Artistas pedem cota de negros em produções culturais
Terça, 17 de junho de 2003, 13h57
Uma cota de pelo menos 30 por cento de profissionais negros no mercado audiovisual é o que uma comissão de artistas afro-brasileiros está reivindicando junto ao governo. Em uma reunião na segunda-feira, no Rio de Janeiro, a comissão liderada pelo ator Milton Gonçalves decidiu que irá para Brasília discutir o assunto com o ministro da Cultura, Gilberto Gil. O grupo se apoia num projeto de lei criado pelo senador Paulo Paim (PT-RS). Entre as principais reivindicações estão a inclusão de afro-descendentes nas direções das TVs públicas e nas áreas técnicas e artísticas de todas as produções culturais. A comissão quer ainda que os negros participem dos conselhos deliberativos de patrocínios de empresas estatais e do Ministério da Cultura, alegando que esses apoios só devem ser concedidos a projetos que tenham uma visão multirracial. "Temos, principalmente, que conscientizar a sociedade e garantir o espaço ao qual temos direito e que corresponda ao percentual da presença do negro e dos pardos na população brasileira", disse Gonçalves à Reuters após a reunião, durante a qual foi produzido um manifesto que será enviado aos parlamentares. Gonçalves também planeja estender o protesto para o Festival de Cinema de Gramado, que acontece no Sul do país em agosto. "Vou ser homenageado com o Troféu Oscarito e essa questão vai ser o tema do meu discurso", contou o ator. Fazem parte do movimento: Antônio Pitanga, Neuza Borges, Chica Xavier, Clementino Kelé, Antônio Pompeu, Stephan Nercvessian, Paulinho da Viola, Sandra de Sá, Lecy Brandão e Eliana Pittman, entre outros.
Reuters
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