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Rushdie, sem fúria, pede que religiões se separem dos governos

Salman Rushie, um dos destaques da Bienal
AJB

Sexta, 16 de maio de 2003, 18h35

O escritor anglo-indiano Salman Rushdie se manifestou hoje contra a intolerância, advertiu que não se deve confundir os Estados Unidos com seus governantes e pediu ao mundo que deixar as religiões em seu lugar para buscar uma sociedade mais estável.

Rushdie, famoso no mundo justamente como vítima da intolerância religiosa, chegou ao Brasil hoje, sexta-feira, para o lançamento da edição em português de seu mais recente romance, Fúria, ambientado na Nova York anterior ao 11 de setembro, que agora desperta "sentimentos de nostalgia por uma cidade que de certa forma não existe mais".

No mundo moderno existem vários níveis de intolerância, "inclusive não muito longe da Casa Branca", e não só de origem religiosa, assinalou Rushdie quando perguntado sobre o cenário de confronto entre Ocidente e Oriente, previsto por alguns analistas depois da guerra do Iraque.

Sobre o mundo muçulmano, disse, há um movimento de pensadores islâmicos que, da mesma forma que fez o iluminismo europeu em sua épocas, prega que a religião deve voltar ao setor privado e sair do Estado.

"Seria benéfico", acrescentou Rushdie, que chegou para participar da XI Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, que com 1.000 lançamentos é o evento editorial do ano em Brasil. "Se separarmos a religião do poder, vamos assentar o terreno para uma sociedade mais estável", disse o escritor de origem muçulmana.

No dia 14 de fevereiro de 1989, o então líder espiritual do Irã, o Aiatolá Khomeini, ordenou contra Rushdie uma "fatwa" (ordem religiosa de perseguir e matar) por causa de seu livro Os Versos Satânicos, considerado blasfemo para o Islã.

Depois de ter se convertido em ativista contra o radicalismo islâmico e a intolerância religiosa, Rushdie disse hoje estar mais preocupado com os críticos que com a ordem contra ele, levantada nove anos depois. "Os Versos Satânicos finalmente está encontrando seu lugar no mundo", disse, declarando-se reconfortado porque esse texto, assim como toda sua obra, está agora sendo estudado por seu valor literário.

Sobre os Estados Unidos, criticados por muita gente "por causa de sua intolerância, arrogância e fundamentalismo", disse que essa imagem está sendo propagada pelo presidente George W. Bush e a linha dura de seu governo, que não representam o real sentimento do país.

O escritor disse ter esperança de que nas próximas eleições haja uma mudança de regime e de percepção. "Eu estou vivendo em Nova York, é uma cidade tolerante, muito diferente do governo de Bush", disse o escritor, cuja novela Fúria -publicada em espanhol no ano passado- tem tons autobiográficos e transcorre em parte na "capital do mundo".

Com relação à propalada ameaça terrorista, que deflagoru tantas mudanças no mundo contemporâneo, Rushdie afirmou que como vítima individual da ameaça tem sua própria opinião e suas dúvidas acerca do discurso de países como os Estados Unidos.

"Não se preocupem muito com essa ameaça mundial", disse, em tom de piada. Mas reiterou sua opinião de que o terrorismo "tem que ser combatido com medidas extremas e fortes". No terreno literário, observou que neste mundo de mudanças aceleradas e instantâneas, onde é preciso muitas coisas ocorrem simultaneamente, o tempo da obra é um sujeito e um elemento a levar em conta por todos os escritores.

Essa metamorfose contínua do mundo se converteu em algo normal, enquanto a estabilidade é o anormal, e isso explica em parte o ressurgimento do fanatismo religioso, afirmou. "A tecnologia muda a cada segundo e as pessoas querem aferrar-se a coisas mais estáveis nas quais possam confiar. É essa carência do ser humano que está sendo ocupada pelas religiões", disse Rushdie, declarando-se "contra os gurus", que definiu como líderes de novos cultos que atraem "pessoas idiotas e semianalfabetas" que acreditam até em alienígenas.

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Efe

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