Michael B Clark, Alex Turtletaub, Cynthia Heusing, David Kistenbroker, Duke Erikson, Simon Moran e Ged Doherty
- Edição: Dan Gitlin
- Supervisão de som: Nick Bergh
- Restauro de som: Peter Henderson
- Pesquisa de arquivos: Kate Griffiths e Rich Remsberg
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