"EUA sofrem bloqueio intelectual e político", diz Paul Auster
Terça, 17 de junho de 2003, 07h32
O escritor americano Paul Auster disse hoje, segunda-feira, em Madri que cada vez menos livros são traduzidos e menos filmes estrangeiros são vistos nos Estados Unidos, numa situação que definiu como de "bloqueio intelectual e político muito triste". Auster, cuja última obra, O livro das ilusões, foi um sucesso de público e crítica na Espanha, atraiu um grande número de pessoas ao Círculo de Belas Artes de Madri. O escritor disse que sua obra tem muito a ver com os Estados Unidos, mas também com o resto do mundo. "Sem a literatura estrangeira, onde estaria a literatura na verdade? García Márquez não poderia ser entendido sem Faulkner, nem Joyce sem Flaubert. Eu entendo a literatura como um empreendimento universal. Cada escritor vive num lugar, mas as formas utilizadas para abordar os assuntos estão abertas". Paul Auster também falou sobre a tradução, uma das atividades que mais realizou. Trata-se da "maneira mais absorvente, mais detalhada e mais completa de experimentar a literatura. É um ato de descobrimento que todo jovem que quer ser poeta deveria fazer", afirmou. O escritor, muito crítico em relação ao Governo dos Estados Unidos, censurou a atual situação americana, mas se mostrou otimista a longo prazo. "Não acredito que o povo americano continue dormindo sempre, como está agora. Uma sociedade saudável não pode tolerar este Governo, mas nos últimos vinte anos houve uma virada muito grande para a direita", declarou. Ele afirmou ainda que só 25 por cento dos americanos votaram em Bush, que "tinha perdido as eleições, mas a jogada que houve na Flórida e a atuação da Suprema Corte" o levaram ao poder. "Se nos próximos cinco anos ele não fizer o mundo explodir, com certeza haverá uma moderação do meu país rumo ao centro", disse. Paul Auster está visitando a Espanha para participar de um ciclo de conferências.
EFE
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