A escritora Zélia Gattai tomou posse da ilustre cadeira de número 23 da Academia Brasileira de Letras (ABL) em uma grande festa que começou na noite de terça-feira e entrou pela madrugada.Zélia Gattai, 85 anos, passou a ser a quinta mulher imortal da academia e a primeira viúva a ocupar uma vaga que pertencia ao marido.
Dezenas de pessoas lotaram o salão nobre da ABL no centro do Rio de Janeiro para acompanhar o discurso de posse de Zélia que tinha 27 páginas e durou 45 minutos. "Venho para ocupar com orgulho e com muita humildade a cadeira que foi durante 40 anos de Jorge Amado."
Durante o discurso, Zélia se recordou do primeiro encontro com o marido: "Foi amor à primeira vista. Jorge sempre me dizia que quando pousou pela primeira vez os olhos em mim, seu coração disparou."
Ela também lembrou que foi Jorge Amado quem a estimulou a entrar no mundo da literatura. Seu primeiro livro, Anarquistas Graças a Deus, foi escrito quando tinha 63 anos e virou minissérie de televisão. Depois disso, mais 13 obras já foram publicadas.
Estavam presentes à festa boa parte da família de Zélia, o governador da Bahia, Otto Alencar, o prefeito de Salvador, Antônio Imbassay e o ex-senador baiano Antônio Carlos Magalhães. A governadora do Rio, Benedita da Silva, foi representada pelo marido, Antônio Pitanga.
O presidente Fernando Henrique Cardoso e a primeira-dama, Ruth Cardoso, enviaram um telegrama parabenizando Zélia pela posse.
Antônio Carlos Magalhães disse a jornalistas que "o que Jorge Amado fez pela Bahia merece sempre nossas homenagens e Zélia é uma grande escritora e motivo de felicidade para o Estado."
A festa na ABL aconteceu em um clima bem baiano, apesar de Zélia ser paulista de nascimento. Baianas de branco serviam acarajés aos convidados.
"O mais importante disso tudo é que Zélia Gattai conquistou essa vaga na ABL e não herdou do marido. Ela entrou aqui pelo seu talento e capacidade", disse a jornalistas o imortal Carlos Heitor Cony.
Zélia Gattai foi eleita com 32 votos no final do ano passado. Ela concorreu à vaga com Joel da Silveira que a acusava de entrar para a instituição apenas por herança.
Reuters
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