A literatura infantil na mira de músicos como Paul McCartney, Emicida e outros
Chico César e China também se aventuram em escrever livros para crianças, e Rita Lee relança 'Dr. Alex'
Os roqueiros também viram avós. E, assim como Rita Lee, que está relançando os primeiros títulos da série Dr. Alex, sobre um ratinho pacifista, Paul McCartney ganhou netos. Atualmente, ele tem 8, com idades entre 7 e 20 anos. Isso influenciou o ex-Beatle, aos 77 anos, a escrever seu livro infantil, Hey Grandude!, lançado em setembro e ainda sem previsão de chegar ao Brasil. É seu primeiro livro ilustrado. "Um dos meus netos - que costumava me chamar de 'vovô' -, um dia me chamou de 'grandude' e isso meio que ficou", explicou Paul, à BBC, na época do lançamento do livro. "Então, as outras crianças começaram a me chamar de 'grandude'."
Ele conta que gostou tanto da ideia que começou a pensar em histórias envolvendo um personagem chamado Grandude, que imaginou como um hippie aposentado que embarca em várias aventuras com os netos. Com ilustrações de Kathryn Durst, Hey Grandude! acompanha as peripécias do excêntrico Grandude e seus quatro netos. "Ele tem essa bússola mágica, então, quando ele a esfrega, você pode ir a qualquer lugar", diz Paul. A obra ganhou também versão audiolivro, narrada por Paul e com trilha sonora instrumental.
Pais e filhos. Entre os brasileiros, além de Rita Lee, outros músicos já se dedicaram à literatura infantil. Se voltarmos no tempo, Chapeuzinho Amarelo, livro infantil de Chico Buarque e Ziraldo, foi lançado na década de 1970 - e que Chico dedicou às suas filhas Luísa, Silvia e Helena e a outras crianças. A obra foi reeditada em 2017.
No ano passado, o rapper Emicida lançou o livro Amoras, inspirado em seu rap homônimo. Conta a história do passeio de um pai com sua filha por um pomar e a descoberta que as amoras "quanto mais escuras, mais doces" mostram a importância de se dar atenção a pequenas coisas do mundo. "A paternidade me transformou numa pessoa completamente diferente do que eu era", disse Emicida, em entrevista ao Estado, quando publicou a obra, com ilustrações de Aldo Fabrini. "Foi através da mão e do olhar das minhas filhas que vi a importância de ser um ser humano melhor e me esforçar a cada dia para ser esse ser humano."
Também pai, o músico China já tinha dois projetos musicais voltados para crianças quando lançou o livro Carlos Viaja, no ano passado. "A criançada sempre fez parte da minha vida, seja com os meus filhos ou com os filhos dos amigos. Eu adoro estar perto de crianças, aprendo muito com elas. Esse pensamento livre, sem amarras, que faz a gente viajar nas coisas mais simples só a criança tem", afirmou o músico, ao Estado, no ano passado. Em Carlos Viaja, sua estreia na literatura infantil com ilustrações de Tulipa Ruiz - e que foi selecionado pela Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo no projeto Minha Biblioteca -, China narra as aventuras do cachorro Carlos durante uma viagem de carro de São Paulo para Pernambuco. A inspiração veio do cachorro de China, o Carlos.
Autor do livro infantil O Agente Laranja e A Maçã do Amor, lançado em 2016, o cantor e compositor Chico César escreveu a obra a convite do editor Raimundo Gadelha, para integrar a coleção Autores Improváveis. A história tem como cenário uma feira popular. Para ele, qual é o desafio de escrever para o público infantil? "Você não pode subestimar nunca a inteligência desse público ou tentar manipulá-lo com truques intelectuais", acredita Chico César. "Você tem de ter uma boa história e saber contá-la."