A escritora Zélia Gattai será informada neste final de semana sobre a sugestão de seu nome para a disputa da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras (ABL), que pertencia a seu marido Jorge Amado, disse o ex-presidente da academia Arnaldo Niskier na sexta-feira. A candidatura de Zélia seria uma estratégia para barrar as intenções de Jô Soares e Paulo Coelho de concorrer à cadeira que originalmente era de Machado de Assis e foi ocupada por Jorge Amado durante 40 anos.
Para Niskier, a vitória de Zélia é certa. "Fizemos um cálculo discreto e somamos 25 votos a favor, quando seriam necessários apenas 20 para elegê-la", disse o ex-presidente da ABL.
O acadêmico não acredita que Zélia rejeitará a proposta de sua candidatura. "Falaremos com ela neste final de semana. Ainda não tocamos no assunto, em respeito à dor que está sentindo. Porém, Zélia ama a academia e por esta é amada, e nem penso na possibilidade dela não aceitar", disse Niskier.
Quanto às declarações de Jô Soares de que pretendia se candidatar à vaga de Jorge Amado, Niskier afirmou: "Como ele (Jô Soares) disse que desistiria se Zélia estivesse na disputa, já deve ir preparando sua bela retirada".
Ivan Junqueira, integrante da casa, disse que em Jô não votaria. "Quem é esse escritor?", indagou em tom irônico.
Especulações também circularam na mídia sobre a pretenção do escritor Paulo Coelho de dar entrada com a sua candidatura na ABL.
O imortal Marcos Madeira disse que procurou Paulo Coelho para saber sobre suas intenções. "Ele me disse que não vai mais disputar essa vaga", contou Madeira.
Outro imortal empenhado na candidatura de Zélia é Eduardo Portella, que também acredita na vitória da viúva. "Depois da comunicação neste final de semana, já na segunda-feira ela terá os votos garantidos", disse ele.
Tarcísio Padilha, presidente da ABL, pela primeira vez fez insinuações sobre a disputa pela cadeira de Jorge Amado. "A sociedade é muito machista não só na academia, mas em geral. O sexo feminino é injustiçado e é um dever da sociedade reparar esse erro", afirmou Padilha.
Das 40 cadeiras da ABL, apenas três são ocupadas por mulheres: Rachel de Queiroz, Nélida Piñon e Lygia Fagundes Telles.
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Reuters
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