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Para Martinho da Vila, falta "trato" ao abordar o sexo na música

Martinho: sem embaraços ao tratar de sexo em suas letras. (Foto: Divulgação)

Domingo, 29 de julho de 2001, 17h27

Ricardo Ivanov / Terra

O sambista Martinho da Vila está de novo nas lojas de disco. O nome de seu novo CD é Martinho da Vila da Roça e da Cidade. Carioca de Duas Barras, está na música há mais de 30 anos, sempre com material de primeira no samba. Mesmo com a enxurrada de grupos pop de pagode, Martinho permanece com seu posto bem definido no cenário nacional. "É um mistério mesmo. Fico intrigado com isso", diz, aos 63 anos, sobre sua popularidade no gênero.

Do Rio de Janeiro, dos escritórios da gravadora Sony Music, o compositor falou com a reportagem do Terra, por telefone.

Confira a entrevista, em que aponta a falta de "trato" nas letras que tem o sexo como tema:

No seu CD, Martinho da Vila da Roça e da Cidade, tem uma parceria sua com o Ivan Lins, em Presente aos Fãs. É a primeira parceria com ele, que sempre teve um pé no samba?

Sim, é. A melodia é do Ivan, que me deu a música de presente de aniversário. Então resolvi transferir o presente para um fã imaginário e fiz a letra. Ele já ouviu e gostou muito.

Tem também uma música em homenagem a Dona Ivone Lara. Ultimamente, parece que estão lembrando bastante do nome dela.

Sim, mas no meu caso não foi por causa do momento, não. Foi coincidência mesmo. Eu aproveitei uma espécie de "chamado", "partido alto", que criei para Dona Ivone quando fomos para o festival de Montreux, na Suiça. Como um mantra, sabe? E criou-se um clima fantástico. Os versos eu improvisei. Depois, troquei os versos para homenageá-la e fiz a música Dona Ivone Lara.

Queria falar um pouco de seus temas recorrentes. Uma música como Nunca Amei Ninguém Tão Sexy, por exemplo, foi feita para alguém em especial ou é uma mulher idealizada, que representa todas ao mesmo tempo?

É uma mulher idealizada. Foi feita a duas mãos, junto com o Roque Ferreira. Fiz a melodia e ele a letra, que completei, dei uma forma - dei aquela burilada, sabe?

Você alguma vez ficou constrangido ao interpretar uma música com letra muito insinuante, como é o caso dela?

Não, por que quando trato do tema mais erótico, eu trato com cuidado, então dá para cantar uma música com uma conotação assim. Se for bem transada a parte poética, não agride.

Você acha que está havendo uma banalização do tema sexual?

Bom, o romantismo é uma realidade geral. Agora o assunto sexo está em evidência pois é um tema que até pouco tempo não se podia falar abertamente. Ninguém falava disso. Agora nas letras dos pagodes o sexo está demasiadamente banalizado. Mas é por que está de acordo o que se ouve na atualidade, que usa isso de forma direta. Antigamente, quando você chamada uma mulher para ir transar, tinha um certo jeitinho, transando a poesia. Hoje, com essa coisa imediatista, não existe essa preocupação.

Vamos falar um pouco sobre samba. O samba de morro é o mesmo de 50 anos atrás? Se parássemos na frente de um bar para ouvir um som nos anos 50, seria parecido com o que se ouve hoje?

Não, é bem diferente. Os sambas de antigamente tinham como caraterística a temática, que era quase tudo. Quem fazia era o pessoal do morro, da favela, então os temas eram o do trabalho, o do dia-a-dia na região. Com o tempo, a temática foi mundando. No meu caso, já fiz samba sobre tudo que possa imaginar. Você escreve, a vida vai passando e seus assuntos se tornam mais abrangentes.

Nas rodas de samba do Rio de Janeiro hoje se ouve mais o pagode romântico pop ou clássicos do gênero, compositores tradicionais, como você?

Bom, quando você vai para os pagodes o que se ouve mais é o samba tradicional. No meu butequim, por exemplo, todo dia tem samba tradicional. Mas sempre entra no meio algum compositor mais atual, que se adapta ao repertório.

O samba passa por mudanças, que são meio que inerentes à vontade dos compositores. Qual a diferença hoje entre o samba de desfile, do carnaval, e o samba canção, do dia-a-dia? É uma questão de peso, de marcação mesmo?

Hoje, com a velocidade do tempo, tudo é mais dinâmico. Então, o samba acelerou um pouco nos desfiles. Mas existem escolas que preservam essa característica, com um som mais cadenciado. Bem lento, como era antigamente, dá para fazer, mas tem de ter uma contextualização com o passado. Só baixar a velocidade não dá. Tem de ajeitar com o resto do desfile.

Você tem gostado dos samba-enredos do carnaval carioca? Sente alguma saudade nostálgica de outros tempos? Na música Ai Que Saudade que Tenho, de seu novo CD, fica essa impressão.

Me sinto um pouco assim, nostálgico, mas é um caso pessoal. Antigamente eu vivia isso com muita intensidade, era quase minha vida esse negócio. Agora não dá mais. Vou mudando de pensamento, ampliando minha área de ação, de atividade. Agora para muitos, aquilo que é a vida deles, o lazer deles.

É mais fácil ser versátil no samba de avenida ou no samba-canção? Na avenida, não rola mais convenções, clichês, que são exatamente para acomodar aquele espetáculo todo, que não é só música?

Dá para ser bom nas duas coisas. Só que o samba-enredo tem umas regras mais marcantes. Ele é feito para conduzir, é uma música feita para cantar em grupo, então ele tem de ficar preso a isto. O outro não, você tem uma variedade ritmica muito grande. Podemos fazer o que quiser. Eu não estou mais fazendo show só de samba, mas, por exemplo, se eu quisesse, poderia fazer uma apresentação inteira sem repetir o ritmo, cada hora de uma forma. O que faço é predominante o samba, mas gosto de colocar outras informações no trabalho.

Esse disco tem o pé no seu gramado habitual. Pretende fazer alguma experiência musical como a que produziu no festival Percpan, em 2000, em que levou para o palco uma Folia de Reis e se apresentou também com grupo da Guiné-Bissau?

Agora não. Mas quando me surge uma idéia, vou e faço.

Como é a repercussão de sua música fora das fronteiras do Brasil?

Eu já fiz shows em muitos ambientes diferentes, em lugares que não conheciam minha música. Mas para mim o importante é fazer um bom show. Se você for ver um espetáculo de um artista egípcio, sem saber nada sobre ele, e ele fizer um show bem feito, produzido, com bons músicos e ele for um bom cantor, vai passar aquilo numa boa, mesmo sem entender nada. Em todo lugar que eu vou pelo mundo tenho um público meu forte. Por que o Brasil é um país com muitas pessoas que moram fora - e que gostam do país. Isso, mais as pessoas que gostam da música brasileira pelo mundo, dá uma mistura interessante. Sempre dá certo, nunca dá errado.

O CD tem um clima interessante, de mistura de regiões. Vai tentar manter isso no palco?

Bom, terminei o disco agora e estou trabalhando no espetáculo. Vou estrear o show na segunda semana de agosto em São Paulo. Na última semana do mesmo mês, devo vir para o Canecão, no Rio. E aí vou para Portugal, onde o CD está sendo lançado simultaneamente. E sim, vou tentar passar um pouco da idéia do encarte do CD. Acho que vou conseguir.

No seu CD, distribuído pela SONY, tem várias músicas editadas pela Abril Music. É uma burocracia qualquer sem importância ou você tem algum contrato com a outra gravadora?

Eu tenho uma editora própria como compositor, que é administrada pela abril. Assim fica melhor, pois tenho o domínio sobre minha obra. Atualmente, a maioria de minhas músicas não são administradas por mim. Faz pouco tempo que criei a editora.

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