A morte de George Harrison pode fazer com que outras pessoas vivam: especialistas afirmaram na sexta-feira que o câncer que matou o ex-Beatle poderia dar aos grupos antifumo um grande reforço. Eles esperam que a morte de Harrison por câncer aumente a conscientização sobre a doença e envie uma mensagem poderosa sobre os perigos do cigarro.
O membro mais jovem da banda que sintetizou o espírito dos anos 1960 não escondeu sua doença ou o fato de que fumava muito.
"George Harrison é o último de uma longa lista de astros e estrelas muito queridas que morreram de câncer", disse Leslie Walker, da entidade britânica Cancer Research Campaign.
"Isso mostra que o câncer não respeita a fama ou a fortuna", acrescentou.
Walker disse que a luta de Harrison contra o câncer começou com tumores no pulmão e na garganta e, mais recentemente, ele recebeu tratamento para um tumor no cérebro.
"Ele não fez segredo sobre seu arrependimento de ter fumado muito e sabemos a partir de nossa pesquisa que o tabaco é a única grande causa do câncer de pulmão", afirmou Walker.
Como as mortes de Yul Brynner, John Wayne e Linda McCartney, a perda de Harrison vai aumentar a preocupação com o câncer pois a sociedade identifica-se muito com as celebridades.
"Achamos que os conhecemos. Eles tornam-se parte de nossa família e, portanto, quando algo acontece com eles, isso também está acontecendo com nossa família", disse Cary Cooper, psicólogo da Universidade de Manchester. "Se eles ficam doentes, esta doença torna-se uma doença significativa".
FIM DE UMA ERA
A franqueza do prefeito de Nova York, Rudy Giuliani, sobre seu câncer de próstata aumentou a demanda pela realização do exame da doença. O ex-Super-homem Christopher Reeve tornou-se um porta-voz global de pacientes com lesão na medula espinhal e o ator Michael J. Fox é o rosto da doença de Parkinson.
A morte de Harrison é vista como particularmente significativa devido a seu caráter gentil e espiritual e porque os Beatles representaram a década de 1960 -- uma época de reflexão, amor livre, rebeldia e desafio dos valores estabelecidos.
"Este é o fim de uma era. Isto simboliza o final do que acontecia provavelmente na Grã-Bretanha e no resto do mundo desenvolvido, o final de uma década poderosa -- os anos 60", disse Cooper.
Especialistas em saúde e grupos antifumo acreditam que o arrependimento público de Harrison sobre o fumo e sua morte precoce aos 58 anos poderiam convencer as pessoas a largar o cigarro ou não começar a fumar, uma conscientização melhor do que qualquer campanha de saúde pública.
"Esta é uma mensagem completa", disse Clive Bates, da Action on Smoking and Health 9ASH0. "Para as pessoas que cresceram com os Beatles e ainda estão fumando, acredito que (a morte de Harrison) vai provocar uma pausa real."
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