Leitores e escritores de todo o mundo despediram-se na terça-feira de Jorge Amado, o escritor brasileiro de maior fama internacional. A morte de Amado, na segunda-feira, de um ataque do coração, aos 88 anos, apareceu em manchetes de jornais de Portugal, Espanha, Itália, Alemanha e México. E escritores de renome mundial, como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura José Saramago e o peruano Mario Vargas Llosa, lamentaram o fato.
"Acabei de saber (da morte)", afirmou Vargas Llosa à Reuters por telefone. "Jorge Amado é um dos maiores escritores de nosso tempo. Ele tornou o mito brasileiro conhecido em todos o cinco continentes e em todas as línguas modernas."
O escritor sempre foi cotado para receber o Nobel de Literatura e é um dos autores do Brasil que mais venderam livros, com cerca de 20 milhões de exemplares publicados em 49 línguas.
Jorge Amado é mais conhecido por seus personagens sensuais e pelas ambientações tropicais de livros como Gabriela, Cravo e Canela (1958) e Dona Flor e seus Dois Maridos (1996). Os dois transformaram-se em filmes que lançaram a atriz Sônia Braga ao estrelato.
SARAMAGO
Saramago, o escritor português que recebeu o Nobel em 1998, considerou a morte de Jorge Amado um "perda enorme" para a língua portuguesa e para a literatura internacional, afirmou a agência de notícias Lusa.
"A tradução do trabalho dele para cerca de 50 línguas mostra o poder de sua escrita e o tipo de pessoa que ele era", afirmou Saramago.
Em uma entrevista concedida para a rádio TSF, o ex-presidente de Portugal Mário Soares, frequentador assíduo da casa do escritor em Paris (França), chamou-o de "uma das grandes figuras de nossa língua".
O governo da Bahia declarou três dias de luto e milhares de admiradores dele reuniram-se em Salvador para se despedir antes de o corpo de Jorge Amado ser cremado.
As cinzas serão espalhadas ao redor de uma mangueira que fica na casa em que morava com a mulher, Zélia Gattai, ela própria uma escritora famosa.
LA REPUBBLICA
"Adeus, Jorge Amado, e obrigado por nos ter ensinado sobre um Brasil que é diferente, colorido, multirracial e universal", escreveu o jornal italiano La Repubblica em um obituário intitulado "O trovador da velha Bahia parte para sua última viagem".
No México, o diário La Jornada publicou trechos dos livros Dona Flor e Tieta do Agreste. Jornais de toda a Europa estamparam grandes fotos do escritor de cabelos brancos em suas primeiras páginas.
"Pessoalmente, sou grato a Jorge Amado, que compartilhou sua amizade e generosidade comigo quando pesquisava um livro na Bahia", disse Vargas Llosa, que escreveu A Guerra do Fim do Mundo, sobre a história de Antônio Conselheiro.
"Ele conquistou todo o mundo com seu grande humor, seu amor pela vida, pelas mulheres, pela comida e por sua Bahia natal."
Reuters
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