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Arnaldo Antunes volta unificando São Paulo e Bahia em novo CD

Antunes se identificou com os músicos baianos e a filosofia de "transitar pelas diferenças".
(Foto: Rogério Lorenzoni/Terra)

Sexta, 24 de agosto de 2001, 12h01

Ricardo Ivanov/Redação Terra

Três anos depois de seu último CD, Um Som, o músico e multifacetado artista volta aos estúdios para mais uma empreitada solo. Foi para Salvador, no meio da favela do Candeal. Talvez fosse um lugar inusitado para Arnaldo estar e registrar Paradeiro, mas pelo tom do cantor a idéia era essa mesma: se misturar com a espontaneidade libertária de Salvador, cercado de seus antigos amigos músicos paulistas.

À frente da mesa de som, talvez o maior ícone da cultura pop baiana, Carlinhos Brown ("Nos damos muito bem", relata Arnaldo), que dividiu a produção com Alê Siqueira, condutor do mais recente disco de Tom Zé e que trabalhou com Antunes na trilha do espetáculo O Corpo. As duas vertentes ficaram equilibradas, tendo como centro da balança o ex-membro dos Titãs. "Os músicos da Bahia têm uma abertura muito grande para a diversidade. Às vezes ouvimos um sotaque meio latino, meio africano. Eles misturam essas informações musicais com muita liberdade", disse em entrevista ao Terra, minutos antes de um Chat com os internautas.

Antunes admite que se identificou com essa filosofia baiana, a de transitar pelas diferenças. O disco Paradeiro continua a saga de parcerias do artista, como no caso da faixa título, em dueto com Marisa Monte. Aliás, após a gravação, a cantora passou a incluí-la no repertório de seus shows. Outro paulista das antigas com Antunes é o guitarrista do Ira!, Edgard Scandurra, que divide com ele o crédito de O Mosquito. "Cada parceiro coloca uma situação diferente na relação. Eu gosto disso, pois acabo sendo levado a fazer coisas que sozinho não faria, muito por um exercício de adequação à linguagem da outra pessoa", explica.

Mas o disco não é somente de inéditas. Uma única música Carlinhos Brown sugeriu ao repertório de Arnaldo: Exagerado, de Cazuza. A versão, no entanto, está longe daquela verve roqueira do cantor original - agora é light e com direito a sons urbanos interferindo no clima da canção.

Confira entrevista com Arnaldo Antunes:


Como você descreveria em palavras seu novo CD, Paradeiro?

Paradeiro é meu quinto CD solo. Foi gravado em uma circunstância diferente dos outros, mais especial, pois foi gravado lá na Bahia, com produção do Carlinhos Brown, que é meu parceiro em várias composições, mas que eu não tinha ainda trabalhado em um projeto grande, um disco. Levei músicos de São Paulo para trabalharmos lá, mas também trabalhamos com músicos da Bahia, especificamente do Candeal, que é de certa forma um núcleo gerador de música. Lá tem uma escola de música, ligada ao trabalho do Brown, tem o Gueto Square, onde a Timbalada estuda - quer dizer, tem uma série de motivações para as pessoas que produzem músicas ali.

Como funcionou a mistura paulista e baiana no trabalho?

Foi muito legal. Teve uma interatividade muito fértil entre os músicos de São Paulo que trabalham comigo há anos, como Edgard Scandurra, e os músicos da Bahia que vieram graças ao intermédio do Carlinhos Brown. O Carlinhos foi criativamente muito ativo desde as concepções dos arranjos até a realização de todas as gravações. Foi um prazer. Temos esse astral, frescor, que é a coisa da música da Bahia estar presente junto com minha sonoridade particular.

Seu disco fala de um híbrido entre a modernidade e o primitivo, relacionando a tecnologia usada e os tambores baianos. Isso existe mesmo e dá certo?

A modernidade resgata muito a coisa tribal, essa coisa das fronteiras de linguagem cada vez mais fluentes. O próprio computador e a internet são sintomas disso. Você pode trabalhar com vídeo, texto, imagem - algo tribal, que é "pré" essa divisão que a civilização do homem fez entre as linguagens. Na tribo você tinha todas essas manifestações artísticas que se davam muito incorporadas à vida, que se relacionavam entre si. A música era para ser dançada, que era também ligada ao rito religioso. Não existia uma arte separada da outra, era tudo um pouco ligado. Daí talvez venha até a própria expressão do McLuhan, a "aldeia global" - a aldeia propiciada pelo mundo tecnologizado. Então dá para haver um diálogo sim. E ao mesmo tempo eu não acho que as coisas dos tambores de percussão simbolizem o primitivo e que o computador e o sintetizador simbolizem o moderno. Muitas vezes você tem uma sofisticação muito grande na própria linguagem como o tambor é tocado, que já aponta para uma coisa moderna.

Você falou em Internet. Concorda que ela chegou como uma "anarquia democratizadora" e ao longo desses dois anos tenha se transformado em uma instrumento facilitador que ninguém no fundo quer usar mais?

A questão do tempo ainda é algo complicado. Em casa eu tenho Speedy e mesmo assim eu acho lento. Tenho pouco tempo para ficar passeando, navegando. Posso falar por mim, é difícil generalizarmos e dizer qual o futuro disso para todas as pessoas. Quando eu procuro uma informação específica e não tenho onde consultar, a internet é uma grande fonte para isso, para achar coisa. Agora o prazer de ficar navegando é tudo ainda muito restrito pela lentidão do veículo.

Saindo da aldeia e voltando ao disco. Como é a nova versão de Exagerado e por que regravá-la nesse momento?

Na verdade foi uma sugestão do Brown como produtor, aliás, a única que sugeriu no repertório, e acabei me encantando com a idéia de fazer essa música como ela foi gravada, que é com uma serenidade, meio bossa nova e os ruídos incidentais da rua - no momento da gravação colocamos um microfone virado para a janela, que ambientou muito bem a gravação de voz e violão que foram feitas meio "ao vivo". Encantei-me com isso que foi justamente fazer uma leitura contrastante com o que a letra diz - é exagerado, mas por um outro lado, pelo lado da interpretação cool, muito serena. É muito diferente da versão original do Cazuza, então é uma recriação criativa mesmo da canção.

Você também é um músico de parcerias. Essas contribuições externas costumam ser em algum ponto específico de sua música, como letra, espírito da canção, harmonia, arranjos ou nunca é do mesmo jeito?

Cada parceiro coloca uma situação de composição muito diferente do outro. Às vezes alguém me manda uma melodia para eu colocar a letra, então tenho de criar o texto já dividido, a partir de uma sugestão melódica. Às vezes alguém musica um texto meu, como no caso de Dinheiro, que gravei no meu último disco - o Jorge Benjor fez ela a partir de um texto que eu havia publicado em um livro. Tem parceiros antigos com quem faço letra e melodia em conjunto, como com o Carlinhos Brown, Marisa Monte. Às vezes musico um poema de alguém como no caso de Socorro, que é uma letra da Alice Ruiz.

Você vai fazer alguma participação especial no disco novo dos Titãs?

Não. Não teve nenhum convite, não. Tem uma parceria nossa que eles gravaram, que nem sei se vai entrar mesmo no disco. É uma composição minha, do Marcelo, Belotto e Paulo.

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