Scott Turow recusa sugerir uma solução para o Brasil
Sexta, 16 de maio de 2003, 20h41
Sete horas depois de chegar ao Rio de Janeiro para participar da XI Bienal Internacional do Livro, o advogado e escritor norte-americano Scott Turow já tinha virado fã da cidade. Mas, embora afirme conhecer os problemas da capital carioca e os "dilemas sociais", negou-se a dar uma solução. "Se soubesse isso, solucionaria também problemas americanos, porque são parecidos. Tudo se resume a que se tenha igualdade de oportunidade e dignidade para todos. Com o novo presidente Lula, acho que o Brasil deu um passo nessa direção", disse o autor de 54 anos em entrevista à imprensa na sexta-feira. Assim que chegou ao Rio, Turow foi a um shopping comprar lembranças para a família e fez questão de só consumir produtos "made in Brazil". Para a mulher comprou uma blusa, para as duas filhas adolescentes comprou saídas-de-praia e para a mãe, uma jóia com pedras brasileiras. Para ele mesmo, vinho e charutos nacionais que levou para abastecer seu quarto no hotel Intercontinental, em São Conrado. "Nunca vi um lugar tão bonito e tão espetacular como o Rio, com montanhas, lagoas e mar em plena cidade", afirmou o escritor, que chegou ao Brasil pela manhã de Chicago, nos Estados Unidos, onde mora. Na Bienal, Turow está lançando Erros Irreversíveis (Ed. Record), que já vendeu cerca de 3 milhões de exemplares nos EUA desde o ano passado, quando foi publicado. Em Erros, a história gira em torno de um homem injustamente condenado à pena de morte. Turow, que ainda advoga apesar do sucesso editorial - já vendeu 25 milhões de exemplares desde que começou a escrever em 1987 -, bate na tecla de que a pena de morte instituída nos EUA não funciona, mas diz que não escreve suas obras para convencer as pessoas disso. "Sempre sonhei ser um escritor famoso, mas o sucesso do meu primeiro livro me espantou", contou Turow, cujo trabalho de estréia foi Acima de Qualquer Suspeita. No momento ele prepara Além da Guerra, título provisório de uma história sobre um juiz militar da Segunda Guerra Mundial. Na sua opinião, livros e filmes sobre julgamento fazem sucesso por sua dramaticidade. Não por acaso, todos os seus sete livros ou já foram ou estão sendo adaptados para TV e cinema. Turow afirmou, porém, que não pensa em escrever um roteiro. "Não adaptaria um livro meu porque seria como fazer uma cirurgia em mim mesmo. E fazer um roteiro original não me interessa porque, quanto mais fico sabendo a respeito da vida dos roteiristas de Hollywood, menos vontade sinto de escrever para cinema", afirmou o autor. "Minha literatura sempre estará ligada à experiência do tribunal, porque é isso que tem a ver comigo", concluiu Turow, que retorna para Chicago na próxima segunda-feira.
Reuters
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