Augusto Roa Bastos adia viagem ao Brasil por razões de saúde
Segunda, 23 de junho de 2003, 19h06
O escritor paraguaio Augusto Roa Bastos adiou nesta segunda-feira, por razões de saúde, uma viagem que deveria realizar a cidade brasileira de São Paulo, onde apresentaria a versão em português de uma de suas obras. Roa Bastos, que no último dia 13 de junho completou 86 anos, amanheceu indisposto e por precauções médicas adiou a viagem, informou à EFE Alejandro Maciel, médico e amigo pessoal do maior expoente da literatura paraguaia. O ganhador do prêmio Cervantes 1989 e autor de Eu, o Supremo, Filho do Homem e Trovão entre as folhas, entre outras obras, foi convidado para apresentar a versão em português de Vigília do Almirante, que fará parte do programa de literatura do ensino secundário brasileiro. Vigília do Almirante (1992) tenta "romper a imagem sagrada de Colombo, estabelecida pelos antigos eruditos com alguns traços de firmeza tão fortes que chegaram a mostrá-lo como um ser frio e desalmado, carente das virtudes e defeitos próprios de um indivíduo real", segundo tinha expressado o próprio autor. O escritor, que ultimamente têm ficado em sua casa de Assunção e que aparece em raras ocasiões, como no dia de seu aniversário, quando participou da reedição de uma de suas obras, Filho de Homem, tem também pendente uma viagem para Buenos Aires. Na capital argentina, onde o romancista viveu a maior parte de seus quase 50 anos de exílio, principalmente durante o regime de Alfredo Stroessner (1954-1989), será premiado com a Ordem de Maio do Governo. A notícia lhe foi dada na semana passada pessoalmente pelo chanceler argentino, Rafael Bielsa, em coincidência com a Cúpula de Chefes de Estado do Mercado Comum do Sul (Mercosul), realizada nesta capital no dia 18 de junho. Bielsa se reuniu com Roa Bastos e anunciou que a entrega da medalha será em uma data que o chanceler argentino deverá comunicar ao escritor, segundo Maciel, que além de ser médico do romancista compartilhou com ele uma de suas últimas obras. Roa Bastos esteve exilado na Argentina quase trinta anos exercendo diversas profissões, entre elas as de professor de Literatura e Roteiro na estatal Universidade de La Plata, embora também tenha chegado a trabalhar como como garçom de um hotel, mensageiro e limpador de cristais.
Reuters
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