Para Nélida Piñon, escritora e presidente da Academia Brasileira de Letras, Jorge Amado foi um dos maiores estimuladores de sua entrada no mundo das letras e uma das pessoas mais carinhosas que já conheceu. Os escritores eram amigos há mais de 40 anos. “Ele foi uma das primeiras pessoas a me incentivar, com todo o carinho que lhe era tão peculiar, a publicar meu primeiro livro, no começo da década de 60”, conta.Além de apoiador de Nélida, Amado e sua esposa, Zélia, eram companhia constante de Nélida em suas viagens pela Europa. “Sempre que ia para a Europa, acabávamos nos encontrando. Em todas as cidades que você imaginar: Paris, Barcelona, Berlim, e muitas vezes em Lisboa”, conta.
Nélida lembra-se com carinho de um encontro entre ele e os também escritores Lígia Fagundes Teles e o português José Saramago numa de suas últimas viagens à capital portuguesa. “Ele nos levou para jantar em um de seus restaurantes preferidos, muito modesto, porém cheio de personalidade, no Parque Méier, um dos lugares mais lindos de Lisboa. Aquele lugarzinho tinha um valor especial para ele, porque quando estava exilado, era lá que ele levava Zélia e o João (filho do escritor), onde era amigo das donas, era uma festa”, relembra, emocionada.
Outra demonstração do carinho de Jorge para com Nélida aconteceu durante uma outra viagem pela Europa, onde ele apostava em sua candidatura á presidência da Academia. “Ele dizia: ‘Você ainda vai ser presidente daquele lugar!’. Eu ria, achava que ainda estava muito imatura para aquilo, mas a partir daí minha grande meta passou a ser essa”, confessa.
Nélida teve conhecimento da morte do grande amigo pela televisão, ás 20h. “Fica o legado deste homem maravilhoso, a meu ver o maior da literatura brasileira”, finaliza.
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Redação Terra
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