Jô Soares volta aos palcos rindo do dia-a-dia
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Jô Soares estréia sexta-feira Foto: Rogério Lorenzoni |
Terça, 17 de junho de 2003, 16h51
Jô Soares está voltando para casa. Para ele, "o palco é a residência fixa do ator e do comediante." Com essa sensação alegre de voltar para o lar, o "homem-show" estréia nesta sexta-feira, dia 20, no Tom Brasil-Nações Unidas, em São Paulo, Na Mira do Gordo. O espetáculo, que encerra um afastamento de mais de 5 anos, traz quadros que fazem piada do dia-a-dia, buscando inspiração "no lado ridículo do ser humano", como define o próprio Jô. "Não sei por que todo mundo entra no elevador e olha pra cima. Outra coisa ridícula do ser humano é falar sozinho no carro. Ou será que só eu que faço isso?", pergunta, bem-humorado. "Na verdade, eu rio de mim mesmo nesse show." Esse cotidiano retratado no palco pode ser tanto uma cena no supermercado, na qual "todo mundo ri, porque se identifica", explica Jô, até inserções humorísticas no mundo da política. "A política está contida no espetáculo, mas isso se amplia à medida que o show vai correndo", conta. "No sentido artístico, eu sou um anarquista. Tenho que estar livre para falar sobre tudo." Em desenvolvimento há cerca de dois anos, quando as primeiras idéias foram guardadas no computador, Na Mira do Gordo ocupou os últimos quatro meses de Jô Soares. Neste tempo, ele dividiu-se entre escrever o espetáculo e ensaiá-lo. Capitão e soldado desse exército de um homem só que é o show (ele assina a produção e a direção, além de ser o autor e o ator), Jô revelou que o que mais deu trabalho na fase de produção foi ele mesmo. "Pelo excesso de compromissos que eu tenho. Gravo dezoito entrevistas por semana, gravo as aberturas... custei a organizar o meu tempo para decorar o texto. Porque eu tenho mais dificuldade de decorar um texto meu que dos outros. Os meus eu acho que já sei", afirmou. O prazer de atuar sozinho, característica dos shows teatrais de Jô, é tão grande quanto ele. "Isso me permite criar coisas ligadas à atualidade. Eu tenho mais domínio do que estou fazendo", explicou. "E no espetáculo solo, você não está sozinho. Você tem a platéia." Para testar esse segundo elemento que é a platéia, Jô Soares escolheu a de Campinas (SP) como termômetro. Duas pré-estréias aconteceram na cidade, no último final de semana. Segundo o autor/ator, o público recebeu o novo show muito bem. "O teatro tava abarrotado", disse. "O público é o maior feedback. É ele que nos orienta. Por isso que até meu programa de TV tem platéia." Além do público, Jô conta com a ajuda dos assistentes de direção Alexandre Régis e Cássio Brasil. Foram eles que, em discussão com o comediante, ajudaram a reduzir o tempo de duração da peça. Outra estratégia usada por Jô faz de Na Mira do Gordo um espetáculo nem tão solo assim. "Antes da estréia, distribuo o roteiro entre os amigos e peço para eles darem uma nota", contou. "No começo, todos dizem que tudo está ótimo, mas depois eles começam a falar." Essa "triagem" dos amigos acaba tirando alguns quadros do espetáculo. E Jô Soares tira sem pena, alegando que "ninguém sente falta do que não viu."
Fernanda Castello Branco/Redação Terra
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