Ricardo Ivanov / Redação TerraDemorou, mas chegou. Uma das bandas pop brasileiras mais amadas dos últimos tempos resolveu registrar em CD um show ao vivo - algo que fazem muito bem, com um pé nas costas. "Desde nossos primórdios temos uma relação muito íntima e confortável com o palco", explica Samuel Rosa em entrevista à reportagem do Terra, por telefone, do Rio de Janeiro. São 17 faixas em que ficam espremidos os diversos hits do grupo ao longo de quatro discos de estúdio e 10 anos de carreira. "Eu sempre gostei mais de estar na estrada que no estúdio. Mas depois do Maquinarama mudei um pouco de idéia, pois a produção do CD foi muito legal", disse.
Gentil e prolífero, Samuel falou sobre a produção do álbum, gravado em Ouro Preto, Minas Gerais, em julho deste ano, e curiosidades e brigas que raramente comenta em entrevista. Um exemplo é a recente troca de farpas entre o roqueiro Marcelo Nova e ele. Samuel teria dito que Raul Seixas andou com más-companhias em seus últimos dias - Marcelo era essa má-companhia, e respondeu que Samuel é um "bundão", um "poodle". Durante o papo comentou até sobre seu suposto estigma de "antipático", se divertindo. O Skank continua sua turnê pelo País até o final do ano.
Confira a entrevista com o cantor:
Por que gravar um disco ao vivo nesta altura do campeonato? Vontade da banda ou clausula contratual?
Até temos isto em contrato, mas não tem essa obrigatoriedade de tempo. Foi uma coisa de comum acordo entre a gravadora e a banda. Acho até que demoramos muito para gravar um disco ao vivo. Existem bandas contemporâneas que já lançaram um projeto paralelo como esse nessa altura da carreira. O Rappa, Planet Hemp, Raimundos são exemplos. Para nós, essa demora em gravar um disco ao vivo criou algumas dificuldades. O espaço no CD fica reduzido para tanta música, composta em fases distintas do Skank. São referências variadas, essa mistura de canções do Maquinarama e Samba Poconé. Fica mais difícil de dar uma unidade para o álbum. No final de um ou dois discos fica mais fácil fazer um ao vivo. Mas não deixa de ser curioso termos essas diversas fases no mesmo produto.
Por que vocês nunca gravaram um acústico com a MTV?
Na realidade esse é o primeiro projeto paralelo nosso. São quatro álbuns e 10 anos de carreira e não deixa de ser uma coletânea do Skank. Depois de tanto tempo na expectativa de gravar um disco ao vivo, não queríamos inventar muito. Tínhamos de ser muito precisos e é no fundo um disco para o fã. Fizemos uma enquete em nosso site (www.skank.com.br) para saber das pessoas quais as 15 músicas que não poderiam faltar em um disco ao vivo nosso. Aí mapeamos o que veio. Queríamos muito legitimar essa relação com o palco. Sempre gostamos de tocar, fazer show - aliás nunca paramos com eles, mesmo na produção deste álbum, pois é um exercício muito saudável para o grupo. As maiores descobertas musicais do Skank foram coisas que vieram da estrada.
O CD foi finalizado no estúdio do Ferreti. Vocês fizeram a pós caseiramente mesmo, ou seja, produziram o disco?
É, ele foi gravado no mesmo estúdio em que registramos o Maquinarama. No ao vivo participamos da produção sim, junto como o Liminha. A importância, no entanto, do produtor em um disco ao vivo é diferente de um disco de estúdio, com músicas inéditas. No ao vivo, ele cumpre um papel de zelar pela excelência, pela qualidade técnica do álbum. No disco de inéditas o produtor está mais comprometido com o conceito do álbum.
Vocês vão fazer uma turnê para divulgar o novo CD?
Na realidade não paramos. Como é um disco ao vivo não precisamos parar tudo. Vamos divulgar o álbum ao mesmo tempo em que continuamos nossa excursão do Maquinarama, que ainda não acabou. Não paramos de tocar em nenhum momento. Em julho estivemos no Festival de Montreaux para duas noites - uma com Carlinhos Brown e Jorge Benjor no palco principal e outra sozinhos em um palco menor. Depois seguimos para a Alemanha. Sempre fazemos uma turnê fora do País, na Europa, etc.
Teve um recente desentendimento entre você e o Marcelo Nova, com algo que você disse sobre as últimas más-companhias do Raul Seixas. Como ficou essa história?
Pô, mas Carpinteiro do Universo, do Raul, é muito ruim, né? O Marcelo Nova fala mal de gente faz um tempão. Tô na verdade dando muita notoriedade para quem não tem. É uma bobagem, mesmo. Não tenho o menor problema com isso. Sabe, não é a pessoa do Marcelo que me incomoda. Ele pode entender de rock, mas sua produção musical é muito medíocre. Ele canta mal, suas músicas são muito ruins, portanto nunca vou falar bem dele (risos).
Outra impressão talvez errônea que as pessoas tenham de você é que é antipático. No Rock Gol da MTV alguns jornalistas notaram que você não era de muita conversa...
Eu realmente tenho esse estigma de ser o único representante da classe musical que entra no Rock Gol MTV para ganhar. Mas se você reparar bem eu sou o que mais tomo porrada lá. Brinco com todo mundo. Acho que é pelo Skank ter sempre declarado seu amor ao futebol, fica parecendo que aquele torneio só tem relevância para mim (risos). Na verdade entramos para ganhar. Acho divertido esse estigma que ganhei. Agora não vou levar sozinho, não (risos). Tem muita gente lá pior do que eu, que descamba para a porrada. Pode perguntar para quem estava lá, eu não sou violento, não dou porrada em ninguém (risos). Tem gente que desce o cacete. Nesse aspecto, eu sou o exemplo máximo da cultura brasileira: quero marcar gol, quero ganhar. Qualquer peladinha que eu entro é para ganhar - levo à sério até jogo de botão.
Ainda joga? Qual seu time?
Antes jogava com mais freqüência. Meu time é o Cruzeiro, mas no jogo de botão inventei um nome: Tilicos Futebol Clube. É um time que não pertence ao Clube dos Treze (risos).
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