Günter Grass defende atitude de Brecht
Terça, 17 de junho de 2003, 20h06
O Prêmio Nobel de Literatura Günter Grass defendeu nesta terça-feira a atitude do poeta e dramaturgo Bertold Brecht diante da revolta operária contra o regime da República Democrática da Alemanha, no dia 17 de junho de 1953, e assegurou que a partir desse momento Brecht rompeu internamente com o governo comunista. Grass, numa discussão depois de uma leitura de sua obra "Os plebeus ensaiam a rebelião", que trata dos fatos do dia 17 de junho, disse que julgavam Brecht apenas pelas declarações públicas, que tinham sido alteradas pelos órgãos oficiais da época. "Se queremos ser justos com Brecht, é preciso reconhecer que depois desta data o único que fez como escritor foi escrever as Elegias de Buckow, que refletem seu desgarramento interno e sua ruptura com o estado", disse Grass respondendo ao historiador Hubertus Knabe, que chamou de "lamentável" a atitude de Brecht diante da rebelião operária de 1953. Grass leu Os plebeus ensaiam a rebelião no "Berliner Ensemble" em um ato que teve um simbolismo especial já que esse teatro costuma identificar-se à figura de Brecht, quem é aludido constantemente na obra. Os plebeus ensaiam a rebelião, estreada em 1966, viaja em torno da atitude vacilante de Brecht diante do 17 de junho, o que fez com que durante muito tempo fosse considerada uma obra contra o famoso dramaturgo. A viúva do escritor inclusive pediu a editora Suhrkamp que não autorizasse diretores que tivessem encenado a obra de Günter Grass a montar obras de Brecht.
EFE
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