Três dias de inspiração divina ajudaram Suzan-Lori Parks a escrever Topdog/Underdog, a peça premiada com o Pulitzer que agora está concorrendo ao maior prêmio da Broadway, o Tony. "Levou três dias. Foi um presente de Deus", disse Parks sobre a peça, que no mês passado lhe valeu o Prêmio Pulitzer para uma obra dramática, fazendo dela a primeira dramaturga negra a ter conquistado essa distinção.
Topdog/Underdog é uma fábula cômica sombria com apenas dois personagens que trata da identidade familiar e da rivalidade entre os irmãos negros Lincoln e Booth, ligados também através de um jogo de azar ilegal jogado nas ruas, o "three-card monte".
O sucesso não está deixando a dramaturga descansar. Ela está escrevendo para a Disney um musical sobre os Harlem Globetrotters, intitulado Hoopz, adaptando o romance mais recente da autora Toni Morrison, Paradise, para ser desenvolvido como minissérie de televisão pela companhia de Oprah Winfrey, e continua a escrever o romance Getting Mother's Body, além de dirigir o programa de redação criativa do California Institute for the Arts.
Aos 39 anos de idade, Parks, que possui residências em Nova York e na Califórnia, costuma levantar às 4h para começar seu dia, que, além do trabalho já exigente de escrever, inclui sessões de ioga e violão.
Topdog/Underdog é seu primeiro trabalho a ser produzido na Broadway, mas a vencedora de dois prêmios Obie para peças Off-Broadway escreve para o teatro há 20 anos, desde que foi incentivada a ir nessa direção pelo célebre escritor negro americano James Baldwin, com quem fez um curso no Hampshire College, em sua época de faculdade.
"Sempre que eu lia minhas redações em voz alta, eu ficava em pé e as representava, na realidade. Baldwin achou isso interessante e me perguntou se eu já pensara em escrever peças", contou.
O resto é história do teatro para Parks, que também foi finalista do Prêmio Pulitzer em 1999 com In the Blood.
Reuters
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